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5.3.21

Sobre quando eu pensei que fui recusada


Não ter muitos seguidores ou perdê-los te faz desanimar de continuar criando?

Acho que esse sentimento já deve ter passado na mente de todo criador de conteúdo.

Não lembro quando comecei a duvidar de que compartilhar sobre livros não valia a pena só porque eu não era "um perfil grande" ou não ganhava dinheiro ou livros de "graça".

Mas chegou esse dia, em que o simples prazer de escrever sobre um livro parecia sem sentido porque para mantê-lo eu precisava de uma bomba de ar que só era enchida com o aceite de editoras nas seleções de parcerias, ou com o crescente ganho de seguidores que validassem a qualidade do que faço. 

Chegou o dia em que meu compartilhar o que sinto e gosto precisava passar por um raio-x de qualidade ou não. 

Foi só esse ano, depois de 5 anos de Instagram, que consegui ser aceita na seleção de uma editora, que fiz meu primeiro publi e que vieram perfis me oferecer parcerias. 

Mas uma coisa eu entendi nesse percurso todo: eu não quero colocar minha autoestima na mão dessa lógica de números. Me recuso! E quando eu ver que estou caindo nisso, eu passo um tempo longe do instagram pra me reconectar comigo.

Não estou desprezando conseguir entrar nessa bolha, entenda, mas o maior publi que quero fazer é de mim mesma, ou seja, valorizar o meu conteúdo, meu livro e meus serviços porque eles são bons. 

Talvez meu perfil não seja o tipo que vai atrair milhares de seguidores e existe algo de errado nisso? Não existe. 

Muitos artistas construiram trajetórias incríveis quando foram recusados, e existe muita gente massa no mundo fazendo diferença na vida das pessoas que não estão nem no Instagram. Talvez a gente esteja querendo que nossa felicidade caiba numa ideia de sucesso que não é o que nos faz mesmo feliz.

Se eu não tivesse as recusas que tive, eu não teria espaço para pensar no que eu realmente quero. 

Existem parcerias que podem acontecer de forma muito mais autêntica e sensível, como foi o caso que tive esse ano com a @macabeia_edicoes que me enviou o livro da Danuza Leão, ou do grupo @fazia_poesia que me convidou para divulgar a oficina deles. 

Algumas rejeições servem para nos levar a lugares diferentes do que a maioria te indica, e não para te fazerem duvidar do seu valor.



13.9.20

Como se destacar na internet? (um desabafo)



Pronto, cheguei no momento da transição do hobby para o "vou assumir que gostaria de ter alguma renda com o que estou fazendo diariamente aqui". Talvez se eu fosse rica, tivesse um emprego estável e que me deixasse feliz eu continuaria fazendo tudo que já fiz - (e já foi bastante) como hobby, sem me preocupar em ser reconhecida ou chegar em mais pessoas.

Em 1 ano eu: lançei 15 epísódios no podcast; 22 cartinhas na newsletter, 27 vídeos no Youtube, há 3 anos tenho postado TODOS os dias no Instagram resenhas de livros, dicas e reflexões - e veja bem, eu não estou cobrando nada de ninguém, porque sim, a vontade de fazer tudo isso inicialmente é porque gosto. Eu to me doando de graça e a gente tá trocando e tem sido maravilhoso assim. 

Muitas vezes eu já quis parar com tudo isso e me focar em fazer outra coisa da vida, e talvez eu vá se eu for tendo certeza mesmo que tudo isso não vai poder me dar nenhum retorno financeiro, pois não vai ter como conciliar com algum emprego que pague minhas contas e que eu possa me alimentar. 

Não sei se não ficou claro, mas eu não sou herdeira. Por enquanto eu tenho um conforto básico de morar com minha mãe, não pago aluguel, nem luz, nem água (pago internet e algumas coisas de alimentação), mas sou gente, tenho desejos, e preciso pensar em algum dia ter independência financeira. 

Sempre estou falando de consumismo aqui, sobre não ter o luxo de comprar tudo que é tão bombardeado no Instagram: viagens, ipads, tablets, cadernos caros e todos os lançamentos mais chics das editoras, porque essa é a minha realidade. 

