25.9.20

Planejamento de conteúdo para Bookgram (perfis de livros)

Oi pessoal, acabei de criar um planejamento mensal cheio de ideias do que postar durante um mês voltado para perfis de livros. Três detalhes importantes:

1) As sugestões são inspirações que você pode e deve adaptar para o SEU jeito de escrever. Pegue a ideia e transforme em outa coisa, desdobre esse assunto, pense em perguntas, pense em coisas relacionadas a isso. Por exemplo

ideia: cantinho de leituras

como transformar em algo SEU? Pense no que faz o seu cantinho de leitura ter sua cara, o que você mais gosta nele? o que gostaria de melhor? etc


2) Deixei o sábado e domingo livre: pense em períodos de descanso também. Você pode até postar uma foto dizendo que vai descansar hoje, sei lá. Não vejo muitos produtores de conteúdo fazendo essa pausa em suas postagens, em bom dar um descanso tanto para você, como para incentivar as pessoas a ficarem um pouco fora do Instagram. Proponha um dia sem redes sociais. Seja diferente!


3) Último, mas não menos importante! Não esqueça de me dar os créditos se for compartilhar esse planner por aí. Passei mais de duas horas elaborando tudo isso e seria bem feio apenas distribuir como se fosse seu né? 

Pode se inspirar nesse planner até pra criar o seu próprio, com suas ideias e seu template. Isso é diferente de plágio. 


https://drive.google.com/file/d/1z0urs6PMAnm-GpK8l62oIKgbUXGAJsgO/view 


23.9.20

Algumas reflexões sobre o documetário Dilema das Redes (Netflix)




Vi esse documentário há mais de um semana, mas com certeza irei pensar sobre o assunto por mais tempo. O doc está longe de ser uma conversa completa sobre o assunto e concordo com algumas críticas que vi, que faltou um pouco mais de crítica ao capitalismo em sim, do que só ao modelo de negócios, porque é como se eles sugerissem que dá pra mudar o modelo de negócios dentro do capitalismo, e amore, sabemos que é na verdade por vivermos nesse sistema que tudo isso ocorre. 

Mas mesmo assim, acho que vale muito a inciativa de propor uma conversa com os próprios criadores dessas redes sobre as detruições que estão escancaradas, mas muitas vezes não percebemos. Eis aqui, algumas anotações que fui fazendo enquanto assistia.


1) Não deveríamos precisar segurar o peso do que milhares de pessoas pensam de nós. As redes sociais estimulam que nos sintamos necessitados de aprovação a cada segundo. Como ratinhos de laboratório ou cachorrinhos, a euforia de uma um like só dura até ter outro e mais outro. E depois de algumas centenas deles, dormimos em paz esperando o outro dia para ganhar mais alguns estímulos que validem nossa existência, ou o famoso biscoito. E se isso não acontece, tudo que deveria estar sólido dentro de nós sobre nós mesmos... derrete.

Nossa percepção está sob rodas em que são os outros que movem, se as pessoas se movimentam para um lado oposto ao que sentimos de bom sobre nós mesmo, o que pensamos de nós é choacolhado. 

Nesse jogo bizarro são muitas pessoas diferentes para tentar agradar e se nossa percepção muda de acordo com o que elas pensam e nós temos que constantemente nos adaptarmos para agradar os outros entramos em movimentos de ruptura constante, e isso machuca.


2) As redes sociais nos instigam a nos expormos para recebemos atenção, mas não nos prepara para lidar com isso, pelo contráio, nos faz ficar dependentes disso. Se algo que fazemos nos deixa popular, parece ao mesmo tempo lançar uma isca de dependência que valida que estamos certos que "então é assim que tenho que ser", "sou popular na internet" = "tenho valor".

No doc um dos criadores de Crescimento do facebook diz como isso é uma falsa popularidade, que é passageira e nos deixa mais vazios do que antes. Então como encontrar a verdadeira alegria e motivação pelo o que você faz e pelo que mostra nas redes sociais? A pergunta fica aberta, mas tenho o palpite que é só dentro de nós mesmos. Nunca vai adiantar medir seu valor pela régua do outro.

Pois... não é muiito sacríficio batalhar tanto para saber o que vai fazer com que muitas pessoas te admirem? É preciso construir antes uma admiração por si tão forte que não vai oscilar (tanto) pelo peso da opnião alheia. 

Quando você encara as redes como profissional o negócio piora, porque na lógica do mercado você PRECISA mesmo agradar a muita gente, pra vender e ter dinheiro. 

