30.7.18

[conversas] Reprimir machismo é um avanço




Quando alguém diz pra não julgar a literatura ou a arte de um ponto de vista ideológico, querido, ele já ta empurrando uma ideologia, mas no caso a dominante.

sobre a colocação de Mario Vargas Llosa

"em pretende julgar a literatura – e creio que isto vale em geral para todas as artes – de um ponto de vista ideológico, religioso e moral sempre se verá em apuros. E das duas uma: ou aceitam que essa atividade esteve, está e sempre estará em conflito com o que é tolerável e desejável a partir de tais perspectivas, e portanto a submetem a controles e censuras que pura e simplesmente acabarão com a literatura, ou se resignam a lhe conceder aquele estatuto de cidadania que poderia significar algo parecido a abrir as jaulas dos zoológicos e deixar que as ruas se encham de feras e alimárias."

no caso ele estava atacando o feminismo dito por ele "radical", como se o machismo fosse algo indecente e não aceito na sociedade, ah vá, se tem algo que é muito bem aceito na literatura e nas artes é o machismo. Esse tipo de pensamento tenta confundir revolução com repressão moral, religiosa, quando tanto a moral dos bons costumes como a religião aceitam e apoiam o machismo. Agora estão querendo nos convencer de que feminismo é "politicamente correto" de forma pejorativa como se o papa fosse feminista, como se a santa igreja católica fosse feminista, como se fazer o correto para as mulheres seria destruir a humanidade, ou como ele mesmo disse, destruir a literatura. Ou será que então o Sr. Llosa não está apenas assumindo o quão danoso a literatura foi ao longo dos séculos para as mulheres, para a imagem que temos hoje das mulheres? Por que se criticar a literatura pelo viés feminista é acabar com a literatura, então algo muito estranho foi construído ao longo dos anos. Sem contar que ele descarta totalmente o trabalho de feministas que fazem literatura e da melhor qualidade. Tá querendo dizer que a busca pela libertação da opressão da mulher tão bem representada pela arte que que homens fazem seja algo "careta" e "politicamente correto". Tá dizendo que agora por conta do feminismo os homens estão com medo de se expressar? Imagina ser mulher desde que o mundo é mundo, seu Vargas Llosa, pra você saber o que é medo.

como fiz a maravilhosa Adelaide Ivánova aqui é anarcobucetismo.




15.7.18

[Conversas] Por que ainda nos importamos tão pouco com as mulheres?

"Porque há o direito ao grito. Então eu grito. Grito puro e sem pedir esmola."
Clarice Lispector


Foto de Jamille Queirox


A queima às bruxas não é levada tão a sério historicamente quanto o holocausto, ou a escravidão. Talvez pela "quantidade', talvez pela imprecisão dos dadosm talvez pela falta de pesquisa. O fato é que muita gente entende o quão abominável foi a escravidão da população negra ou o holocausto dos judeus, apesar de ainda reproduzirem racismo e xenofobia. Mas as pessoas em maior parte ainda se recusam a refletir no exterminio silencioso das mulheres e ao longo da história, ou na violência extrema de uma época em que queimavam mulhres em praça pública e insistem em justiicar misoginia com contexto histórico. Por acaso o contexto histórico justifica a escravidão, o holocausto? Por que então quando lemos um filósofo, escritor machista a gente fala "mas tem que levar em conta a época"



13.7.18

[Diário/Pessoal] Sobre o blog e o tempo (e sobre o Serendipity, blog da Melina Souza)

Hoje, sexta-feira 13 de Julho, e segundo diz o calendário ocidental, estamos ao fim da segunda semana de "Férias" e fiquei com vontade de escrever alguns pensamentos que tive nesses dias. 


02/10/2016

Primeiro falar da minha volta ao blog, eu sempre soube que esse blog era meu espacinho "secreto", mesmo estando aberto pra qualquer um vr, eu sei que quase ninguém lê, a não ser quando eu divulgo em outras redes (e pouco); tenho o blog desde 2011 (e tinha outro desde 2008), e pensando aqui se eu tivesse sido uma blog-ueira mesmo empenhada em conseguir visulizações e seguidores, talvez esse espaço estaria sendo bem visitado hoje. E engraçado é que sempre falei dos livros que lia aqui, sem nem saber que existia booktuber, e antes da onda de instabookers também.

