29.6.22
bresson
Sobre Fotografia - Susan Sontag [Trechos] [leitura 37]
[...] quanto mais eu pensava sobre o que são as fotos, mais complexas e sugestivas elas se tornavam.
11.9.20
Primeira lição de escrita com Ray Bradbury (O Zen e a Arte da Escrita)
"Entusiasmo. Prazer. Raramente ouvimos essas palavras! Raramente vemos pessoas vivendo e, no nosso caso, criando com base nelas! Ainda assim, se me perguntarem sobre os itens mais importantes no figurino de um escritor, as coisas que moldam o seu material e o impelem em direção ao caminho que ele deseja percorrer, eu apenas o aconselharia a olhar para o seu entusiasmo, para o seu prazer."
"Se você está escrevendo sem entusiasmo, sem prazer, sem amor, sem alegria, você é apenas meio autor. Significa que está tão preocupado em manter um olho no mercado, ou um ouvido no círculo de escritores de vanguarda, que não está sendo você mesmo. Talvez nem ao menos se conheça."
"A primeira coisa que um escritor deve ser é animado. Deve ser uma coisa de febres e entusiasmos. Sem esse vigor, seria melhor ele colher pêssegos ou cavar buracos; Deus sabe que isso seria melhor para a sua saúde. "
Primeira lição: as histórias nascem da sua indignação ou empolgação.
Ás vezes nos perguntamos "de onde esse autor criou isso?", Ray conta duas histórias que criou a partir de situações cotidiana que lhe ocorreram e causaram tanta indignação que resolveu escrever sobre.
"O que você mais quer no mundo? O que você ama ou o que odeia? Encontre um personagem, como você, que vai querer ou não querer algo com todo o coração. Mande-o correr. Atire-o para fora. Depois o siga o mais rápido que puder. O personagem, em seu grande amor ou ódio, vai empurrá-lo até o final da história."
4.9.17
Livros teóricos (fichamento): "O Que é Dialética?" e "Drama como método de ensino"
Neste pequeno livro, o autor tentar nortear alguns questionamentos acerca do conceito de dialética, seguindo ao longo do livro um viés marxista. O fato de o autor ter, devido a sua pesquisa, abordado o tema a luz do marxismo talvez deixe o leitor mais leio sobre o assunto um pouco perdido, como foi o meu caso. Resolvi buscar esse livro por interesse pessoal, por ser pesquisadora em arte e curiosa por temas que desconheço. A dialética é um termo chave na filosofia e ciências afins, mas que nos faz também atravessar os acontecimentos levando em consideração questões que se contrapoem, chegando a uma síntese e assim pode nos fazer ter uma visão mais ampla dos assuntos. Entendi que a dialética nos ajuda a pensar o mundo para além do que nos é passado, principalmente nos faz questionar mais a informação que recebemos.
"As condições criadas pela divisão do trabalho e pela propriedade privada introduziram um “estranhamento” entre o trabalhador e o trabalho, uma vez que o produto do trabalho, antes mesmo de o trabalho se realizar, pertence a outra pessoa que não o trabalhador. Por isso, em lugar de realizar-se no seu trabalho, o ser humano se aliena nele; em lugar de reconhecer-se em suas próprias criações, o ser humano se sente ameaçado por elas; em lugar de libertar-se, acaba enrolado em novas opressões"
"Marx não inventou a luta de classes: limitou-se a reconhecer que ela existia e procurou extrair as consequências da sua existência"
"A visão de conjunto - ressalve-se - é sempre provisória e nunca pode pretender esgotar a realidade a que ele se refere. A realidade é sempre mais rica do que o conhecimento que temos dela. Há sempre algo que escapa às nossas sínteses; isso, porém, não nos dispensa do esforço de elaborar sínteses, se quisermos entender melhor a nossa realidade. A síntese é a visão de conjunto que permite ao homem descobrir a estrutura significativa da realidade com que se defronta, numa situação dada. E é essa estrutura significativa - que a visão de conjunto proporciona - que é chamada de totalidade"
A autora propõe em seguida uma reflexão: por que é tão difícil manter a atenção do aluno por 50 minutos, mas os meios eletrônicos conseguem isso falcimente? Em resumo, ela chega ao ponto de que na interação virtual os alunos são agentes. Em que outro momento somos convidados a sermos agentes dos acontecimentos em um ambiente de narração? Os meio eletrônicos tornam ilimitadas as possibilidades de sermos agentes, outro ponto é a capacidade de transformação que o munto virtual proporciona.
"Ser agente e traformar são centrais às linguagens artísticas. Em Teatro Educação o aluno é criador e ator, ele faz e apresenta. Mais ainda, ele o faz e/ou transforma através do próprio corpo" pg 29
Assim, cabe ao professor em face das dificuldades em sala de aula rever suas práticas metodolóficas também, refletindo sobre a qualidade e quantidade do material levado ao aluno.
