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29.6.22

Desde dezembro o correio nunca me fez tão feliz, recebi presente de amigo secreto, recebi livros de aniversários, recebi cartinha e desenhos, recebi um livro viajante e agora um livro autografado do Thiago Mattos <3

23.2.21

com saudade de mim


Alberto Montt


Estou com saudade de mim. Ando pouco recolhida, atendendo demais ao telefone, escrevo depressa, vivo depressa. Onde está eu?

Preciso fazer um retiro espiritual e encontrar-me enfim - enfim, mas que medo - de mim mesma. 

Clarice Lispector

Inspirada nesse trecho de Clarice, escrevi isso essa semana no meu diário: 

Essa dor é do deslocamento. Quando uma parte do corpo sai do lugar onde deveria estar. Quando não escrevo não sei o que criar e fico sem esperança no mundo.

Sem criar, existo sem motivo e me desloco de mim. Porque no fundo eu tenho vontade e a superfície é a desvontade que às vezes parece tão forte. Então eu preciso parar. Estou com pressa porque estou com medo. Parar exige mergulho. É mais fácil deixar o medo tomar conta do que escavar a esperança. Esperança me parecia coisa boba, mas hoje eu quero ser muito boba. Às vezes esqueço como afundar em mim e encontrar minha preciosidade. Nunca criei por talento, mas por uma imensa vontade. 

7.9.18

[diário] Alguns dias não saem como planejado, ou quais são suas prioridades hoje?



Então, terça eu consegui organizar várias coisas para continuar a semana com foco e objetividade, Deu certo? Depende.

Na quarta eu tinha me programado pra estudar uma quantidade de horas e tais assuntos, mas também tinha que ir ao médico buscar uns exames, dai ao chegar lá não era dia da médica e eu havia entendido errado os dias dela, Dai aquela bad: todo meu planejamento foi mudado. Isso acontece, isso vai acontecer e essas fórmulas que a gente vê de fazer todo dia a mesma coisa e que nada vai sair diferente do seu planner nunca duram uma semana comigo! Eu juro que to tentando seguir uma rotina, mas sei lá, talvez não esteja tentando o suficiente... pra compensar o dia em que não fiz exercício eu andei de bicicleta uma distância considerável. No mesmo dia eu tinha dentista as 13h e na minha cabeça eu ficaria a manhã no médico lendo, iria pro dentista e depois passaria a tarde estudando, mas confesso que me desviei um pouco... e acho que o planejamento está em também sabermos lidar com dias atípicos, eu não previa que seria um dia em que não meio que "não devia" ter feito aquele planejamento, mas vamos aprendendo. Eu tinha um compromisso familiar a noite que não havia anotado :~ e dai tive que comprar sapato pra ir e tudo o que bagunçou ainda mais (inclusive a meta que eu tinha de não comprar coisas que não precisasse). Enfim!! Eu até tentei estudar mas eu simplesmente caia de sono na mesa! :( Eu to compartilhando tudo isso porque uma coisa que tento manter é: eu não preciso ser como tal pessoa. Eu posso me inspirar nessa pessoa e encontrar meu ritmo, meu planejamento, se eu vou alcançar algo mais devagar ou mais rápido isso não deve ser nem pensado! Sério, é só tortura ficar se comparando a alguém desse jeito e não é justo com o que você se esforça. Se esforçar o máximo vai ser se esforçar o máximo que aquele dia permitiu também. Quando cheguei em casa eu li uns 15 minutos e pronto, vi que aquele dia não daria, mas tentei.

Na quinta também as coisas saíram um pouco do planejamento por conta da quarta, tive que dormir na casa do meu namorado o que bagunça um pouco. Talvez eu tenha que aprender a manter minha rotina matinal em qualquer lugar. Mas, um passo de cada vez.. Não fiz exercícios, cheguei em casa e só deu mesmo pra cuidar de ir pra aula, novamente não estudei as 3h que queria nem tudo que queria. Dai eu pensei

será que eu estou me baseando por métodos que realmente funcionam pro meu dia? Como como me inspirar em alguém que tem uma rotina totalmente diferente da minha e querer alcançar o mesmo ritmo dela?


Falo isso pois vi uns vídeos de dicas pra passar em concurso que o cara não trabalhava, não estudava mais em faculdade e tinha literalmente o dia todo só pra estudar pra isso: o que não é minha realité, assim como esse quarto dessa foto aqui.

Qual a diferença entre se inspirar e se frustrar com sua própria vida?


Esse quarto não é nem de perto minha realidade e me pergunto se faz bem eu ficar desejando tanto um quarto assim só porque tá no pinterest.
Fui falar isso com minha professora e ela me disse que ela nunca teve um quarto só dela, mesmo quando teve uma casa só dela, pois estava casada. E ela chegou onde chegou não é mesmo? Não é discurso de meritocracia, pelo contrário, pois o que é mérito quando tudo parece estar mais atrelado as condições em que se vive? Enfim, too many questions.