Indo para um âmbito pessoal, é um esforço constante ter a frase dessa imagem em mente, mas é recompensador quando você chega naquele momento de tomar o valor da sua vida da opnião rasa de alguém e decide dar esse poder pra si.

E olha, não precisa nem provar pro outro nada. As pessoas mais que mais cultivam o bem estar consigo, não perdem tempo tentando convencer  o mundo todo a pensar como elas ou amá-las pelo o que elas não são :)

3) Por que é tão importante que eu esteja  sempre querendo mais atenção?

3mil não vai ser suficiente

4 mil não

5 mil não

10mil não vai ser suficiente

30 mil não

1milhão não vai ser


Eu tento bastante não dar atenção ao que famosos fazem na internet, sinceramente, ainda não conheci uma pessoa meramente famosa (acho que a margem é 10k) que não tivesse alguma noia de atenção, ou já não tivesse se exaurido nessa pira toda:

Se a internet é um trabalho então eu preciso de limite de horário e férias e ser paga, se é um hobby, então não devia me fazer mal. Se é um hobby, eu não devia achar que preciso de regras. :)



13.9.20

Como se destacar na internet? (um desabafo)



Pronto, cheguei no momento da transição do hobby para o "vou assumir que gostaria de ter alguma renda com o que estou fazendo diariamente aqui". Talvez se eu fosse rica, tivesse um emprego estável e que me deixasse feliz eu continuaria fazendo tudo que já fiz - (e já foi bastante) como hobby, sem me preocupar em ser reconhecida ou chegar em mais pessoas.

Em 1 ano eu: lançei 15 epísódios no podcast; 22 cartinhas na newsletter, 27 vídeos no Youtube, há 3 anos tenho postado TODOS os dias no Instagram resenhas de livros, dicas e reflexões - e veja bem, eu não estou cobrando nada de ninguém, porque sim, a vontade de fazer tudo isso inicialmente é porque gosto. Eu to me doando de graça e a gente tá trocando e tem sido maravilhoso assim. 

Muitas vezes eu já quis parar com tudo isso e me focar em fazer outra coisa da vida, e talvez eu vá se eu for tendo certeza mesmo que tudo isso não vai poder me dar nenhum retorno financeiro, pois não vai ter como conciliar com algum emprego que pague minhas contas e que eu possa me alimentar. 

Não sei se não ficou claro, mas eu não sou herdeira. Por enquanto eu tenho um conforto básico de morar com minha mãe, não pago aluguel, nem luz, nem água (pago internet e algumas coisas de alimentação), mas sou gente, tenho desejos, e preciso pensar em algum dia ter independência financeira. 

Sempre estou falando de consumismo aqui, sobre não ter o luxo de comprar tudo que é tão bombardeado no Instagram: viagens, ipads, tablets, cadernos caros e todos os lançamentos mais chics das editoras, porque essa é a minha realidade. 

Tudo que compro é hiperpensado, porque eu sei que faltaria na hora de pegar um ônibus ou almoçar. Pela primeira vez na vida, esse ano, eu ganhei um dinheiro relevante com minha arte, quando passei em dois editais diferentes com obras diferentes. 

Mas sabe? Eu nem consegui comemorar de verdade, porque tudo que eu pensei era que eu tinha que guardar esse dinheiro como se fosse o maior tesouro do mundo, pois eu não sei o dia de amanhã. 

Tava conversando com uma amiga que pro pobre é esse o pensamento, a gente não consegue ficar feliz com as conquistas porque o maior medo é passar fome e eu já tive na minha infância dias que a maior alegria era quando tinha leite pra semana. 

Quando eu tive meu primeiro emprego metade do meu cartão de crédio era com comida, porque eu podia pela primeira vez comer o que eu quisesse. Até hoje eu penso "quando tiver dinheiro vou comprar essa geléia de frutas vermelhas", porque conto nos dedos as vezes que comprei algo assim. 

Teve um ano da faculdade que eu marcava o dia que caia a bolsa pra comprar um açai achando que é um jantar de 200 reais e ficava feliz por 2 min pensando que não poderia comprar de novo até mês que vem. 

Eu marco na agenda os dias de lazer, porque lazer custa dinheiro, apesar de eu sempre tentar inventar modos de ter lazer com pouco: um passeio de bicicleta (comprada de segunda mão e que me dá dor nas costas porque não tenho dinheiro pra ajeitar), uma ida na praia. 

E sim, eu sei que tem gente que passa muito mais necessidade que eu, obviamente não to achando que você teria a capacidade de pensar que eu to dizendo que sou a pessoa mais pobre do mundo, porque eu não sou. 