16.1.17
Fichamento livro: Pina Bausch [Janeiro/2017/leitura 2]
No processo de Bausch, a repetição é usada para desarranjar as construções gestuais da técnica ou da própria sociedade. A repetição torna-se um instrumento criativo através do qual os dançarinos reconstroem, desestabilizam e transformam suas próprias histórias enquanto corpos estéticos e sociais. pg. 46
Aos poucos, o movimentos de sua cabeça torna-se maior e mais energético, e a risada mais alta e forte. Em oposição ao grupo, Benati torna-se cada vez mais despenteada, barulhenta e solta em seu movimento. [...]. Ao atingir seu máximo volume de voz e velocidade de movimento, ela flexiona um pouco sua perna direita e cai com o corpo rígido e tenso no chão. pg 69
A repetição nos trabalhos de Buasch rompe com convenções de "estados interiores de consciência" independentes e isolados e sugere os sentimentos individuais como determinados pela linguagem e relações de poder. pg 72
A repetição abre novas formas de perceber a vida humana no palco e no cotidiano. pg 75
O que eu faço - assisto, (...) Talvez seja isso. A única coisa que eu fiz todo o tempo foi assistir as pessoas. Eu tenho apenas visto relações humanas ou tentando vê-las e falar sobre elas. É nisso que eu estou interessada. Não conheço nada mais importante. (Pina Bausch - Raimund Hoghe)
Treinamento de Dança: Em Bandoneon (1980), o dançarino Dominique Mercy tenta repetidas vezes realizar um passo de balé e sem sucesso cai no chão várias vezes. (...) pela repetição a falha tornou-se parte da sequência tanto quanto a tentativa. É como se ele tivesse (...) contando uma estória sobre poder falhar tanto quanto poder acertar: ambas opções de dança. [...] ele repete porque errou, para tentar fazer melhor da próxima vez, mas erra mais e mais. A cena questiona e inverte a noção de que repetição é um bem sucedido método de aprendizagem. pg 81
[...] Em Kontakthof, Monika Sagon tenta, sem sucesso, fazer a sequência. Após fazê-la uma vez, seu movimento torna-se desajeitado, ela olha para trás para checar o que o outro dançarino está fazendo, e sai do ritmo. pg 84
[...] Pina Baush usa a repetição para expor sua natureza controladora e o reprimido corpo em sofrimento sob seu domínio.
"O cenário (de Café Müller) reflete dança como ausência, e como a própria impossibilidade da dança.. Ao invés de apresentar um palco com dançarinos se movendo ou começando a se mover, a peça apresenta um palco cheio de ausência de corpos - mesas e cadeiras vazias, num espaço silencioso e pouco iluminado. É como se eventos já tivessem acontecido"
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Café Muller |
15.10.16
O Erotismo - Georges Bataille - Fichamento
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Louie Van Patten | Oil Stick on Panel | 19x24in |
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jeff simpson |
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Death & The Maiden by Takato Yamamoto |
26.9.16
Waly Salomão - O que é o Parangolé e outros escritos
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Tropicália exibida em 1960 no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro |
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Relevo espacial A17 |
HO em BRASIL-DIARRÉIA: "É preciso entender que uma posição crítica implica inevitavelmente ambivalências: estar apto a julgar, julgar-se, optar, criar, é estar aberto Às ambivalências, já que valores absolutos tendem a castrar quaisquer dessas liberdades; direi mesmo: pensar em termos absolutos é cair em erro constantemente - envelhecer fatalmente; conduzir-se a uma posição conservadora (conformismos, paternalismos, etc.); o que não significa que não se deva optar com firmeza; a dificuldade de uma opção forte é sempre a de assumir as ambivalências e destrinchar pedaço or pedaço cada problema. Assumir ambivalências não significa aceitar conformisticamente todo esse estado de coisas; ao contrário, aspira-se então a colocá-lo em questão. Eis a questão"
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B47 Bólide Caixa 22 |
"A minha posição foi sempre de que só o experimental é o que interessa, a mim não interessa nada que já tenha sido feito... a meu ver, tudo isso é prelúdio para o que eu quero fazer, um novo tipo de coisa que não tenha nada a ver com modelos, do que se chamou e se conheceu como arte... De momo que a pintura e a escultura para mim, sãu duas coisas que acabaram mesmo, não é nem dizer que eu parei de pintar... não foi isso, eu acabei com a pintura, é totalmente diferente..." Trecho da entrevista de HO a Heloisa Buarque de Hollanda
“Me sinto sentado em cima de um barril de pólvora, enrolado em bananas de dinamite”. Hélio Oiticica
"Como situar a atividade do artista? Para quem faz o artista sua obra? Vê-se, pois, que sente esse artista uma necessidade maior, não só de criar simplesmente, mas de comunicar algo que para ele é fundamental, mas essa comunicação teria de se dar em grande escala, nã numa elite reduzida a experts mas até contra essa elite, com a proposição de obras não acabadas, abertas." - Esquema Geral da Nova Objetividade, 1967
"Ganhar dinheiro não é uma coisa essencial da arte"
"Quer dizer, só a pessoa que tem que prestar contas a um patrão, que é escrava, que é dominada, essa vive na ansiedade demasiada do sucesso ou do temor do fracasso, mas quem não tem esse grilhão, esse peso, está livre para experimentar a vida - Waly Salomão
Tudo pode ser feito. Não se prenda ao "não pode". Fugir diante dos "deve-se" imperativos, como o dia diante da noite - WS.