Quinta foi uma dia extremamente exaustivo, tive aula sentada no chão a tarde inteira e depois fiquei 2h no "ócio", até outra aula que eu tinha as 20:30 D: foi quando li um pouco mais, li até bastante nesse dia pra quem não teve tempo. Estava motivada a ler o máximo que desse em qualquer circunstância e foi ótimo pois o que eu tava lendo era tão bom que eu não tinha sono. Dai percebi que talvez o sono do dia anterior se dá pelo meu método de estudo

Eu percebi que vídeo aula é uma coisa que me irrita, me dá sono e me entedia, porém era "necessário", mas talvez eu não esteja de fato aprendendo nada assim. Eu gosto de aprender lendo então foi quando recorri a minha queria biblioteca que é essa

Só que não, esse texto tá repleto de fotos fake


E dai chego ao dia de hoje em que peguei livrinhos legais e tó pronta pra recomeçar tudo de novo: exercícios físicos, 3 horas de estudo, faxina, filminho.

Bom feriado (e fim de semana) pra todos!

p.s. num dia mais inspirado eu coloco fotos da minha mesa, mas hoje não é minha prioridade ;)

26.8.18

[diário/pessoal] Coisas legais acontecem


O que de bom aconteceu em Julho

1. Estreei uma peça e minha mãe foi assistir




2. Fiz uma oficina de bordado em fotografia (e eu fui a ~~modelo~~~ das fotos)



3. Fui à praia



4. Terminei de ler 1 livro e uma HQ

5. Fiz umas fotos baseadas no livro O Amante

6. Voltei a escrever no blog

15.8.18

[Diário] Colocando livros no carrinho enquanto escuto Angel Olsen

Quarta-feira de um feriado que embaralha a semana toda, o dia foi partindo e veio um sentimento meio blue. O que a gente faz: finge que vai comprar livros. Mas eis que me deparo com um livro que queria há muito tempo pela metade do preço! O Inconfissões, livro de fotografia da Ana Cristina Cesar. Coloquei Angel Olsen para afagar meu coraçãozinho que tava meio apertado. 



Ah, o livro da Ana é esse. Eu acho incrível a capacidade da Ana me acalmar seja em que circunstância for... passou...





atualização as 22:52 : não consegui comprar o livro. Back to sadness





13.7.18

[Diário/Pessoal] Sobre o blog e o tempo (e sobre o Serendipity, blog da Melina Souza)

Hoje, sexta-feira 13 de Julho, e segundo diz o calendário ocidental, estamos ao fim da segunda semana de "Férias" e fiquei com vontade de escrever alguns pensamentos que tive nesses dias. 


02/10/2016

Primeiro falar da minha volta ao blog, eu sempre soube que esse blog era meu espacinho "secreto", mesmo estando aberto pra qualquer um vr, eu sei que quase ninguém lê, a não ser quando eu divulgo em outras redes (e pouco); tenho o blog desde 2011 (e tinha outro desde 2008), e pensando aqui se eu tivesse sido uma blog-ueira mesmo empenhada em conseguir visulizações e seguidores, talvez esse espaço estaria sendo bem visitado hoje. E engraçado é que sempre falei dos livros que lia aqui, sem nem saber que existia booktuber, e antes da onda de instabookers também.

Mas de forma alguma digo isso me enaltecendo ou me achando vanguardista nem me arrependendo de não ter tido essa "visão empreendedora" com o blog, pois não tinha mesmo esse interesse, meu prazer era apenas registrar o que me inspirava em livros, filmes, músicas e outras referências. 

Apenas esss dias fiquei observando algumas pessoas conhecidas na blogosfera como a Melina do Serendipity, que também começou a ter blog na mesma época que eu (mas eu só vim a conhecer ano passado). Quando coloco uma aparente comparação, não é pra rebaixar ninguém e nem m rebaixar. É quase impossível no mundo da internet isso não acontecer  pode ser pra algo positivo ou negativo. Neste caso, quando cito a Melina não estou falando de algo negativo, apenas foi um gatilho pra eu pensar minha relação com o blog ou com me divulgar na internet. 

A olhar postagens antigas da Melina no blog dela me deu muita saudade de voltar a publicar mais no blog e como uma forma de diário, algo que também fazia muito. Nunca tive diário em papel, pois me acostumava a vir no blog e jogar meus pensamentos, muitas vezes escrevia só algum poema e me sentia bem. Mas não tive a vontade de ter muitas visualizações ou me senti frustrada por saber que não há essa popularidade. Claro que a interação é ótima, e lembro que de vez em quando (a cada ano haha) aparecia alguém dizendo que gostava dos meus textos e isso já era alegria suficiente pra mim. Ganhar a vida com isso eu sei que não vai acontecer. 

