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24.12.13

Bob Dylan - Crônicas



"Johnny não tinha um brado penetrante, mas dez mil anos de cultura emanavam dele. Ele poderia ter sido um habitante das cavernas. ele soa como alguém à beira do fogo, ou na neve espessa, ou em uma floresta fantasmagórica, o frescor do óbvio esforço consciente, a pleno vapor e reverberando com o perigo. "I keep a close watch on his heart of mine." (Eu mantenho meu coração sob vigilância estrita). De fato, devo ter citado essas linhas para mim mesmo um milhão de vezes. A voz de Johhny era tão grande, fazia o mundo inteiro ficar pequeno. [...] Quando ouvi "I walk the Line" pela primeira vez, muitos anos antes, soou como uma voz brandando: "O que você está fazendo aí, garoto?". Eu também estava tentando manter meus olhos bem abertos."


13.10.13

Bound to lose, bound to win



"Canções sobre depravados contrabandistas de álcool, mães que afogavam os próprios filhos, Cadillacs que faziam apenas cinco quilômetros por litro, enchentes, protestos sindicalistas, trevas e cadáveres no fundo de rios não eram para os amantes do rádio. Não havia nada de condescendente nas canções folk que eu cantava. Elas não era amistosas nem plenas de bravura. Não desciam redondo. Acho que se poderia dizer que não eram comerciais. Não era só isso, meu estilo era errático e pesado demais para caber no rádio, e, pra mim as canções eram mais importantes do que um simples entretenimento ligeiro. Eram minhas preceptoras e guias para um estado alterado de consciência da realidade, uma república diferente, uma república livre. (pag. 45)

23.7.13

últimos trechos de 'uma espiã na casa do amor'

Finalmente terminei a leitura de 'uma espiã na casa do amor' e as últimas páginas foram tão arrebatadoras quanto o começo do livro. Digamos que eu não mudei por conta de Anaïs, mas este livro me fez compreender melhor toda a minha incompreensão, me fez me entender um pouco mais, me aceitar até. As dúvidas e crises da personagem se assemelham muito com as minhas atuais, então a todo tempo senti Anaïs falando para mim, me acolhendo, me fazendo entender tudo que estou passando. Para sempre meu agradecimento à esta escritora fantástica.



[...] Ninguém iria aplaudir quando ela fosse bem-sucedida por causa de sua engenhosidade em derrotar as limitações da vida.

"Mas quando ela queria terminar um papel, tornar-se ela própria de novo, a outra se sentia imensamente traída, e não apenas lutava contra a alteração, como também ficava furiosa com ela."

[...] Realmente uma mulher dividida, uma mulher dividida em incontáveis silhuetas [...]. A cada ano, assim como uma árvore apresenta um novo anel de crescimento,  ela deveria estar apta a dizer:
- Alan, aqui está uma nova versão de Sabina, acrescente-a ao resto, misture-as bem, firme-se nelas quando abracá-la, segure-as todas de uma vez em seus braços, caso contrário, divididas, separadas, cada imagem viverá vida própria e não será uma, mas seis, sete ou oito Sabinas que às vezes caminharão em uníssono, por um grande esforço de síntese, às vezes separadamente.[...] Seria um crime procurar casar cada Sabina com um conjugue, combinar cada uma em turnos com uma vida diferente?

"Eu tive vocação. Apareceu bem cedo na minha capacidade de enganar a mim mesma."

"- Não sei o que estou preservando da detecção, exceto talvez o fato de me sentir culpada por vários amores, por muitos amores em vez de um único.
- Mas isso não é nenhum crime. É apenas um caso de amores divididos!"

10.3.13

Satori.



"E sou deixado ali no banco do bar importunando todo mundo com minha solidão desgraçada que passa despercebida na noite movimentada e atordoante, no bater da caixa registradora, na balbúrdia da lavagem de copos. Quero dizer a eles que não queremos todos ser formigas contribuindo para o organismo social, mas individualistas contados um por um, mas não, tente dizer isso aos que entram-e-saem com pressa dentro e fora da noite agitada do mundo enquanto o mundo gira em um só eixo. A tempestade secreta se tornou um temporal público." 




"... adultos cretinos que têm medo de ler sobre si mesmos em um livro assim como teriam medo de olhar no espelho quando estiverem doentes ou feridos ou de ressaca ou insanos"
                                              (Satori em Paris)

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