Mas de forma alguma digo isso me enaltecendo ou me achando vanguardista nem me arrependendo de não ter tido essa "visão empreendedora" com o blog, pois não tinha mesmo esse interesse, meu prazer era apenas registrar o que me inspirava em livros, filmes, músicas e outras referências. 

Apenas esss dias fiquei observando algumas pessoas conhecidas na blogosfera como a Melina do Serendipity, que também começou a ter blog na mesma época que eu (mas eu só vim a conhecer ano passado). Quando coloco uma aparente comparação, não é pra rebaixar ninguém e nem m rebaixar. É quase impossível no mundo da internet isso não acontecer  pode ser pra algo positivo ou negativo. Neste caso, quando cito a Melina não estou falando de algo negativo, apenas foi um gatilho pra eu pensar minha relação com o blog ou com me divulgar na internet. 

A olhar postagens antigas da Melina no blog dela me deu muita saudade de voltar a publicar mais no blog e como uma forma de diário, algo que também fazia muito. Nunca tive diário em papel, pois me acostumava a vir no blog e jogar meus pensamentos, muitas vezes escrevia só algum poema e me sentia bem. Mas não tive a vontade de ter muitas visualizações ou me senti frustrada por saber que não há essa popularidade. Claro que a interação é ótima, e lembro que de vez em quando (a cada ano haha) aparecia alguém dizendo que gostava dos meus textos e isso já era alegria suficiente pra mim. Ganhar a vida com isso eu sei que não vai acontecer. 

Assim, me sinto hoje voltando mais pra minhas origens, curiosamente uma pessoa muito popular me fez não me importar em ser ou não popular. Porque mesmo qu eu não me identifique exatamente com o conteúdo da Melina, é possível perceber que ela faz isso com muito carinho e fui rever minhas postagens antigas e vi como eu tinha muito carinho em cada postagem; amor de falar sobre um livro que lia, um autor, um filme, uma imagem. E acho que é essa a essência de estar nas redes sociais mostrando algum trabalho, ou algum hobby. Não separo o mundo dos livros e a escrita do meu "trabalho", mesmo não ganhando nada com issoo aqui (no meu trabalho eu também quase não ganho dinheiro, ser artista é osso haha), tudo que leio é material de construção artística, é tijolo que me forma, todo momento que decido escrever, nem que seja um texto no blog é aprendizado, é exercício. 

Eu estou tendo muitos pensamentos diferentes esse ano, esse mês, não sei se os astros explicam, mas tm sido um ano bem importante de movimento dos ventos! Não posso terminar esse texto dizendo qu tá tudo bem, good vibes total, pois essa não é minha praia, mas tem sido bom, romper algumas coisas, voltar para si, se redescobrir. A gente sempre fala de evoluir e mudar e eu amo isso, mas às vezes a gente descobre que deixou uma parte boa nossa pra trás, é bom olhar pro passado também buscando uma parte nossa que talvez fosse mais sábia antes do que somos hoje. 


07/07/2018




11.7.18

[projetos] Clube de Leituras feministas - Fortaleza



O Clube existe desde 2017 e é organizado pela Ana Carolina. Os avisos das datas acontecem no perfil dela do instagram e no grupo no facebook Clube de Leituras Feministas. Ainda não consegui me programar para ir a nenhum encontro, mas super amo a ideia desse clube extremamente necessário. Aqui fica o registro da programação do segundo semestre. No grupo do facebook sempre que possível eles disponibilizam links dos livros pra baixar e links de outras referências! Vale muito participar!



LIVROS DO CLUBE LEITURAS FEMINISTAS 2018.2: (Clica na imagem pra baixar

AGOSTO: Mulheres que Correm com os Lobos – Clarissa Pinkola Estes


SETEMBRO: Um Teto Todo Seu – Virgínia Woolf


OUTUBRO: Política Sexual da Carne – Carol J. Adams

NOVEMBRO: Objeto Sexual – Jessica Valenti


DEZEMBRO: Calibã e a Bruxa - Silvia Federici


10.7.18

[fotografia] O Amante + Trechos



A história da minha vida não existe. Ela não existe. Nunca há um centro. Nem caminho, nem linha. Há vastos lugares em que é de se crer que houvesse alguém, não é possível que não houvesse ninguém.