12.9.16
Vermelho Amargo - Trechos
Exige-se longo tempo e paciência para enterrar uma ausência. Aquele que se foi ocupa todos os vazios. Como água, também a ausência não permite o vácuo. Ela se instala mesmo entre as pausas das palavras.
O amor sobressaltava em mim. Prosperava sem medo e veio sair pelos olhos, nariz, ouvidos, jamais pelas palavras. Investi, sem medida, no verbo amar e me vi mudo. Pela boa o amor me devorava. não projetava outro céu. O amor apaziguava as minhas águas.
a lucidez da solidão enforcava-me, impedindo-me de gritar por ele.
Ao transbordar a vida se faz lágrima e rola salgando o passado morto, mudo, que dorme no canto na boca. Não condimento capaz de temperar o futuro. Só se salga a carne morta. O pranto acontecia pela intensidade dos porquês.
Chorava como se o mar morasse dentro dela. Como marinheiro me senti afogado sob tanto pranto.
Desanuviou em mim a ideia de que as coias existiam alheias a meu desejo. Viver exigia legendar o mundo. Cabia-me o trabalho exaustivo de atribuir sentidos a tudo. Dar sentido é tomar posse dos predicados.
Eu pedalava pelas ruas buscando encontrar-me em cada fim de estrada, no depois da última saudade. Mas também lá eu não estava. A velocidade fortificava a força do vento que varria meus pensamentos, provisoriamente.
3.8.16
[leituras] Zé Celso Martinez Corrêa - Primeiro Ato - Cadernos, Depoimentos, Entrevistas (1958 - 1974)
"Teatro é um bordel? O bordel vive da hipocrisia. Roda viva é assim o antiborde; é a denúncia do bordel. Mostra esse bordel de mundo. [...] Arte teatral pela sensibilização de uma ação. A libertação através de sua reconciliação com a razão. A vinculação da arte ao princípio do prazer. Não é a ética e a moral, mas a realização do instinto orgânico, do sentido da felicidade, abrindo para a libido. [...] O estado de consciência em si mesmo não é nem determinativo nem negativo do caráter da obra de arte. Uma consciência presa por uma aberração sexual, conseguindo se exprimir em obra, sabendo criar um sujeito novo, será válida como as de Goya, Van Gogh, Antonio dias etc. Não é "o" mal se ela excita sexualmente, porque ela visa além disso: além de excitar, ela subverte
Agredir o mundo pacato do cidadão aparentemente bem satisfeito e revelar o que se quer esconder. [...] E o quanto a obra pornográfica não tem ajudado na compreensão da realidade, principalmente com Sade?
Nós recusamos tudo o que impede a realização da nossa personalidade e nos contentamos na esfera dos sonhos... a poesia da transgressão escandalosa é uma forma de conhecimento: mostrar coisas por outros ignoradas
[...]
Roda Viva é pornográfica? Não. Se fosse eu diria. E não teria problema. A pornografia pode ser uma forma de conhecimento. E, portanto, de arte. O que é a pornografia? É o que é feito com a função explícita de provocar a excitação sexual. [...] Roda Viva abre o jogo e mostra o sexo como uma coisa saudável divertida, que está na raiz de muitas coisas. A pitada de sexo para despertar. Seu objetivo é mostrar tudo que os meios de comunicação de massa utilizam, numa sociedade repressiva para manter o cidadão distraído.
Roda viva não é "para ganhar dinheiro". Nem é falta de honestidade.
(Zé Celso, Notas sobre a campanha da deputa Conceição da Costa Neves contra Roda Vida, junho de 1968)
Tchecov é um cogumelo
13.7.16
Laços de Família - Clarice Lispector - Trechos
.Trechos.
O mundo se tornara de novo um mal-estar. Vários anos ruíam, as gemas amarelas escorriam. Expulsa de seus próprios dias, parecia-lhe que as pessoas da rua eram periclitantes, que se mantinham por um mínimo equilíbrio à tona da escuridão — e por um momento a falta de sentido deixava-as tão livres que elas não sabiam para onde ir. Perceber uma ausência de lei foi tão súbito que Ana se agarrou ao banco da frente, como se pudesse cair do bonde, como se as coisas pudessem ser revertidas com a mesma calma com que não o eram. O que chamava de crise viera afinal. E sua marca era o prazer intenso com que olhava agora as coisas, sofrendo espantada. (Amor)
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Judi Dench |
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Nastya Zhidkova |
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Desde dezembro o correio nunca me fez tão feliz, recebi presente de amigo secreto, recebi livros de aniversários, recebi cartinha e desenhos...
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Amoras é um livro voltado para o público infantil, escrito pelo rapper Emicida, com ilustrações de Aldo Fabrini, lançado em 2018 pelo selo C...