25.4.17

Vulva Termostática

Sinto nos meus dedos o prazer de estar comigo
Essa não é uma cena triste
Isso não é solidão
vou percorrendo meus pelos
acariciando meus lábios
ternura
vulva termostática
Sua função é proporcionar um aquecimento mais rápido e depois manter a temperatura dentro de uma faixa ideal, controlando o fluxo de líquido de
é uma válvula
mas não é pro seu escape
enquanto você pensa que sabe o que fazer
eu penso como realmente é
Ao atingir a temperatura especificada, a válvula abre-se através da ação da cera expansiva (aumenta seu volume em função da temperatura) permitindo que o líquido passe
quando eu enxerguei minha luz amaldiçoei a todos por essa escuridão
do sexocorpo aprisionado da mulher tenaz
aquela que resiste à pressão sem partir-se
liquefaz
que faz desse momento seu domínio sobre si
tu és mulher
livre pra se amar
tenho tesão em mim
Essa não é uma cena triste
Isso não é solidão
adentro
afundo deslizo e
me ponho pra fora
liberto-me
conhecendo-me e me amando
refazendo-me e gozando
pelos pés o sentimento elétrico químico
eu cansei de falar de você
eu não sinto mais esse prazer
meus pecados agora sou eu em quantas partes me divido
e eles pertencem a mim
a mim

Desenho: Raisa Cristina

24.4.17

o Rei da Vela, Oswald de Andrade, 1933 [Abril/2017/leitura9]


Leitura 9 do Ano, faz parte do meu projeto de ler mais livros nacionais, e não podia deixar Oswald de fora. Resolvi ler uma peça (coisa que pouco vejo por ai nos projetos). Meu professor de história do teatro (pra quem não sabe, curso Licenciatura em Teatro) diz que se você quiser saber como é a sociedade de uma época, leia ou veja uma peça de teatro da época e assim é o Rei da Vela, texto fundamental que retrata com muita acidez os anos 30 e se faz bastante atual. E já que estamos vivendo dessa retorma horrenda de uma onda conservadora, vejo o quanto ainda se faz importante um texto como o Rei da Vela. A peça foi tão revolucionária que só foi encenada 30 anos depois, pelo Teatro Oficina 

Encontrei esse resumo histórico no Passei Web:


"Escrito a partir de 1933, depois da crise mundial de 1929, da Revolução de 30 e da Revolução Constitucionalista de 32, o texto manifesta a imensa amargura de Oswald, forçado a percorrer infindáveis escritórios de agiotagem para equilibrar-se financeiramente. Esse seu contato forçado com agiotas foi, provavelmente, a causa da caracterização de um agiota como Rei da Vela. Mas o texto supera a experiência pessoal de Oswald: ele fornece, sem falsas sutilezas, os mecanismos da engrenagem em que se baseia o esquema sócio-econômico do país."

Personagens: 


O enredo da peça traz a história de, Abelardo I, o Rei da Vela, um agiota sem escrúpulos nenhum. Aberlado I é um empresário diversificado, mas sua especialidade são empréstimos. Sua função se resume em emprestar dinheiro e cobrar juros exorbitantes, aproveitando-se da crise econômica que assola o país,  levando muitos devedores a falência e ao desespero. Abelardo pisa em quem pode. 

No decorrer da história sabemos que na verdade o capital estrangeiro é o grande comandante desse jogo, (e como ainda é) no qual brasileiro é apenas marionete. O imoerialismo estrangeiro é representado por Mr. Jones, um americano que fica à espreita só aguardando quem vai lhe servir e quem não serve mais.

Temos também Abelardo II, empregado de Abelardo I, que deseja superá-lo. 

Heloísa de Lesbos, é noiva de Abelardo I. Heloísa representa a ruína da classe fazendeira. Seu pai, coronel latifundiário, vai a falência, num retrato em que predomina a perversão e o vício, símbolo de uma classe em decadência. A aliança de Abelardo e Heloísa pode, assim, representar a fusão de duas classes sociais corruptas pelo sistema capitalista.
D. Cesarina, sua mãe, recebe constantemente investidas amorosas de Abelardo I. Totó Fruta-do-Conde, o irmão gay, aparece na peça primeiramente por conta de ter roubado o amante da irmã, Joana, apelidado João dos Divãs. O coronel Belarmino, pai de Heloísa e "chefe da família", vê um mundo em decadência, o mundo da aristocracia rural. Perdigoto, outro irmão de Heloísa, bêbado e viciado em jogos, é um fascista que planeja organizar uma "milícia patriótica" para conter os colonos descontentes - idéia que interessa a Abelardo I, desde que ela possa ser utilizada para a manutenção da ordem social de que depende sua riqueza.