Mas eu sou uma pessoa, com desejos, sonhos, contas e sem remuneração que tá fazendo um monte de coisa, que hoje, na necessidade que me vejo, parece ser nada, porque não esta sendo reconhecido o suficiente para que eu possa imaginar um dia ter renda para sustentar essa pessoa que ta aqui escrevendo pra vocês. 

E estou nesse momento, em que eu penso em pedir ajuda para você, que talvez eu não conheça muito bem, que também não sei pelo o que passa e que talvez não possa me ajudar porque também passa pelo mesmo que eu. 

E tem tanta gente pedindo ajuda todo dia. Existem mais de 200 milhões de canais no youtube, milhares de perfis no instagram, nas redes sociais todas. Muita gente que tá fazendo o mesmo que eu, há mais tempo até (outros não, tão há 2 anos, já são privilegiados o suficiente e ainda ganham toda atenção do mundo rsrs). Muita gente também dependendo do financiamento de vocês e eu fiquei pensando, então como eu iria conseguir? "ah, ache seu diferencial". Meu diferencial é que eu sou extremamente comum, é isso.

Não sou maravilhosa, extraordinária, incrível, fada sensata, perfeita. Não faço nada inédito, e nem tenho o ego inflado de achar que faço, também porque não acredito mais em originalidade. Eu acredito em PESSOAS e pessoas são únicas. Eu sou única, mas não sou a mulher maravilha. Nâo tenho um super poder. Eu choro (escrevendo isso), eu tenho raiva, eu sou de carne e osso e sentimentos. 

Não sou extraordinária, aqui é a história de mais uma cearense, que sabe que tá em um dos lugares com menos incentivo à cultura no Brasil, que pensa em ir pra SP, "pra tentar a vida", como meus antepassados faziam há décadas porque nada mudou. Quantos nordestinos você acompanha no youtube/podcast? Quantos CEARENSES?  

Eu não vim de uma família leitora, minha vó teve 19 filhos (eu não sei se você consegue entender o que é isso), era anafalbeta e nenhuma das minhas tias terminou o ensino médio (minha mãe foi a única), meu pai não terminou o fundamental e sei que eu, duas gerações depois da minha vó, estar na internet falando de livros e estudos, morando na periferia da cidade (de uma cidade que já periferia cultural do país) é algo incrível. Eu fui a única pessoa da família a se forma numa Universidade Pública. A única. 

Mas hoje minha cabeça só tava latejando pensando, como eu vou ganhar dinheiro depois da faculdade? Eu estou lutando tanto para permanecer firme acreditando que a arte e a educação são minha bandeira, mas e se eu não tiver forças pra segurar e precisar desistir de tudo? Eu não sei.

Esse texto não é nem um pedido oficial de financiamento do meu trabalho na internet, mas só um desabafo, daqueles que vocês já conhecem. Porque não vou dizer que não é triste ver as poucas visualizões no canal, ver que tenho que chegar a 1000 inscritos para faturar com uma empresa bilionária (Youtube), enquanto eu vou contar as moedas que recebo. 

Eu juro que não queria reclamar disso, nem me importar tanto com isso. Porque lá no fundo eu acredito que meu valor é maior do que números, lá no fundo eu sei que o pouco reconhecimento que tenho e nunca ter ganho financeiramente NADA (nem livro de editora, que é só um osso pra cachorro) eu já ganhei, mas sei que não tem diretamente a ver comigo ou com meu valor como pessoa. 

As redes sociais são também um negócio, um ramo, com estratégias, já está escancarado. Também não estou desmerecenco o trabalho de pessoas que conseguiram crescer seus números, dizendo que "são só números e não tem valor". Números carregam valor, mas a falta deles não diz respeito a falta de valor do conteúdo. (apenas falta de valor financeiro). 

Se você tem um canal com bons números, eu não estou desmerecendo que isso foi conquistado com um ótimo e árduo trabalho. 

Pessoas bem sucediades não são ruins, não quer dizer que você fez algo errado pra ser bem sucedido. To frizando isso por já ter ofendido, sem intenção, alguém porque afirmar que essa pessoa tinha bons números, como se isso foi um crime e eu tivesse dizendo que bons números são uma farsa. 

Não sei qual o sentido dessa associação. Mas é como se sentir ofendido por ser rico... rs. Você não é ruim por ter bons números, você tem, você trabalhou por isso, você faz um bom conteúdo, ambos têm valor.