Tudo que compro é hiperpensado, porque eu sei que faltaria na hora de pegar um ônibus ou almoçar. Pela primeira vez na vida, esse ano, eu ganhei um dinheiro relevante com minha arte, quando passei em dois editais diferentes com obras diferentes. 

Mas sabe? Eu nem consegui comemorar de verdade, porque tudo que eu pensei era que eu tinha que guardar esse dinheiro como se fosse o maior tesouro do mundo, pois eu não sei o dia de amanhã. 

Tava conversando com uma amiga que pro pobre é esse o pensamento, a gente não consegue ficar feliz com as conquistas porque o maior medo é passar fome e eu já tive na minha infância dias que a maior alegria era quando tinha leite pra semana. 

Quando eu tive meu primeiro emprego metade do meu cartão de crédio era com comida, porque eu podia pela primeira vez comer o que eu quisesse. Até hoje eu penso "quando tiver dinheiro vou comprar essa geléia de frutas vermelhas", porque conto nos dedos as vezes que comprei algo assim. 

Teve um ano da faculdade que eu marcava o dia que caia a bolsa pra comprar um açai achando que é um jantar de 200 reais e ficava feliz por 2 min pensando que não poderia comprar de novo até mês que vem. 

Eu marco na agenda os dias de lazer, porque lazer custa dinheiro, apesar de eu sempre tentar inventar modos de ter lazer com pouco: um passeio de bicicleta (comprada de segunda mão e que me dá dor nas costas porque não tenho dinheiro pra ajeitar), uma ida na praia. 

E sim, eu sei que tem gente que passa muito mais necessidade que eu, obviamente não to achando que você teria a capacidade de pensar que eu to dizendo que sou a pessoa mais pobre do mundo, porque eu não sou. 

Mas eu sou uma pessoa, com desejos, sonhos, contas e sem remuneração que tá fazendo um monte de coisa, que hoje, na necessidade que me vejo, parece ser nada, porque não esta sendo reconhecido o suficiente para que eu possa imaginar um dia ter renda para sustentar essa pessoa que ta aqui escrevendo pra vocês. 

E estou nesse momento, em que eu penso em pedir ajuda para você, que talvez eu não conheça muito bem, que também não sei pelo o que passa e que talvez não possa me ajudar porque também passa pelo mesmo que eu. 

E tem tanta gente pedindo ajuda todo dia. Existem mais de 200 milhões de canais no youtube, milhares de perfis no instagram, nas redes sociais todas. Muita gente que tá fazendo o mesmo que eu, há mais tempo até (outros não, tão há 2 anos, já são privilegiados o suficiente e ainda ganham toda atenção do mundo rsrs). Muita gente também dependendo do financiamento de vocês e eu fiquei pensando, então como eu iria conseguir? "ah, ache seu diferencial". Meu diferencial é que eu sou extremamente comum, é isso.

Não sou maravilhosa, extraordinária, incrível, fada sensata, perfeita. Não faço nada inédito, e nem tenho o ego inflado de achar que faço, também porque não acredito mais em originalidade. Eu acredito em PESSOAS e pessoas são únicas. Eu sou única, mas não sou a mulher maravilha. Nâo tenho um super poder. Eu choro (escrevendo isso), eu tenho raiva, eu sou de carne e osso e sentimentos. 

Não sou extraordinária, aqui é a história de mais uma cearense, que sabe que tá em um dos lugares com menos incentivo à cultura no Brasil, que pensa em ir pra SP, "pra tentar a vida", como meus antepassados faziam há décadas porque nada mudou. Quantos nordestinos você acompanha no youtube/podcast? Quantos CEARENSES?  

Eu não vim de uma família leitora, minha vó teve 19 filhos (eu não sei se você consegue entender o que é isso), era anafalbeta e nenhuma das minhas tias terminou o ensino médio (minha mãe foi a única), meu pai não terminou o fundamental e sei que eu, duas gerações depois da minha vó, estar na internet falando de livros e estudos, morando na periferia da cidade (de uma cidade que já periferia cultural do país) é algo incrível. Eu fui a única pessoa da família a se forma numa Universidade Pública. A única. 

Mas hoje minha cabeça só tava latejando pensando, como eu vou ganhar dinheiro depois da faculdade? Eu estou lutando tanto para permanecer firme acreditando que a arte e a educação são minha bandeira, mas e se eu não tiver forças pra segurar e precisar desistir de tudo? Eu não sei.