Por meio dessa "família", Oswald como toda sua ironia derruba as máscaras da aparência e dos "bons costumes" puritanos que se esconde a classe aristocrata.

Pinote é um intelectual, através desse personagem, Oswald mostra a relação dos artistas com o poder: ou o artista se mantém firme com seu compromisso social ou, como Pinote, decide servir à burguesiaNão existe neutralidade. Quando Pinote sai de cena,  Abelardo I e Heloísa voltam a um diálogo que mostra como as classes abastadas vivem da exploração dos trabalhadores.

Narrativa:

A peça não se preocupa em criar nada do que oferece a cartilha aristotélica, ou seja, não tem exatamente um conflito, ou climax, nem acirramento de tensões. que ocorre é uma sequência de situações que mostram puramente a farsa desmascarada do Brasil em progresso que se sustenta nos trabalhadores gritando nas jaulas. que ocorre é uma sequência de situações que mostram puramenteÉ o "desbunde" da família tradicional brasileira eternamente em declínio, mas sempre tem sua queda amortecida pelas aparências.
No texto, com grande poder de síntese, Oswald usa elementos que só seriam descobertos muito depois pela dramaturgia brasileira. Um deles é o rompimento com a ilusão teatral (sem ter lido Brecht). Assim, logo após a saída do cliente, Abelardo I afirma: "esta cena basta para nos identificar perante o público". Desse modo, a peça recusa-se a cair o ilusionismo teatral." (passeiweb)






23.4.17

Mulheres que quero/preciso ler (a lista na real é infinita)


Vi uma postagem assim no blog da Gabi Barbosa, e como sou a louca das listas resolvi fazer a minha


Alice Munro - EUA
10 de julho de 1931 (85 anos)

Tenho na estante: Vida Querida

Toni Morrison - EUA
18 de fevereiro de 1931 (86 anos),

Tenho na estante:
Jazz

Lido: Voltar Para Casa (Julho/2017 - kindle)

Rachel de Queiroz
(17 de novembro de 1910 / 4 de novembro de 2003)

Empréstimo: "O Quinze", "Memorial de Maria Moura"

Cecilia Meireles
7 de novembro de 1901 | 9 de novembro de 1964,

Empréstimo: Obra Completa 

Anna Akhmátova - Ucrânia
23 de junho de 1889 Odessa, Império Russo (atual Ucrânia) | Morte 5 de março de 1966 (76 anos) Moscou, União Soviética


Tenho na estante
Antologia Poética - editora: LP&M

Patti Smith
30 de dezembro de 1946 (70 anos)


Tenho na estante: "Só Garotos" e "Linha M"
Lido: "Só Garotos" (Junho/2017)


Paulina Chiziane
4 de junho de 1955 (61 anos)


Kindle: Os Ventos do Apocalipse


Conceição Evaristo
29 de novembro de 1946 (70 anos)



Tenho: Olhos D'água
Lido: Novembro/2017


Svetlana Aleksievitch
31 de maio de 1948 (68 anos)

Kindle: Vozes de Tchernóbil 
Lido: Junho/2017 


Veronica Stigger
(Porto Alegre, 1973, 44 anos)


Tenho na estante: Gran Cabaret Demenzial (lido) e "Opisanie swiata"

Susan Sontag
16 de janeiro de 1933 | 28 de dezembro de 2004


Kindle: Sobre Fotografia
Lido: Dezembro/2017

Gertrude Stein
3 de fevereiro de 1874 (aquariana rsrs)| 3 de fevereiro de 1874


Comprar: 

Adilia Lopes
Lisboa, 20 de Abril de 1960

Tenho na estante: Antologia Poética, Cosac Naify

Resenha: Seja homem (JJ Bola - Editora Dublinense)

  Seja Homem é um livro que busca analisar a construção da masculinidade no patriarcado, discutindo como as práticas do que seria “ser um ho...