Assim como pessoas pobres e sem reconhecimento não são sempre maravilhosas e injustiçadas. Não é isso. 

Mas aqui eu estou falando do lugar de alguém que tá produzindo conteúdo na internet há bastante tempo e sendo sincera de não ter descoberto a chave de fazer isso me render algo financeiramente. 

E eu to falando isso porque... estou precisando de dinheiro e comecei a pensar que já que passo tanto tempo com esse hobby, essa poderia ser também uma fonte de renda. Mas não tenho confiância que possa dar certo. 

Não sou ingênua de dizer que não há sim uma série de coisas que envolve mais do que a essência de um bom conteúdo. Que eu não sei qual é o "mistério", que eu não acho que é só constância, e blabla ai que tão dizendo, mas não sei o que é.

E eu to no meio de uma decisão entre parar tudo para conseguir algum trabalho (que não sei como) ou acreditar que o que faço na internet e gosto e vocês gostam pode me gerar retorno financeiro.

Não vai ser por eu fazer um trabalho extraordinário, inédito e fenomenal que vou me destacar. Não sou um fenômeno, não vou viralizar. Não sou um vírus... eu sou uma pessoa e a complexidade de ser alguém já é gigante.


11.9.20

2 lembretes para se afetar menos com o que os outros pensam (people pleaser):



    
Eu sou uma pessoa que se afeta excessivamente em qualquer discussão que tenho, fico ansiosa, tremendo, com taquicardia e passo dias sofrendo com a ideia de que as pessoas vão falar ou pensar coisas ruins de mim. O que acontece é que eu tenho na minha mente um sentimento muito forte de baixa autoestima, em que alimento a necessidade de agradar a todos e assim ver em mim um valor que eu mesma não vejo. Assim, quando ocorre algum desentendimento, eu fico muito abalada, pois afeta diretamente a visão que tenho de mim, como se eu perdesse meu valor, não merecesse amor e achasse que nada do que faço tem importância. 

   Pra quem não sofre com isso você pode achar que é uma bobagem e surreal que alguém sinta tudo isso por uma discussão, mas só sabe o peso que tem quem sente, os outros que não passam por isso não vão entender, vão críticar que eu esteja me expondo dessa forma ou achar que estou fazendo isso pra chamar atenção.

   Foi entendendo que sou assim que comecei a buscar sobre pessoas que passam pelo o mesmo. Aceitar que eu sou uma pessoa que quer agradar a todos foi importante, pra eu começar a trabalhar a ideia de que não é o que os outros pensam de mim que vai definir meu valor. 

   Quem sofre com isso está sempre vulnerável à atenção dos outros de forma muito intensa. E com isso precisa passar por um trabalho constante de cultivar amor próprio e autoestima. 

   Viver assim é duvidar todos os dias se você é capaz das coisas, se o que você faz importa e dar mais peso para quem vai embora da sua vida do que pra quem fica.

   Dessa forma: vou colocar aqui alguns pensamentos importantes que têm me ajudado nessa caminhada:

1. O que você pensa de si, é muito mais importante do que o que os outros pensam de você:

Não vai ser a primeira nem a última vez que alguém vai te julgar, e que você vai achar injusto. Assim como você também, em algum momento julgará as pessoas. Mas nesses momentos, o que mais vale ter em mente é: o que você pensa de você mesma? 

No momento em que alguém fala algo que te desagrada para você ou que você pensa ser sobre você, e você dá extrema importância a isso (para se justificar e fazer com que a pessoa não pense aquilo), parece que tudo que você sabe de  si tem menos valor do que o que aquela pessoa falou. 

E assim damos uma importância imensa para aquela coisa ruim que alguém disse como se você soubesse menos de si do que o outro. 

Você se conhece mais do que ninguém, e o que a outra pessoa pensa não está no seu controle, mas o amor que você pode doar a si mesmo está.

Eu só fui começar a pensar nisso há um mês, desde então é um exercício constante escolher quem merece tanto da minha energia e quem não. Entender que eu não preciso me justificar pra todo mundo, e que não vai estar no meu controle tudo que pensarem de mim. 

2. Não tenha medo de perder pessoas, tenha medo de se perder tentando agradá-las:

Quando nós não nos gostamos o bastante, queremos encontrar nosso valor pelo valor que o outro dá. Assim, empenhamos um esforço enorme em satisfazer o outro para que ele nos ame por nós.  O quanto eu já estive em situações humilhantes e desagradáveis pra mim só pra satisfazer outras pessoas daria uma série da Netflix. 

