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29.6.22

bresson

Qual é o gênero de Bresson? Ele não tem nenhum. Bresson é Bresson. Ele é, em si mesmo, um gênero. Anotnioni, Fellini, Bergman, Kurosawa, Dovjenko, Virgo, Mozoguchi, Buñuel - não são iguais senão a si próprios. O próprio conceito de gênero tem a frieza de um túmulo. Quanto a Chaplin - trata-se de comédia? Não: ele é Chaplin, pura simplesmente, um fenômeno único e irrepetível. [...] Sabemos que a coisa toda é inventada e exagerada, mas, no seu desempenho, a hipérbole torna-se profundamente natural e provável, e, portanto, convincente - além de engraçadíssima. Ele não representa. Ele vive situações idiotas, ele é parte orgânica delas.

Nada poderia ser mais nocivo que o nivelamento por baixo que caracteriza o cinema comercial ou as produções padronizadas da televisão: eles corrompem o público de forma imperdoável, negando-lhe a experiência verdadeira da arte

O artista não pode expressar o ideal ético de seu tempo, a menos que toque todas as suas feridas abertas, a menos que sofra e viva essas feridas na própria carne. [...] Afinal, quase se poderia dizer que a arte é religiosa, no sentido de ser inspirada pelo compromisso com um objetivo mais elevado.


5.4.18

[Atualização] Desafio 52 films by women / Fevereiro e Março

Estou esse ano tentando concluir o desafio 52 films by women, que para quem não conhece ainda, consiste em assistir 52 filmes dirigidos por mulheres durante um ano. A ideia é semelhante a campanha Leia Mulheres. Já vejo hoje muita gente engajada nessa ideia de ler mais mulheres, mas percebo que ainda falta essa percepção com relação a outras artes, como o cinema. Assim, como livros, é um meio de dar voz a narrativas e olhares sob a perspectiva das mulheres, ainda mais num meio tão machista quanto o audiovisual. Desde que comecei a ter uma visão mais critica quanto a isso, percebi que muitos diretores que eu idolatrava mostravam visões muito machistas em seus filmes, coisa que eu não percebi há dois, três anos. Cada vez mais meu olhar tem se aguçado para esse ponto, é um caminho sem volta, e tenho tido felizes encontros com filmes dirigidos por mulheres, que eu não prestava atenção antes.

Porém percebi um detalhe, me faltava maior aproximação do cinema de diretoras negras, com isso resolvi escavar mais a mnha busca, e além de diretoras tenho procurado mais diretoras negras.

O acesso não é fácil, eu dedico por vezes horas procurando os filmes. Mas pra mim isso é importante, é importante porque se eu tenho que procurar tanto pra achar um filme de uma diretora negra ou se eu nunca ouvi falar dela, é porque o acesso a ela não está sendo dada de forma igual. Há quem diga, "não vou ler/ver uma obra pela raça ou gênero, isso é indiferente.", isso é uma ilusão, não é indiferente enquanto mulheres brancas e mulheres negras não estão igualmente nas mesmas estatísticas de visibilidade. Enfim, os filmes que vi em Fevereiro e Março.    

Fevereiro:

I am not a witch, Rungano Nyoni, 2017

Pariah, Dee Rees, 2011
Loving Vincent, Dorota Kobiela, Hugh Welchman, 2017

Março: 

Já em Março, eu só vi dois filmes, os dois sobre a ditadutra militar. Um, um documentário sobre o guerrilheiro Marighela, dirigido pela sobrinha dele, é um bonito registro para se conhecer um pouco da importância do Marighela no combate a ditadura, em nenhum momento é negado os crimes que ele cometeu, ou seus ideias guerrilheiros, mas mostra também para além de qualquer pré julgamento, a base de sua ideiologia




E o filme "A memória que me contam". A cineasta Lúcia Murat, volta ao tema da ditadura militar, assunto que ela ja trabalhara no doc-ficção "Que bom te ver está viva". O doc, mistura depoimentos reais com trechos ficionais iterpretados por Irene Revache. Já "A memória que me contam", se passa atualmente, e Ana, ex-guerrilheira está internada, Irene Revache interpreta uma ex militante amiga de Ana, que relembra o tempo da ditadura com outros amigos. Porém esse eu achei bem forçado e burguês. Fiquei bem incomodada com uma coisa meio novela das oito tentando dar peso a narrativa, não sei se pelos atores serem TODOS "globais". Parecia um grupo de classe média falando de uma fase "rebelde". Bem diferente do peso que o documentário Marighella traz.



2.5.17

52 films by women - Fevereiro, Março e Abril,

Fevereiro



A Maçã, Samira Makhmalbaf, 1998

De Menor, Caur Alves de Souza, 2013

Salaam Bombay, Mira Nair, 1988

Turbulent, Shirin Neshat, 1998
Março


Toni Erdmann, Maren Ade, 2016


Abril



As Praias de Agnès, Agnès Varda, 2008 

Girlfriends, Claudia Weill, 1978 

L'opéra-mouffe, Agnès Varda, 1958 

30.1.17

52 films by women

Esse ano eu vou tentar levar a sério essa meta que consistem em ver pelo menos um filme dirigido por uma mulher por semana e daria em média 52 filmes no ano.


JANEIRO:

Longas: 


Cultures of Resistance, Iara Lee, 2010: Iara Lee passou ano viajando pelo mundo procurando lutas sociais das mais diversas formas e formas de resistir à opressões nos mais diferentes lugares, trazendo tudo pra esse documentário de modo inspirador, real e pulsante.


Que bom te ver viva (online), Lúcia Murat, 1989: neste documentário, Lúcia Murat intercala relatos reais de mulheres sobreviventes às torturas na ditadura militar e trechos de depoimentos/cartas de outras sobreviventes interpretados pela atriz Irene Ravache.


Curtas: 

A arte de andar pelas ruas de Brasília, Rafaela Camelo, 2011: duas amigas passeiam pelas ruas descobrindo e compartilhando sentimentos e sensações. 



Witch's Cradle, Maya Deren, 1944: Um curta de Maya Deren é uma experiência pessoal intrigante que não há sinopse que abarque, já que seus filmes não demonstram uma narrativa clássica abrindo para o expectador as mais diversas interpretações.

1.3.15

I was in love with him that time
A farewell
Now I realize
How I miss the way his body goes inside the sea
Breaking the waves that breakes me
I fall, he rises
Upon the sun
Here i breathe whispering & smoking out this feeling
I was in love with you certainly




31.8.14

Deserto Vermelho

Nos enormes espaços vazios
minha loucura dança
você sabia?
veja
um belo rosto com cicatrizes que não se vê
você quer me encontrar?
você me deseja me procurar?

Na fumaça cinza se confude o céu
minha criança dorme
eu cumpri meu papel

Nos campos abertos
minha incompreensão me toma
de frio, me escondo 
tremo
tenho
fome
quais são as cores da tua agonia?

Minha solidão grita em alto mar
As faces do desespero escondidas nos muros altos que nos rodeiam

Na neblina eu e vocês
seus corpos rígidos
seus rostos impassíveis
eu estava muito confusa

A bela mulher louca e solitária
é isso que você quer?
é isso mesmo que você quer?

eu te criei para me salvar 
e agora você faz parte de mim

a realidade tange as estruturas do meu corpo
será que isso foi tudo que imaginei?
será que tudo isso eu imaginei?

eu sufoco atravessando a fumaça amarela
intoxicada em céu aberto
voando presa em ilusões
vocês esperam que eu cante?
vocês esperam que eu fique?
o pequeno e frágil animal de asas arrancadas

somente os pássaros sabem voar





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