Assim, me sinto hoje voltando mais pra minhas origens, curiosamente uma pessoa muito popular me fez não me importar em ser ou não popular. Porque mesmo qu eu não me identifique exatamente com o conteúdo da Melina, é possível perceber que ela faz isso com muito carinho e fui rever minhas postagens antigas e vi como eu tinha muito carinho em cada postagem; amor de falar sobre um livro que lia, um autor, um filme, uma imagem. E acho que é essa a essência de estar nas redes sociais mostrando algum trabalho, ou algum hobby. Não separo o mundo dos livros e a escrita do meu "trabalho", mesmo não ganhando nada com issoo aqui (no meu trabalho eu também quase não ganho dinheiro, ser artista é osso haha), tudo que leio é material de construção artística, é tijolo que me forma, todo momento que decido escrever, nem que seja um texto no blog é aprendizado, é exercício. 

Eu estou tendo muitos pensamentos diferentes esse ano, esse mês, não sei se os astros explicam, mas tm sido um ano bem importante de movimento dos ventos! Não posso terminar esse texto dizendo qu tá tudo bem, good vibes total, pois essa não é minha praia, mas tem sido bom, romper algumas coisas, voltar para si, se redescobrir. A gente sempre fala de evoluir e mudar e eu amo isso, mas às vezes a gente descobre que deixou uma parte boa nossa pra trás, é bom olhar pro passado também buscando uma parte nossa que talvez fosse mais sábia antes do que somos hoje. 


07/07/2018




9.4.18

Study/Reading blog

Atualmente estou em dois processos de montagem diferentes. Esses dias não estou conseguindo ler muito literatura, pois necessito ler textos e escrever material de produção dos espetáculos. Fazer teatro aqui é meio assim, os atores geralmente produzem também. 
Um dos espetáculos é parte fundamental da minha formação universitária, para que eu possa me graduar preciso montar um espetáculo, o período para essa montagem é dentro do cronograma da universidade e temos uma disciplina para isso, chamada TCC I. Esse trabalho é inspirado em dois textos "Nada para Pejuahó", de Júlio Cortázar e "Insulto ao público", de Peter Handke. 
Domingo, 08/04, à noite, eu estava corrigindo e reescrevendo parte do projeto, que é o material que mandamos para os teatros em busca de pauta. Pauta é o espaço e dia que os teatros fornecem para apresentações. No projeto, detalha-se  o processo de criação da peça, a concepção cênica, sinopse, currículo dos artistas e ficha técnica. Tudo isso tem sido feito coletivamente com todos os atores e com a direção, no caso a professora que está orientando o trabalho. .

Ja ná segunda, 00h comecei os estudos para o outro espetáculo, baseado no romance "A Mãe", de Gorki. Li "Carta ao Teatro de Trabalhadores Theatre Union de Nova York sobre a peça A Mãe", de Brecht. E metade de "A representação emancipada", de Bernard Dort. Textos sugeridos pelo diretor/encenador do grupo para solidificar nossa compreensão acerca do material que estamos trabalhando 

A tarde não tive aula, mas fui a faculdade, pois vendo pudim lá <3, tá fazendo sucesso, comecei há uma semana e meia, fiquei de tarde lendo um pouco, avancei um tanto em Guerra e Paz mas ainda estou duas semanas atrasada :( depois tive uma reunião sobre um trabalho de outra disciplina.

Hoje, noite, li "Brecht a grandeza interna do Stanilismo", de Slavoj Žižek. Texto bem difícil. Marquei algumas coisas, mas não farei resumo.

Agora são 1:30. Não vi um filme que queria/devia ver. Não li o capítulo de um livro que devia ler.  
Toda vez sinto que falta tanto, preciso ainda me organizar melhor quanto a distrações, esse ano somente comecei a ter mais consciência disso. 

Amanhã, terça 10/04 o dia começa cedo, preciso ir ao centro ver coisas de produção do espetáculo. Ensaio da montagem (é o TCC I) a tarde inteira.  

É isso que eu quero, estudar, trabalhar com arte, está tudo muito difícil, mas enquanto eu ainda puder acreditar nesse caminho é nele que quero seguir. Mas com tudo isso, esse governo, esses tempos, as vezes sinto meus sonhos se afastando 


Segue em anexo algumas fotos motivacionais

Att. 

Nádia Camuça




2.6.17

diário

quinta, 1 de junho

vamos nos encontrar na sorveteria é mais fácil fico tremendo das pernas as mãos que que ficam geladas uma tonta pareço traçar uma coreografia com a esquina da sorveteria virando a cabeça a cada dois segundos pra ver se você surge. porque essa necessidade de frio na barriga não sei explicar e talvez eu não precise se a gente só pudesse sentir as coisas de outro jeito se a gente só pudesse poder você repetiu a mesma frase algumas vezes porque não sabia como dizer o que sentia como sentia porque sentia vitor apareceu não sei se me viu acho que sim a gente sempre enxerga quem não queremos ver mesmo no meio da multidão pobleminha burguês esse meu talvez não serei capaz de fazer teatro social brechtiano isso vai afetar alguém não consigo me focar num assunto só isso talvez explique meu interesse por mais de uma pessoa também me sinto tendo que justificar quem sou o tempo todo pra mim e pro mundo (eu sei que ele tenta) fui pegar o ônibus, me acompanhou estava bem mais tarde que o normal, não demos o beijo tão esperado desse capítulo, de novo, mas posso lembrar os momentos em que meu corpo se inclinou para o teu na tentativa pensei várias vezes que eu queria ter passado a noite com você na casa de algum amigo bebendo vinho e conversando, talvez 