Agora imagina sentir isso por todo mundo? É impossível agradar a todos na Terra, e mais, simplesmente esse não é o meu objetivo de vida. O quanto de mim não se perde quando tento ser o que todo mundo quer que eu seja? 

Quando a gente entende melhor que algumas pessoas podem ir embora e nem sempre é sobre nós a vida parece ser menos doída. 

Quando a gente entende que não vai dar pra agradar a todos, não vai dar pra manter todos por perto, percebe que você não perde seu valor se alguém vai embora. 

Você só pode ser você mesma, e os outros também. Algumas vezes você vai estabelecer conexoes fortes e permanentes e outras vezes não. Olhar pra quem fica devia ser mais valioso do que pra quem vai. 

Primeira lição de escrita com Ray Bradbury (O Zen e a Arte da Escrita)



"Entusiasmo. Prazer. Raramente ouvimos essas palavras! Raramente vemos pessoas vivendo e, no nosso caso, criando com base nelas! Ainda assim, se me perguntarem sobre os itens mais importantes no figurino de um escritor, as coisas que moldam o seu material e o impelem em direção ao caminho que ele deseja percorrer, eu apenas o aconselharia a olhar para o seu entusiasmo, para o seu prazer."

"Se você está escrevendo sem entusiasmo, sem prazer, sem amor, sem alegria, você é apenas meio autor. Significa que está tão preocupado em manter um olho no mercado, ou um ouvido no círculo de escritores de vanguarda, que não está sendo você mesmo. Talvez nem ao menos se conheça."

"A primeira coisa que um escritor deve ser é animado. Deve ser uma coisa de febres e entusiasmos. Sem esse vigor, seria melhor ele colher pêssegos ou cavar buracos; Deus sabe que isso seria melhor para a sua saúde. "


Primeira lição: as histórias nascem da sua indignação ou empolgação. 


Ás vezes nos perguntamos "de onde esse autor criou isso?", Ray conta duas histórias que criou a partir de situações cotidiana que lhe ocorreram e causaram tanta indignação que resolveu escrever sobre.


"O que você mais quer no mundo? O que você ama ou o que odeia? Encontre um personagem, como você, que vai querer ou não querer algo com todo o coração. Mande-o correr. Atire-o para fora. Depois o siga o mais rápido que puder. O personagem, em seu grande amor ou ódio, vai empurrá-lo até o final da história."


10.9.20

Impressões de Leitura: Raul (HQ) - Alexandre de Maio




"Chefe, nessa vida a gente tem que escolher. Fui pra cima e agora não dá mais pra voltar"

Quando decidi comprar essa HQ eu não sabia nada do autor ou da história, a motivação era apenas aproveitar o combo promocional da Editora Elefante e fui totalmente supreendida por uma história digna de filme, conduzida com maestria pelos traços de Alexandre de Maio. 

A HQ conta um pouco da vida de Rafa, um cara que cresceu na Baixada Glicério, em São Paulo,  tendo contado com o crime desde criança, o tio dava golpes de desvio de mercadoria. Pré-adolescente, ele começou a se envolver em furtos e assaltos, quase sendo morto, resolveu depois se tornar "Raul", uma gíria para pessoas que dão golpes em cartão de crédito. Mas o sonho mesmo de Rafa era ser Rapper...

Não vou contar a história toda pra te deixar com a curiosidade de como vai se desenrolar. Eu achei muito interessante a abordagem da HQ de contar essa hitória pela perspectiva de Rafa, e assim somos levados pelo personagem a conhecer uma rotina que só temos acesso de modo muito sensacionalista por programas policiais. 

Em nenhum momento se tenta mascarar que Rafa comete crimes, mas também traz um debate mais profundo quando ele conta de seus sonhos e quais os motivos que o levaram a escolher esse caminho. O final causa impacto pela sinceridade quando Rafa diz que continua no crime por dinheiro, que se acostumou a tê-lo.   

O traço de Alexandre de Maio remete a filmes noir, e ao estilo de Sin City, e a narrativa é conduzida de forma dinâmica em que Rafa explica como funciona as diversas táticas usadas no esquema de ser "Raul" misturando com fatos de sua vida pessoal. 

Não tenho o costume de ler HQ, e gostei bastante da leitura. E aí, você já sabia o que era "Raul"? Conhece algum HQ noir?  

Resenha: Seja homem (JJ Bola - Editora Dublinense)

  Seja Homem é um livro que busca analisar a construção da masculinidade no patriarcado, discutindo como as práticas do que seria “ser um ho...