26.2.16

There's a bluebird

existe um pássaro 
você o colocou na janela e disse "estou te deixando livre para se você quiser voar" 
mas de vez em quando deixava uns grãos de comida para que ele voltasse 
ele não conseguia perceber 
que poderia ter mais em outro ninho, 
em seu próprio ninho 
não percebia que poderia se alimentar sozinho. 
ele ainda tinha tanta fome 
mas ele pensa que é melhor isso do que nada
então ele volta
até que essa comida perde o gosto
até que sua fome não se sacia
até que ele aprende a não voltar
agora ele só voa em altitudes e profundidades 
das quais a janela não tinha




Diário 26

fica um vazio estranho, uma falta, ah é você, você faz falta.
mas que você falta? o que de você faz falta? os seus carinhos que só apareciam no meio da noite?
suas ligações esporádicas? sua preocupação de papel? e será que faz falta você querer minha presença somente
quando lhe convém? será que faz falta a sensação de não saber se posso contar contigo?
será que faz falta essa sensação de caminhar por uma corda bamba no abismo?
ah, o perigo, o perigo parece delicioso não é? ser surpreendido parece delicioso
parece, mas não quando a constância é somente a inconstância
não quando o frio na espinha nunca se transforma em borboletas dançando quentes na sua barriga
por saber que aquela pessoa está na sua vida
não sinto falta de não estar na sua vida, pois eu não estive, eu deixei a minha porta totalmente
escancarada pra que você entrasse na minha, mas não podia te puxar pra dentro.
eu só tentei fazer com que você quisesse entrar
não foi suficiente.
eu não fui suficiente?
tento pensar que não é isso, do contrário o que me restaria? 
dias tomando vinho e vomitando minha auto-estima decaída ouvindo a case of you
então não, não sou eu que não soube fazer você entrar
você não quis por alguma questão sua que eu não vou saber e não importa.
eu não posso cair nesse abismo
você me desequilibrou da corda mas eu não cai, eu segurei nela, na corda da minha vida e estou
aos poucos voltando pra montanha, eu vou voltar para o pico e olhar o abismo de cima.
e talvez esse abismo seja você, é tão bonito ver de fora.
e essa falta? e esse vazio? é porque isso que não saímos de prisões sentimentais
porque algo dentro cresce completamente sozinho e quer ser alimentado
e alguém vai alimentando ao poucos, deixando algumas folhas amarelando
não é capaz de cuidar da planta de verdade
nem é capaz de deixa-la de vez
existe um pássaro 
você colocou na janela e disse "estou te deixando livre para se você quiser voar" 
mas de vez em quando deixava uns grãos de comida 
para que ele voltasse 
porque ele não conseguia perceber que poderia ter mais em outro ninho, 
em seu próprio ninho 
não percebia que poderia se alimentar sozinho. 
ele ainda tinha tanta fome mas ele pensa que e melhor isso do que nada
NÃO, é melhor o nada do que esse gosto amargo de um fim que já começou desde o princípio.
ChihHsien Chen on Flickr.


15.2.16

Não-resenha da novela "A Mulher Desiludida", de Simone de Beauvoir

"Mas eu sei que me mexerei. A porta se abrirá lentamente e eu verei o que tem detrás. É o futuro. A porta do futuro vai se abrir. Lentamente. Implacavelmente. Estou no limiar. Só existe esta porta e o que espreita atrás dela. Tenho medo. E não posso chamar ninguém por socorro.
     Tenho medo."
noell oszvald
Uma mulher aceita que o marido tenha um caso com outra mulher na eterna esperança que ele um dia se canse e volte a amá-la como antes.
O que faz uma mulher estar em uma situação em que de fato não quer?
O que faz uma mulher amar?
O que faz uma mulher ceder até não haver mais fundo para ir mais baixo?
Oh, inferno, será mesmo a monogamia algo insustentável? "Não existe um casamento com tanto tempo sem traições", eles dizem. Por que o amor dele se desfez e o dela não? Por que ela ainda o quer? Por que ela não tenta construir uma vida para ela? Por que ela não vai embora? Por que ela ainda insiste? Por que ela se ilude? Ate quando ela vai aceitar? Como eu queria tirá-la dai. Como eu queria entrar nesse livro e tirá-la dai. Mas só quem pode sair é ela mesmo. Só quem pode sair sou eu mesma. 
Não é uma história para se ter pena, é uma história para exercitar empatia. Pena não é empatia
Eu quero você eu queria que você quisesse só a mim, mas dizem que esse é um sentimento ultrapassado para a nossa época
então eu aceito assim
por que eu aceito?
pra te ter um pouco perto de mim
mas vale a pena só esse pouco?
vale a pena tudo que sofro quando ele não está, tudo que sofro pensando onde ele está, pensando se ele não diz as mesmas coisas que diz pra mim para outras?
e não será ego meu querer que você queria só a mim? 
pode ser, mas será que entendo que é ego por você ou por mim?
sera que saberei não viver assim?
Por que por que it ain't easy to get to heaven when you're going down