domingo 4 de junho
Agonia desenfreada a tardinha. Olhei pro mar e não vi a calma, não pude mergulhar. Eram as pedras, eram as pedras escuras, firmes, observando tudoo imóveis. Me aquietei e fiquei com minha tristeza entra as pernas. Não havia magia na natureza, Não encontrei paz nos lugares comuns. Nem por do sol, nem paresia, nem areia. Mas nos teus olhos sim. Azulinho. Eu sou como as rochas que parecem descrente ao amor mas se deixam atravessar pelo mar.
Talvez a poesia so sirva mesmo pra alguém não se matar num domingo a noite ao ler hilda hilst ouvir caetano e viver unpocomas


25 de junho
não sei te amar é com você que quero percorrer todos os caminhos, fazer planos sussurrados por debaixo dos lençóis e em meu corpo caem cacos de ternura, esse carinho todo meu bem, dói.




2.1.17

imagens que não pude fotografar

as pedras fincadas na areia espalhadas pela costa formando grutas em miniaturas de trinta centímetros
eu estava encolhendo encolhendo encolhendo e me via sendo banhada pelo mar que cobria as pedras fazendo uma pequena cachoeira e depois arrastava tudo de volta e vinha novamente enchendo tudo de novo formando outra cachoeira, diferente da anterior eu estava tão encolhida naquele primeiro de janeiro de 2017 eu me sentia tão menor do que já sou eu queria ter te dito como eu estava triste e não havia nada que você pudesse fazer, mas você tentava, e eu me afagava nas costas desenhadas pela areia, afogava naquela água toda que tentava cobrir as grutas dentro de mim.


17.8.16

Quarta-feira 17

As horas passam e eu sinto que não fiz nada, não posso pegar o tempo, não posso domá-lo, ele me domina. Já começo logo em seguida então a pensar que não sou capaz de aproveitar o ócio, como os antigos poetas, fico em frente a uma tela de computador, abrindo abas, fechando outras, numa velocidade que faz com que toda a informação que tive se esvaia. Penso depois que estou sendo consumida pela lógica capitalista de tempo, de ter que produzir, de ter que ser útil, não me dou ao prazer de ser, apenas ser, respirar e existir, isso parece vazio. Mas não é isso, eu preciso criar, eu preciso dizer, eu fiz isso; e não será então isso só o desejo do material? Às vezes é insuportável estar em minha mente.

Foto: Jamille Queiroz

26.2.16

Diário 26

fica um vazio estranho, uma falta, ah é você, você faz falta.
mas que você falta? o que de você faz falta? os seus carinhos que só apareciam no meio da noite?
suas ligações esporádicas? sua preocupação de papel? e será que faz falta você querer minha presença somente
quando lhe convém? será que faz falta a sensação de não saber se posso contar contigo?
será que faz falta essa sensação de caminhar por uma corda bamba no abismo?
ah, o perigo, o perigo parece delicioso não é? ser surpreendido parece delicioso
parece, mas não quando a constância é somente a inconstância
não quando o frio na espinha nunca se transforma em borboletas dançando quentes na sua barriga
por saber que aquela pessoa está na sua vida
não sinto falta de não estar na sua vida, pois eu não estive, eu deixei a minha porta totalmente
escancarada pra que você entrasse na minha, mas não podia te puxar pra dentro.
eu só tentei fazer com que você quisesse entrar
não foi suficiente.
eu não fui suficiente?
tento pensar que não é isso, do contrário o que me restaria? 
dias tomando vinho e vomitando minha auto-estima decaída ouvindo a case of you
então não, não sou eu que não soube fazer você entrar
você não quis por alguma questão sua que eu não vou saber e não importa.
eu não posso cair nesse abismo
você me desequilibrou da corda mas eu não cai, eu segurei nela, na corda da minha vida e estou
aos poucos voltando pra montanha, eu vou voltar para o pico e olhar o abismo de cima.
e talvez esse abismo seja você, é tão bonito ver de fora.
e essa falta? e esse vazio? é porque isso que não saímos de prisões sentimentais
porque algo dentro cresce completamente sozinho e quer ser alimentado
e alguém vai alimentando ao poucos, deixando algumas folhas amarelando
não é capaz de cuidar da planta de verdade
nem é capaz de deixa-la de vez
existe um pássaro 
você colocou na janela e disse "estou te deixando livre para se você quiser voar" 
mas de vez em quando deixava uns grãos de comida 
para que ele voltasse 
porque ele não conseguia perceber que poderia ter mais em outro ninho, 
em seu próprio ninho 
não percebia que poderia se alimentar sozinho. 
ele ainda tinha tanta fome mas ele pensa que e melhor isso do que nada
NÃO, é melhor o nada do que esse gosto amargo de um fim que já começou desde o princípio.
ChihHsien Chen on Flickr.