Esse texto não é nem um pedido oficial de financiamento do meu trabalho na internet, mas só um desabafo, daqueles que vocês já conhecem. Porque não vou dizer que não é triste ver as poucas visualizões no canal, ver que tenho que chegar a 1000 inscritos para faturar com uma empresa bilionária (Youtube), enquanto eu vou contar as moedas que recebo. 

Eu juro que não queria reclamar disso, nem me importar tanto com isso. Porque lá no fundo eu acredito que meu valor é maior do que números, lá no fundo eu sei que o pouco reconhecimento que tenho e nunca ter ganho financeiramente NADA (nem livro de editora, que é só um osso pra cachorro) eu já ganhei, mas sei que não tem diretamente a ver comigo ou com meu valor como pessoa. 

As redes sociais são também um negócio, um ramo, com estratégias, já está escancarado. Também não estou desmerecenco o trabalho de pessoas que conseguiram crescer seus números, dizendo que "são só números e não tem valor". Números carregam valor, mas a falta deles não diz respeito a falta de valor do conteúdo. (apenas falta de valor financeiro). 

Se você tem um canal com bons números, eu não estou desmerecendo que isso foi conquistado com um ótimo e árduo trabalho. 

Pessoas bem sucediades não são ruins, não quer dizer que você fez algo errado pra ser bem sucedido. To frizando isso por já ter ofendido, sem intenção, alguém porque afirmar que essa pessoa tinha bons números, como se isso foi um crime e eu tivesse dizendo que bons números são uma farsa. 

Não sei qual o sentido dessa associação. Mas é como se sentir ofendido por ser rico... rs. Você não é ruim por ter bons números, você tem, você trabalhou por isso, você faz um bom conteúdo, ambos têm valor.

Assim como pessoas pobres e sem reconhecimento não são sempre maravilhosas e injustiçadas. Não é isso. 

Mas aqui eu estou falando do lugar de alguém que tá produzindo conteúdo na internet há bastante tempo e sendo sincera de não ter descoberto a chave de fazer isso me render algo financeiramente. 

E eu to falando isso porque... estou precisando de dinheiro e comecei a pensar que já que passo tanto tempo com esse hobby, essa poderia ser também uma fonte de renda. Mas não tenho confiância que possa dar certo. 

Não sou ingênua de dizer que não há sim uma série de coisas que envolve mais do que a essência de um bom conteúdo. Que eu não sei qual é o "mistério", que eu não acho que é só constância, e blabla ai que tão dizendo, mas não sei o que é.

E eu to no meio de uma decisão entre parar tudo para conseguir algum trabalho (que não sei como) ou acreditar que o que faço na internet e gosto e vocês gostam pode me gerar retorno financeiro.

Não vai ser por eu fazer um trabalho extraordinário, inédito e fenomenal que vou me destacar. Não sou um fenômeno, não vou viralizar. Não sou um vírus... eu sou uma pessoa e a complexidade de ser alguém já é gigante.


5.2.20

Parcerias com editoras - de onde surgiu essa bomba atômica




Estou há apenas 5 dias sem Instagram, mas parece que faz um mês, só pra você vê o quanto essa realidade virtual está entranhada no meu cérebro. 

No entanto, hoje acabei acessado pelo perfil da minha mãe (eita, será uma recaída?) algumas coisas e me deparei com uma postagem da Vra Tata sobre parceiras com editoras e fez TANTO SENTIDO.

Pra quem não sabe o que é, (eu também não sei na prática porque nunca fui """parceira""" de nenhuma editora), algumas editoras abrem anualmente inscrições para produtores de conteúdo da internet, se aceito, a editora manda livros de graça e você tem que escrever sobre eles nas suas plataformas. O questionamento da Vra Tata é: quem ganha mais com isso? Ou melhor, quem lucra mais? 

A princípio parece que uma mão lava a outra, mas é importante frisar a questão: isso não devia valer para todo mundo igualmente. E o que as redes sociais fazem é justamente polir as diversas nuances que nos fazem sermos diferentes para tentar massificar as realidades, para tentar nos tornar todos iguais ou queremos ser iguais a certas pessoas com algum status de valor. 

