28.5.15

Trippy

Pra quem se interessa pela beat generation é um livro essencial. Pois os beats não são os beats sem suas viagens lisérgicas, todo mundo sabe disso né? Mas fiquei um pouco entediada na primeira parte do livro com os relatos de Burroughs, embora o mini-roteiro "Roosevelt depois da posse" seja muito um tapa na cara e prove a genialiade marginal e provocadora de Old Bull Lee. Foi interessante ver a diferença dele e do Ginsberg, o que cada um procurava, etc. Burroughs mais interessado em ampliar seus conhecimentos junkies e Ginsberg realmente via no yage uma forma de conhecimento espiritual, por mais perigoso que seja. As cartas de Ginsberg me fizeram imaginar os efeitos do yage, fiquei presa em seu relato poético. Muito lindo e intenso pra ser sincera. 

"É difícil voltar, tenho medo da loucura real, um universo mudado, permanentemente apesar de que acho que deve mudar para mim, algum dia muito antes do que planejado, subir o rio durante seis horas par tomar com uma tribo de índios - acho que vou - enquanto iss, esperarei aqui, mais uma semana em Pucallpa e tomarei mais algumvs vezes com o mesmo grupo - eu gostaria de saber quem, se houver alguém, que trabalhe com quem saiba, se alguém souber, quem eu sou, ou o que eu sou." Ginsberg - 10 de Junho de 1960

Ginsberg & Burroughs
William Burroughs em Mocoá, Colombia, 1953.



13.5.15

Miranda

O céu está seco
O céu está seco
A minha boca áspera
Não toca mais a ilusão
Dos sons que a tua reproduz
Tua boca profana
Tua boca profana
Seguro tuas palavras nas minhas mãos
De pontas afiadas
Misturo tudo com o vinho lilás que canto na noite
Escute
Por que toda essa neblina?
eu estou vendo bem?
Nós não podemos desviar também
Agora flocos de neve dançando na minha mão quente e tudo isso dói
É frio e dói
Meus dedos estão cheios de lembranças
Vão se derretendo
Um dia eu me perguntei onde eu estava em 28 de janeiro
E era com você
E eu não lembrava
Eu não pude guardar
Nós sorríamos
Era preciso se desfazer
Era preciso trocar de roupa
Era preciso uma nova colcha de cama
Você visitou aquela cabaninha de novo?
Por que cantar comigo se não quer dizer nada?
Não faça coisas sem significado é um aviso que te dou
Ela desabou
A cabaninha
Do barranco
Lá do alto
Eu fui descendo junto
Eu ainda morei lá
Com as mãos entre os joelhos
Você devia ter arrancado minha pele e não meu coração
Você devia ter me deixado sem dentes
Você devia ter estourado meus tímpanos
Você devia ter rasgado minha garganta
Me deixado sem cordas vocais agora eu grito agora ainda há sua voz ecoando nos meus ossos quando minha mandíbula treme
você ainda me toca ainda tem meu dedos nos teus quando vem me comprimentar na rua
O vento arrancou o teto
Eu rezando assim quero que o céu desabe fechar os olhos sumir
Depois disso o céu secou
O paraíso está de portas abertas
Mas eu não consigo atravessar




Resenha: Seja homem (JJ Bola - Editora Dublinense)

  Seja Homem é um livro que busca analisar a construção da masculinidade no patriarcado, discutindo como as práticas do que seria “ser um ho...