5.1.16

Happy New Year

eu estou tão cansada de ficar triste e mal por essas coisas, tão cansada, eu só quero me sentir bem, de verdade, eu só quero que pare de aparecer essas pessoas que me querem por dois dias e depois abusam. eu passei 2015 todo me sentindo um copo descartável. eu estou tão cheia de feridas.

Justyna Kopania ~ “Vanishing”, 2015

13.12.15

mensagem do que queria ter dito quando tudo aconteceu

É, acho que a gente meio que já disse tudo ontem, mas uma pergunta que eu me fazia e que ainda fiquei me fazendo era: por que não? Não é pra responder, não sei se tem resposta e nem sei se quero saber, talvez não seja o que eu queira ouvir. Eu parei de imaginar como as coisas poderiam ser para aceitar como elas são. A gente sempre se via na correria e meio que nunca conversou muitão, e sente.. sentia tudo isso, e me vem a sensação de que é como se não fosse suficiente, não fosse um sentimento que pudesse ser suficiente. E talvez não seja mesmo, não comparado a um relacionamento estável e de muito tempo... Mas ao mesmo tempo eu fico pensando nessa noite e foi só uma noite, mas teve tanta coisa envolvida, pra mim... pelo menos rs. Ás vezes eu ficava me diminuindo, me perguntando se você achava que era melhor não porque de certa forma você coloca as coisas na balança e algo pesa mais... mas eu sei hoje que não é isso e eu entendo muito sua confusão e não quero te confundir mais nem vou "te convencer" e eu só não queria ter que ficar como esperando por algo que não vai acontecer, então foi muito bom a gente ter conversando pra eu entender o meu lugar. E pra evitar ficar pensando muito eu resolvo acreditar que algumas coisas acontecem (ou não acontecem) porque tem que ser assim. Fica bem, te gosto. 


24.10.15

Seek me out

I.
Minha boceta cheira a sexo, 
cheira ao aroma de maconha dos seus dedos, 
cheira a sua saliva, 
cheira a látex, 
cheira ao seu pau também, 
cheira aos minutos em que eu não estava certa 
do que estava fazendo, 
cheira aos meus orgasmos no meio dessa confusão, 
cheira aos dias em que você não se importou, 
cheira as suas mentirinhas, 
cheira as minhas mentirinhas, 
cheira a minha quase culpa pensando que a pessoa que eu estou 
cheira a você falando que agora vai ser diferente 
cheira a eu pensando que talvez seja tarde demais, 
cheira ao meu silêncio, 
olhe olhe olhe olhe olhe pra mim, 
eu sou todos os peixes que você deixou apodrecer na geladeira desligada.

II.

o gosto de saliva no meu pescoço nunca foi tão forte, 
eu queria me livrar disso, 
ainda tinha 40 minutos até chegar em casa. 
Eu pensava em você, 
mas o gosto era dele. 
nós somos as confusões das luzes quando se apagam. 

III.

quando você dormiu aqui 
e a gente transou a primeira vez, 
faltou água. 
tivemos que sair com cheiro de sexo. 
mas eu não senti, com você foi diferente, 
eu não senti o cheiro da sua saliva no meu pescoço. 
e você pegou na minha mão no caminho 
e sorrindo me disse "eu estou com seu cheiro", 
eu te abracei forte.

29.8.15

Filhos do Frio

Você não vai passar de (mais) um cara que nunca tomou conta de mim...

Você não foi o primeiro a me dizer exatamente o que você disse. Mas de algum modo acho que você conseguiu olhar um pouco dentro de mim. De algum modo você viu que eu estava indo meio fundo. Para os outros eu precisei gritar: ei, não tá vendo o que tá acontecendo aqui? Eu fiquei aliviada depois, quando cheguei em casa, depois que eu entendi... na verdade eu não entendi, não você e o que você disse, mas o que acontece comigo... ou com os outros que se aproximam de mim... Sim, eu e você temos uma ótima química. Sim, nossos corpos se entendem muito bem. Sim, é difícil largar meu corpo, é difícil parar de te beijar. É também tão fácil começar, tão fácil que "tua mão errante adentre atrás na frente em cima em baixo, entre"... adentrar...adentrar a carne, mas "o que é a carne sozinha?". E eu tenho pensado sobre intimidade e no que me basta e não me basta e no que eu quero e não quero. Você apareceu no meio desse redemoinho e eu misturei tudo e vi que não tem como saber de nada. Que intimidade a gente (de forma geral) procura? Sua boca, suas mãos passeiam por todo meu corpo nu... mas essa nudez perpassa a superfície? Essa intimidade atravessa? Porque eu tenho essa necessidade de me conectar de verdade com os seres humanos... essa necessidade de viver significadamente e não sei até que ponto tudo isso se une ou se distancia...


