24.6.20

Ela Disse - Jodi Kantor e Megan Twohey


"Ela Disse - os bastidores da reportagem que impulsionou o #metoo" vai relatar todo o processo das jornalistas Jodi e Megan para publicarem uma matéria expondo décadas de assédio sexual e a compra do silêncio das vítimas por meio de acordos de confidencialidade cometidos pelo produtor de cinema Harvey Weinstein. 

Ao relatar todo o processo investigativo, o livro levanta diversas questões envolvendo a violência sexual contra mulheres trazendo como plano de fundo a indústria cinematográfica de Hollywood, mas também abrindo espaço para pensarmos na total falta de segurança que ainda há para mulheres nos diversos ambientes de trabalho. 

Como um fio de um novelo, a história começa por Harvey e seus acordos de silenciamento, mas desenrola um emaranhado de relatos da real situação do assédio sexual hoje. Engasgadas com a sensação de que nada mudou durante décadas de luta feminista, percebemos o complô entre criminosos sexuais e um sistema judiciário que não entende o que uma vítima de violência sexual passa, com base em leis que não nos protegem. 

Também traz reflexões sobre a real eficácia do engajamento virtual e o que pode ser de fato mudado quando há um movimento como o #metoo. Faço algumas críticas ao tom jornalístico meio distanciado e por em nenhum momento usarem a palavra machismo e patriarcado como a real origem de toda essa violência. 

O livro acaba deixando a desejar ao não propôr uma crítica que faça os leitores compreenderem que não se trata de um "comportamento predatório" que surge do nada, mas que é amparado pelo machismo e sem a destruição do pensamento patriarcal não estaremos livres nunca e por isso precisamos do feminismo, mas promove um debate sobre o quanto precisamos acreditar numas nas outras e da força dessa união para quebramos essas correntes de silêncio.

22.6.20

Mês do cinema brasileiro: 13 opções de filmes e plataformas para você assistir

1. Temporada (Disponível na Netflix)

7. Estou me Guardando para quando o carnaval chegar (Netflix)

8. Olmo e a Gaivota (Netflix)

9. Branco Sai, preto fica (Netflix)

10. Negritudes Brasileiras 


11. Diga meu nome


12. Filmes liberados para assistir sem programar sessão no Videocamp

Para ler Mais Teatro: Indicações para quem quer começar a ler peças

7.6.20

Reflexos num Olho Dourado - Carson Mccullers



Carson é uma escritora que infelizmente ainda tem pouca visibilidade no Brasil apesar de sua qualidade literária, contemporânea de Faulkner, Capote e Tenesse Williams, a estadunidense tem um estilo original e foi percursora em trazer temas polêmicos para a literatura. 

Neste curto romance reconhecemos o toque característico de Carson: personagens que destoam de uma normalidade social, incomunicáveis e uma tensão silenciosa entre eles prestes a quebrar a falsa calmaria de suas vidas.

Em Reflexos num Olho Dourado, temos como cenário principal um batalhão do exército e a casa de um dos capitães desse quartel, o oficial Penderteon, um homem gay reprimido, é casado com Leonora, uma mulher muio atraente, mas descrita por Carson como tendo um algum "atraso mental". Logo de cara, Carson revela que aconteceu um crime envolvendo os personagens principais, sem obviamente dizer por quem, quais as vítimas ou como se desenrolou isso. 

Aos poucos vamos conhecendo as figuras e de que maneira elas vão se relacionando e revelando seus segredos.  Todos os personagens sustentam no limite de seus nervos uma vida aparentemente comum, cada um reprimindo desejos sexuais. Essa repressão é o fio condutor da narrativa e o que liga essas estranhas criaturas, que como lemos na orelha desta edição, parecem metade humanos, metade animais, tomando atitudes extremas e violentas, desprovidos de racionalidade, sufocados pela normatividade imposta. 

Eu adoro o estilo inconfundível de Carson narrar as coisas, ela consegue ser poética e ao mesmo tempo jogar na sua cara acontecimentos chocantes sem a menor preparação, te deixando meio desnorteado: ela faz um corte e o sangue só é espirrado na sua cara sem que você possa se defender. 

Bom salientar que a história se passa num EUA sulista, nos anos 30 e os personagens são bem racistas. Mas por outras obras de Carson em que ela trouxe personagens negros ao centro da narrativa, eu vejo que nesse se trata da caracterização dos personagens, inclusive como crítica a essa sociedade com resquícios escravocratas, pois ela zomba desses personagens, ao mesmo tempo que disseca os podres de uma elite neurótica e limitada por preconceitos explodindo tudo isso em violência e autodestruição. 

Resenha: Seja homem (JJ Bola - Editora Dublinense)

Seja Homem é um livro que busca analisar a construção da masculinidade no patriarcado, discutindo como as práticas do que seria “ser um home...