Acho que a base do que a sociedade valoriza não muda, mas se maquia: no fim todo mundo quer... poder. Hoje, atenção é poder. Se você é uma pessoa a qual as pessoas prestam muita atenção ou pelo menos em números parece que você tem muita atenção, isso lhe dá... poder.

Pra que você usa esse poder? Eu não sei, e pelo o que estou vendo, não parece que a gente estava usando ou pessoas com grande números de seguidores estava usando para mudar muita coisa, já que bem... as coisas estão piorando no planeta Terra de forma drástica. 

Foi percebendo tudo isso que eu vi que eu precisava tentar sair um pouco desta ilusão, um movimento mesmo extraterrestre, já que ficar fora do Instagram, por exemplo, reduziu meu contato com MUITA gente. E estou me sentindo sim um pouco fora da órbita, há 5 dias não recebo avalanches de informação, não vejo um número gigantesco de imagens que nem consigo processar, estou mais isolada, não tenho falado/interagido com amigos a não ser aqueles que já falavam comigo no whatsapp, mas estava preparada para entender que ficarei uns 5 meses sem falar com algumas pessoas, e tá tudo bem!


Voltando um pouco porque eu fui longe demais, parece vantajoso o fato de que eu sendo uma leitora que eventualmente vou comprar livros venha a receber alguns lançamentos de GRAÇA e tire só uma meia horinha para falar desses livros, um favorzinho mútuo que estamos fazendo.. uma parceria.... mas amore, você acha que Bruna Marquezine recebe tudo de graça na casa dela e nunca é paga por assim do nada recomendar, fazer umas fotos e em "meia horinha" escrever sobre os tênis da Puma? Claro que não! 

Aliás, acabei de ver que cada postagem da Tatá Werneck, por exemplo, rende cerca de 50 mil reais para ela. Enquanto nós, "produtores de conteúdo de livros", passamos horas do nosso dia lendo e pensando no momento de fazer uma postagem (eu pelo menos estava funcionando assim), procurando um diferencial (essa eu achei muito boa, é sempre uma dica que encontro sobre produzir conteúdo na internet - que diferencial, amada!!)

Assim como uma editora do porte da Companhia das Letras, Globo, Record, mesmo trabalhando em algo tão valioso para nós como é a leitura, é antes de tudo uma EMPRESA, e ela vai pagar publicidade para outras pessoas que ela considera mais importante, quem tem mais "poder" (de influência) e não para você. A gente se valoriza tão pouco né? 

Por isso que quem vai sair com mais vantagem nessa "parceria" é obviamente a empresa, mandar um livro pra sua casa é nada comparado com o lucro dela, e para mim? Tirar duas horas do meu dia para estar no Instagram, fazendo mil malabarismos para ser "notada", aumentar números de interação, planejar postagens em horas de pico, etc etc, horas do mês lendo um livro SÓ PORQUE FOI MANDADO PRA MIM... será que eu não estava me doando muito mais pra continuar fazendo funcionar um negócio que em anos eu vou ter ganhado o que com isso? 

Agora um parentese: se é realmente esse seu sonho de infância e sua grande meta para daqui há cinco anos é ser parceira de uma editora por este tempo na expectativa de ganhar muitos seguidores e de alguma forma viver financeiramente dentro deste processo (mesmo que nunca chegue aos R$ 50 mil da Tatá Werneck), bem, você provavelmente já deve ter parado de ler esse texto, então vá em frente! (mesmo!). 

O problema é quando quase inocentemente alguém que gosta de livros resolve apenas criar mais um perfil literário porque vê na internet esse espaço maravilhoso de compartilhamento e conexões humanas e entra na toca do coelho de se perceber ""querendo"" e se esforçando mais do que imaginava para ser bem sucedida nesse esquema. 

Novamente, se você consegue balancear sua vida, e atingir seus objetivos pessoais e profissionais e ainda assim dedicar um tempo para comentar de graça sobre esses livros e que isso não é nenhum problema para você, tudo ótimo. Mas sempre bom pensar como isso atinge os outros, quando a gente se torna mais um elemento para engrossar esse caldo.  

Eu não estava conseguindo, por isso saí. Eu deixei de lado em 2019 várias questões que eu precisava resolver, para dedicar cerca de 2 horas por dia (o tempo que eu ficava no Instagram), percebendo que isso parecia um trabalho meu, e não era. 