Eu também não sei o que pensar. Eu não sei porque eu sinto o que eu sinto por parecer ser tudo isso que bastava, só que não bastava. E você sabe disso, e foi muito bom você ter parado logo. As pessoas me dizem: aproveita o que der. Mas eu não quero só o que der. O que me deixa mal é que começo a pensar que o problema sou eu. Igual você me disse que sentiu um tempo, lembra? Eu posso pensar só que "ok, as pessoas não estão em boas fases, é só isso". Mas o que acontece? Sabe aquela letra do Cazuza, ele diz "saia dessa vida de migalhas, desses homens que te tratam como um vento que passou". Parece meio isso, sabe? Mas eu tento afastar esse pensamento porque também foi horrível pensar que parecia que você estava meio que com pena de mim. Na verdade as pessoas se vêem em geral como ventos que passam. E eu não quero mais isso. Eu quero ser uma brisa que fica. Eu quero ter uma brisa. Ou talvez um tornado, eu não me importo. Eu não me importo com terremotos, vulcões... Nunca fui de calmaria. O que acontece é que tenho me deparado com portas semi abertas, e ao dar o primeiro passo elas se fecham. Quando na verdade os donos das casas que bateram na minha janela... e eu pergunto, por quê? Talvez fosse melhor eu ter te avisado logo no primeiro dia: cuidado - alto risco de envolvimento da minha parte. E você provavelmente teria ido logo embora... (risos) mas pensando bem, teria sido uma pena pois não teríamos tido o que tivemos e que foi bom. Acho que agora me sinto um pouco melhor... falando. Eu sou a aquariana mais furada que existe. Porque eu me envolvo, ô inferno, eu realmente me envolvo. E você não tem nada a ver de verdade com nada disso, nada ver com todo esse monte de palavras loucas, e eu espero não parecer que estou jogando nada em cima de você, eu só queria falar, você deixa, né? 


"E que ao menos uma vez não seja tudo igual
Foram vozes demais, foram erros demais, foram beijos demais
Mas mesmo assim eu fico aqui, eu fico aqui, eu sou assim
Eu não fujo"



29.7.15

And love is not a victory march It's a cold and it's a broken hallelujah

Eu sei como vou morrer, eu sei que me suicidarei um dia. Mas por enquanto não é o momento. Por enquanto eu ainda vou tentando, por enquanto ainda flutuo nas ondas, vou tentando aproveitar o movimento delas, 
um dia tudo se tornará tão terrivelmente pesado que meu corpo vai docilmente afundar, sutilmente sugado pelo mar.
E sei que não terei mais amor ou paixão, esta é outra certeza absoluta. É tão fácil ter auto-piedade, se posicionar como vítima
desacreditar, afundar, eu sei que é. Mas também não me vejo mais acreditando na recompensa do fim da jornada
no dia em que tudo valerá a pena porque esse dia não chegará. Porque eu estou hoje assumindo que não importa o que ocorra
eu não consigo ser feliz. Existe gente de todo tipo no mundo e eu sei o quão incrível é ter por perto alguém que sempre está bem, que acredita, que tem luz e tudo mais.
Eu só quero ser aceita como aquela que não é assim, e não serei. Porque eu não vejo sentido na vida, porque eu nem sei se mesmo que um dia eu realize todos os meus sonhos eu vou conseguir preencher esses buracos que me formam
Outra confissão, eu sinto que só o amor poderia mesmo me salvar, então eu penso, eu tenho que dar amor pra ter amor. Mas a quem?
Eu sinto que se um dia eu acreditar no amor de novo tudo sera diferente. Mas eu tenho medo de falar isso e você ter pena. E ser como se eu estivesse a espera do princípe encantado. Ou como se eu não conseguisse sobreviver de amor próprio
E eu luto todo dia com isso. Mas agora estou me fechando e ao invés de procurar me bastar e ficar feliz e leve
Eu estou me escondendo dentro de um casco e rolando por ai, eu estou pesada.

E eu sei que tenho pouca gente que realmente se importe comigo, eu sei que me afastei de outros tantos
eu sei que não sou fácil, eu sei que quem me conhece mesmo acaba por me odiar em algum momento. 
Eu tenho minha mãe e eu tenho você, Deive, eu sei que nós somos as estrelinhas no céu uma da outra, aquelas que a gente pode olhar sempre que se sentir só sabendo que não importa onde estejamos agora, estaremos lá uma pra outra.

19.2.15

How to Disappear Completely

Agora só eu e eu mesma de novo. Como sempre deveria ter sido. Não importa quem resolvesse cruzar meu caminho, sempre deveria ter sido eu e eu mesma. E eu posso agora respirar e ficar quieta. Eu poderia simplesmente desaperecer completamente. Tentar ficar sã. Tentar fingir que nada aconteceu. Até voltar, como luz que sou, voltar brilhando, mas o brilho que quase ninguém vê. Não há nada mais certo do que dizer que eu não preciso deles nem eles de mim. Kevin Parker me consola. Thom Yorke me reafirma. Eu tenho 24 horas por dia que posso dedicar a pessoa que realmente deveria parar de pegar um papel coadjuvante na minha vida: eu mesma. Eu tenho 24 horas por dia para modificar esse roteiro. Para assumir o papel principal. Eu desapereço de vocês e reapereço para mim.