E chorando ele faz. Primeiro vem a dor. E então, depois que essa dor é acolhida, ela é transformada, lentamente arrancada, arrastada para o gozo, abraçada a esse gozo. O mar, sem forma, simplesmente incomparável. Já na balsa, de antemão, a imagem teria participado daquele instante



 Acho que já sei dizer o que ela é, tenho uma vaga vontade de morrer. Essa palavra, já não a separo mais de minha vida. Acho que tenho uma vaga vontade de ficar sozinha, assim como percebo que não estou mais sozinha desde que deixei a infância, a família do caçador. Vou escrever livros. É o que vejo para além do instante, no grande deserto que se afigura como a extensão de minha vida


As partidas. Eram sempre as mesmas. Sempre as primeiras partidas pelos mares. A separação da terra sempre se fazia em meio à dor e ao mesmo desespero, mas isso nunca havia impedido que os homens partissem, os judeus, os pensadores e os simples viajantes da viagem marítima, e isso nunca havia impedido que as mulheres os deixassem ir, elas que nunca partiam, que ficavam cuidando do lar, da raça, dos bens, da razão de ser do retorno. Durante séculos, os navios fizeram com que as viagens fossem mais lentas e mais trágicas do que são hoje em dia. A duração da viagem recobria naturalmente a extensão da distância. As pessoas estavam habituadas a esses lentos ritmos humanos na terra e no mar, a esses atrasos, a essa espera dos ventos, dos céus abertos, dos naufrágios, do sol, da morte. Os paquetes que a menina branca havia conhecido estavam entre os últimos correios do mundo. Com efeito, foi durante sua juventude que surgiram as primeiras linhas aéreas que iriam progressivamente privar a humanidade das viagens pelos mares.



E a jovem tinha se levantado como se estivesse indo por sua vez se matar, por sua vez se lançar ao mar, e depois havia chorado porque tinha pensado naquele homem de Cholen e de repente não tinha certeza se não o havia amado com um amor do qual não se apercebera porque ele tinha se perdido na história como a água na areia e agora ela só o reencontrava nesse instante em que a música se lançava ao mar.  


[referência] palavras para atacar - Marcela Tiboni




9.7.18

[Projeto] Leia Poesia

Poesia é meu gênero literário favorito e leio bastante poesia, então esse projeto não seria para me incentivar a ler mais poesia, mas sim pra estruturar ou catalogar o que de poesia eu venho lendo e claro compartilhar com vocês. Ainda tenho alguns livros de poesia não-lidos na minha estante, e alguns bem antigos, resolvi então pegar tudo que falta ser devorado e me organizar pra comê-los este ano. Publiquei a primeira vez uma lista no dia 1 de Maio, mas já tinha coincidentemente lido 3 livros de poesia até então, só não li em Fevereiro, o que dava quase um livro por mês, assim a lista ficou desse modo:


  1. Tambores pra N'zinga (:Nina Rizzi) - Janeiro - e-book (disponível pra download)
  2. Poemas Obssessivos (Mikaelly Andrade) - Março - e-book - publicação independente (disponível pra download)
  3. O Livro das semelhanças (Ana Martins Marques) - Abril - Cia. das Letras - e-book  
  4. Antologia (Adília Lopes) - Maio (esgotado, porém há outro livro dela recentemente lançado aqui)
  5. O Martelo (Adelaide Ivanova) - Junho (comprei na Livraria Travessa)
  6. Náutico (Vitória Régia) - Julho (comprei com a autoria)
  7. Coral e outros poemas (Sophia de Mello Breyner Andresen) - Cia. das Letras 
  8. Antologia Poética - Anna Akhmatova - LP&M
  9. Um amor feliz (Wislawa Szymborska) - Cia. das Letras
  10. Trabalhar Cansa (Cesare Pavese) - Cosac & Naify - esgotado
  11. Poesia Total (Waly Salomão) - Cia. das Letras 

E ai? Vamos ler Poesia? 

Resenha: Seja homem (JJ Bola - Editora Dublinense)

Seja Homem é um livro que busca analisar a construção da masculinidade no patriarcado, discutindo como as práticas do que seria “ser um home...