Eu não sou capaz de agora, balancear isso, então preferi me afastar totalmente para encontrar o equilíbrio e a razão de ter escolhido outras coisas da minha vida. Em 2019 eu não dediquei diariamente 2 horas por dia para estudar teatro, atuação, etc. Por que eu imergi então nas redes sociais assim? Resposta: recompensa rápida (e ilusória, no meu caso).

Nos valorizamos tão pouco mesmo que aceitamos ser transformados em massa homogênea, quando a tal editora manda o mesmo livro pra 100 pessoas e todos os 100 trouxas que talvez nem quisessem aquele livro vão falar sobre e fazer com que mais 100 trouxas comprem um livro que talvez eles também nem quisessem comprar... não agora. 

Eu não exatamente o quanto que eles lucram, mas o que eu vejo de nocivo é que funcionando SÓ desse modo, não estamos produzindo conteúdo, estamos produzindo desejos e o livro se torna só um objeto envolto em uma relação totalmente mercadológica, o que não faz sentido então atribuir um significado revolucionário se como ele nos chega e é repassado está totalmente imerso nessa lógica mercantil.

Sendo parceira de uma editora grande, eu vou receber cerca de 12 livros no ano, que poderiam ser livros que talvez eu não quisesse ler agora, mas vou precisar tirar o meu tempo pra fazer aquilo, e dai a gente toma isso por vantajoso apoiado em duas noções perigosas: acúmulo e status de poder.



E ai alguém diz: "Eu acho vantajoso porque quanto mais livros melhor, porque eu vou aumentar minha estante, porque em teses seriam livros que eu provavelmente compraria, etc, etc.", o que também quer dizer "e eu publicizo isso porque me dá um status de relevância, de ter sido escolhida por aquela empresa para representá-la". Mas não fia, eles não sabem nem seu nome! Acredite. 

Sua importância e relevância no mundo não é o que seus números mostram, e nem sempre isso é totalmente real, uma pessoa sem muitos seguidores pode ser tão foda e relevante e interessante quanto uma com milhares, e temos que quebrar com esse raciocínio do valor de uma pessoa estar atrelado a esses números urgentemente, pois isso está adoecendo as pessoas! ME adoeceu e eu sei que não sou a única. 

Então se a gente se submete a esse processo, estamos ajudando a roda a girar de um jeito só, como disse a Vrá Tatá.

Mas óbvio que de tanto a gente seguir pessoas que tem parcerias e parecem felizes e contentes, você quer ter também, é isso que o Instagram faz com você: é um espaço que produz desejos que você não tinha até ver outras pessoas terem coisas que você nem achava que "precisaria" ou tinha desejo de ter. Por que estamos no que? No capitalismo.

Eu sei que todo esse texto parece ofensivo para pessoas que realmente se esforçam para criar algo na internet, desculpem, não quis mesmo ofender ninguém nem deslegitimar o trabalho de vocês, eu encontrei muitas pessoas que admiro acompanhar na Internet e torço muito por cada uma, são pessoas que mesmo eu estando fora do Instagram procuro acompanhar em outras plataformas como Youtube e podcast, mas numa frequência bem  reduzida e mais saudável para mim. 

Eu sei que para algumas dessas pessoas é realmente esse o trabalho que elas querem ter e precisam, infelizmente, dançar conforme a música.  

É só que as redes sociais ainda não estabeleceu uma fronteira, como em outras áreas, por exemplo, nem todo mundo quer ser advogado, dentista só porque vai no dentista ou usa servições de um advogado. 

Já o Instagram é uma ferramenta que se iniciou para publicar comportamento, vida pessoal que se transformou em "como fazer da sua vida um rendimento capital" (algo me diz que esse era o objetivo malicioso desde sempre). 

Por mais que os booktubers, bookgrams digam "esse é o meu trabalho, não se baseie por mim", a fôrma, ou seja, a plataforma de comunicação diz: se baseie por mim. 

Então, um "consumidor" vê alguém que está há 7 anos trabalhando para chegar num patamar x, e é impulsionado a achar que se fizer certas coisas isso também o fará importante. 