11.2.15

I blame myself

"Deixar rolar". Mas nada rola simplesmente, por vontade própria. Nada. Like a rolling stone. Mas para começar a rolar a pedra precisa que alguém empurre, do contrário ela ficará lá, estagnada, imóvel. Então não existe essa de deixar rolar, porque isso não vai rolar sozinho. A não ser que a gente queira. E se não rolar mais não é porque não rolou simplesmente. É porque alguém não quis que rolasse. Essa é a verdade. E se você quiser, os dias vão rolar, a gente vai acontecer. Mas se só eu quiser, não vai. Então quando você me diz vamos deixar rolar, eu já sei o fim da história. Porque se você realmente quisesse que rolasse, você estaria fazendo acontecer algo, e não me deixando pedra esperando. Eu também deveria continuar rolando, e não me colocar na posição de montanha da eterna espera. Eu deveria rolar com minha vida, meus projetos, meu futuro emprego, minhas viagens, meus poemas, minhas leituras e se você quiser que me acompanhe enquanto eu já estou a quilometros a frente "rolando". O problema é que eu não estou rolando. Eu fico aqui, te chamando, desejando que você queira me acompanhar porque ainda não aprendi a rolar sozinha.


You won't be missing that part of me

Assumir quem eu sou significa dizer: eu me importo. Eu me importo demais. Eu gostaria de poder gritar os versos de Ginsberg, "everybody's serious but me", mas não posso. Porque eu levo a sério, eu levo a sério demais. E não importa quantas vezes eu tenha sido desapontada meu bravo coração está lá de novo, colocando o barco para navegar com uma vela aos pedaços, mas desejando bons ventos. Eu nunca aprendo, deve ser isso. Ou será admirável que eu ainda insista de alguma forma? Eu estou tão cansada de dizer que estou tão cansada. Mas é tudo que sinto. De viver nesse loop sem fim em torno do amor. As mesmas histórias com diferentes rostos. Eu só quero parar. Dessa vez eu vou parar. Dessa vez eu vou sair. Dessa vez eu vou dizer não. É como uma droga. Eu sinto falta da dor estúpida. Eu sinto falta de morder os lábios pensando no que vou dizer para você. Eu só não sinto falta de como tudo fica tão sem graça no meio do filme pro final. Desgosto. Esgoto. Esgoto.

E eu me importo demais, me importo demais para me desfazer assim rapidamente das memórias, me importo demais para não escrever um poema, me importo demais. Eu sinto demais. Mas eu penso... demais com relação a que medida? A sua medida! Somente, então não é um erro meu, nem seu. Eu sou não sirvo pra isso. Eu gostaria, mas não me encaixo, não sirvo pra isso que você quer de mim. Eu não sirvo pra não querer cuidar de você. Eu não sirvo pra não querer ser cuidada. Eu não sirvo pra não querer fazer uma surpresa aparecendo na sua casa e desejar ser recebida com um largo sorriso, Eu não sirvo pra não desejar que você me ligue de madrugada. Eu não sirvo para não planejar viajar pro Chile com você. Pra não planejar, pra viver no acaso. O amanhã é incerto, mas o problema é que chega o amanhã e tudo que eu tenho é esse doce sabor do nada que você me deu. Eu devo cuidar da minha vida e se de repente você decidir cruzá-la, estou aqui, NÃO, eu não sei pensar assim, sentir assim, ser assim. Porque eu quero saber é hoje se você vai querer cruzar minha vida amanhã. E você pode saber, se você quiser, você pode saber sim. Mas a questão é que você não quer. É tão simples, ou você quer ou não quer. O que custa eu aceitar que é mais um que não quer? Eu não quero ser a única a estar aqui esperando sua vontade de me ligar e me chamar pra sair. Eu quero te chamar pra sair e esperar que você não dê qualquer desculpa esfarrapada. Isso está ficando tão diário adolescente, eu acho que tive minha adolescência atrasada ou então as histórias da juventude se repentem quando vamos envelhecendo só que ficam piores. Porque vem junto a falta de emprego e a cobrança de eu ter que me preocupar com coisa melhor do que um rolo de duas semanas que não foi pra frente.Então eu estou aqui declarando que aos 24 anos eu devo ter noção do que eu sou, baseado em tudo que vivi até hoje e eu reafirmo: eu me importo, eu sinto, eu desejo - mais.




E eu não estou te colocando na posição de vilão. Eu sei que sempre parece isso. Eu fico lamentando e me vitimizando. Mas não! Você é tão tão maravilhoso. Esse é talvez o problema, é por isso que faz tanta falta que queima na minha pele. Ele é maravilhoso, como um sonho, como a porra de um cliché, um sonho que eu nem pedi para viver, mas vivi. Eu vou agora sorrir e agradecer por tudo de perfeito que você me ofereceu nesses dias. A grande recompensa que 2015 estava me guardando.

Mas a vida deveria vir com um aviso: isso é passgeiro, então aproveite o máximo e depois esqueça.

3.2.15

Let it Die

Por que eu simplesmente não consigo sair de histórias fodidas? Por que eu as atraio? Por que eu deixo acontecer? Por que eu deixo?? POR QUE EU DEIXO? Você tem o poder, garota, você poderia simplesmente aprender a dizer não. Você poderia simplesmente aprender a ir embora. 

Mas eu queria te provar, eu queria sentir o gosto da tua boca, do teu gozo na minha boca, eu queria te sentir dentro de mim, eu queria ter prazer contigo, eu queria dormir contigo, eu queria acordar contigo, eu queria poder bagunçar teu cabelo, eu queria poder sentir você me despir só com o olhar, eu queria saber o som da tua risada, eu queria arranhar tuas costas, eu queria teu estrago.

Você é aquela que sabe que ali tem uma poça de lama, mas toda vez passa pelo mesmo lugar e se suja toda. Será destração ou você gostar de reclamar? Vamos ser sincera, assim, uma conversa cara a cara? Diga não, ok! Uma vez na vida, seja você a ir embora. Seja você a dizer, basta.

Vai deixar ele cansar de você igual aos outros? Por que é que VOCÊ não cansa? Que miséria é essa?

Sexo bom pode se arranjar depois. Ok, agora eu deixo você falar

Eu não sei, não é mais carência, eu sei que não, eu aprendi a me contentar comigo. E sabe o que é mais doido? Eu nem sei se estou apaixonada, eu simplesmente vou, toda vez, e digo sim e aceito o que vier. Mas às vezes nem queima aqui dentro, sabe? Não é aquele vulcão todo. Então por que eu não digo adeus? Não sei, eu sempre estou aqui, esperando os outros desistirem de mim, porque parece que assim é mais fácil, porque parece que já é o esperado. 

Ah, querido, quando você mentiu daquele jeito você não sabe o estrago que fez na minha cabeça, na minha mente, na minha vida. Você nunca vai saber, eu ainda sonho contigo, te dizendo todas as verdades entupidas e tentando fazer você ver como eu me estrepei inteira só porque acreditei no nosso amor, agora estou aqui, um gatinho tremendo de medo da água, de mergulhar, logo eu, logo eu. 

Agora eu estou aqui, entregue a qualquer um que me ache bonitinha. A gente aceita o amor que acha que merece. E quando nem amor é? Quando não é nada? Ah, você gosta de mim? Claro que você gosta de mim. E daí, só bom não basta, só um gostar não basta!

Mas eu não consigo dizer isso. Porque eu me contento, porque eu acho que tá ótimo assim, porque eu quero aproveitar esses segundos ao seu lado, porque você me faz bem quando tá assim só a gente como se não existe o resto do mundo. Mas existe o resto do mundo, e no fim eu estou sozinha nele.

E é por isso que eu não vou embora, ainda. Porque eu já coloquei na minha cabeça que é você quem vai e sou eu que vou ficar tricotando os dias sentada na cadeira de balanço, citando Vinicius de Moraes para me confortar, fingindo que sou madura, que já esperava isso, que a vida é assim. Que fomos felizes por algumas semanas e é isso que importa. Mas lá no fundo só eu e meu tricô sabemos que é mais do que isso que importa. Isso está naquela lista de músicas que reune todos os meus amores.

Eu pensei que se amasse mais alguns esqueceria, mas só acumula, Ana. Só cresce.

É por isso que não vou embora, porque ainda sou Penélope. Eu estou tão cansada de ser Penélope.
É por isso que não digo não: porque sou a mulher de Chico, daquelas do folhetim.
É por isso que volto. Porque você faz café, porque eu durmo até tarde, porque eu sei que você me olha dormindo, porque você me beija no meio da noite ainda com sono e a gente volta a dormir, porque você me olha intensamente, porque faz parecer que tudo isso é de verdade, que é crível, Mas não é não, meu bem. É só durante essas horinhas que estamos aqui na cabaninha da alegria que a gente inventou.
Depois tudo some. E o desespero estar em pensar? O que fica?
Eu sei que pode ser simples, eu sei como você gosta b-b-b-baby.
Por que essa necessidade patética que as coisas durem mais do que devem? Por que eu simplesmente não vivo meu presente?
Eu queria que você não voltasse, eu me sentiria tão aliviada 'ufa, acabou', essa agonia no meu peito 'hojé é o último dia?', mas você me liga de volta. Mas acho que dessa vez você vai. Let it Die. Let it go. Por que você volta quando não é pra ficar mesmo? 
Eu queria que você fosse mesmo embora, agora, logo. Vai. 

RJ - 2013 - cybershot