Eu não falo isso só porque foi algo que ocorreu comigo, eu sei que não é assim com todo mundo, mas é assim com muita gente, eu acho simplesmente muito bizarro ver pessoas no dia a dia usando a linguagem de influencers e "blogueirinhas" e se importando com o número de seguidores quando o trabalho delas real não depende disso.


Vi também que está crescendo o a quantidade de produtores parando com seus conteúdos justamente por estarem muito ansiosos com tudo isso, Vi recentemente uma youtuber de bullet journal, a Amanda Rachel Lee (VEJAM ESSE VÍDEO!), com um depoimento muito importante e sincero. Não estou torcendo para todo mundo fazer isso, não mesmo! Porque é no fim extremamente triste que tenhamos que chegar a um estado mental de exaustão até decidir dar um tempo como a Amanda, é triste, isso nos entristece um pouco porque foi dedicado um tempo enorme para isso que agora tomou de conta das pessoas de um jeito negativo. 

"Eu sou estou tentando desenhar e me divertir na internet" (Amanda Rachel Lee)

Claro que isso não vai acontecer com todo mundo, não é como se fosse tipo predeterminado ou inevitável, eu conheço pessoas que simplesmente estão na internet há muito tempo e não se afetam assim de maneira alguma, mas são minoria e acredito que está atrelado, claro, a um fortalecimento interior e pessoal. 

Pessoas inseguras e com algum problema podem piorar com as redes sociais, pessoas que talvez não sejam inseguras nem tenham problemas com comparação e toda essa ideia de sucesso podem passar ilesas, mas a nossa sociedade em geral não é desenvolvida para  que pessoas cresçam assim, infelizmente. Não é que as redes sociais criem pessoas inseguras e com problemas de ansiedade, mas acredito que piora quem já tiver algumas dessas questões. 

Piora porque funciona como o mundo já funciona: competitivo e capitalista. E falar de livros, por mais incrível que seja, dentro dessas plataformas se deixarmos levar essa comunicação pela mesma lógica, então também é só mais um tipo de válvula do mesmo cano de esgoto. (desculpem, ser tão agressiva!!)

É só que precisamos discutir mais sobre isso, ou eu preciso, não sei, existe muita coisa muito mais importante para se debater no mundo, claro!! Mas dentro de uma certa bolha de privilégios para se preocupar, eu vejo que isso afeta muita gente, está afetando nossos adolescente e nossas crianças até! E.. principalmente mulheres sim! (prestemos atenção). 

E quando a gente vê tanta gente jovem dizendo que sente tanta pressão nas redes sociais e em criar conteúdo é tão absurdo que tudo isso tenha gerado essa pressão enorme e ao mesmo tempo, fútil, digo isso pra mim mesma, quando a gente podia estar sentindo toda essa angústia com tipo... o mundo como é... mas as redes sociais nos tornou tão tão individualizados... e como quem "trabalha" com isso não pode tirar um tempo off, e tem que agir daquele jeito (preocupado com os algorítimos), porque se não, não vai atingir tais objetivos, (como ser paga para divulgar uma editora, por exemplo). 

Um trabalhador não tem que avisar a todo mundo que vai tirar férias e se preocupar se vai perder seu emprego, pois isso é direito garantido, mas um produtor de conteúdo tem meio que "milhares de chefes". Enfim, é tudo muito bizarro e as pessoas não falam sobre tudo que está por trás o que gera tudo isso, apenas agem como se fosse tudo natural.

Esse texto está extremamente gigante, e eu acabei dedicando algumas horas para escrevê-lo, mas eu preciso mesmo formular esse pensamento e externalizá-lo, para compreender tudo isso melhor, e a importância das minhas decisões. 

Este ano eu tentei, sim, parceria com duas editoras, não passei, pois não estava enquadrada em tudo isso que eu disse. De início me bateu um "poxa vida", que passou pois já tinha excluído a conta e meio que deu menos vontade de voltar e me fez pensar nessas questões. E você pode pensar "ah, tá falando tudo isso por inveja e frustração", mas não, como já citei, pessoas "bem sucedidas" na internet também estão falando disso.

Desculpa, mais uma vez, se de alguma forma fui agressiva, nada disso é direcionada para ninguém específico, só precisava mesmo refletir melhor sobre essas coisas. 





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