14.2.16

Sabor/Teu

Sabor teu
dança na ponta da língua
desce feito suor do
carnaval que não quer acabar
a nossa festa começa depois das três
meu movimento sibilante
brisa ou tornado?
meu coração é marinho
mas não de marinheiro
I go deep
down
down
down
o que você esconde em suas águas?
só dê o primeiro passo
se for para inundações
só chame pelo vento
se quiser furacões
você consegue escutar
a valsa cautelosa
das mãos das ondas
segurando os quadris do ar?

Barbara Morgan
The Desperate Heart
1944

10.2.16

Lendo Hilda Hilst + Trechos do livro "Baladas"

VI - Pressagio

XVI - Presságio 
Balada de Alzira

IX 

Colapso hibernal 
das cousas ausentes. 
Desfila diante de mim
o teu olhar parado. 
Na minha frente 
há figuras de mortos 
tecendo roupas brancas, 
e na tua vida 
há qualquer cousa de triste 
que não foi contado.
Coragem de viver os dias 
sem falar de loucos 
quando há qualquer louco 
no infinito, 
pedindo uma lembrança 
e contei os seus dias de vida 
nos meus sonhos.
Existe um deus qualquer 
nas minhas entranhas.
Pobre loucura 
atrofiando o amor da amada. 
Teu pobre olhar 
atrofiou minha vida inteira. 

H.H.
do livro Presságio 
In: Baladas




BALADAS DE ALZIRA (1951)
(I)
Eu cantarei os humildes 
os de língua travada 
e olhos cegos 
aqueles a quem o amor feriu 
sem derrubar. 


(III)
E nada restou 
das infinitas coisas pressentidas 
das promessas em chama. 
Nada

IV  
Ah! Se ao menos em ti 
eu não me dissolvesse. 
E se ao menos contigo 
ficar pouco de mim 
lembrança de algum dia 
ou meu nome guardar 
um momento de sol...  


Se ao menos existisse 
em nós a eternidade.   

VII  
Restou um nome de bruma 
no meu eterno cansaço.  
Restou um tédio cinza 
no meu todo silêncio. 


Tanta tristeza no meu sono imenso... 


(X)
Agora o amor é inútil 
e inútil o meu consolo. 
Estamos sós.  


Entre o teu amor 
e o meu afago, 
aquele triste mundo de certezas. 

(XII)
O teu gesto de alegria 
nunca será para mim.  

O teu conflito noturno 
este sim 
pousará na minha face.   

“ Thank You for Your Love ” by Christian Schloe



4.2.16

Poemas de Wislawa Szymborska (Parte II)

FILHOS DA ÉPOCA

Somos filhos da época
e a época é política.

Todas as tuas, nossas, vossas coisas
diurnas e noturnas,
são coisas políticas.

Querendo ou não querendo,
teus genes têm um passado político,
tua pele, um matiz político,
teus olhos, um aspecto político.

O que você diz rem ressonância,
o que silencia tem um eco
de um jeito ou de outro político.

Até caminhando e cantando a canção
você dá passos políticos
sobre um solo político.
Versos apolíticos também são políticos,
e no alto a lua ilumina
com um brilho já pouco lunar.
Ser ou não ser, eis a questão.

Qual questão, me dirão.
Uma questão política.

Não precisa nem mesmo ser gente
para ter significado político.
Basta ser petróleo bruto,
ração concentrada ou matéria reciclável..
Ou mesa de conferência cuja forma
se discutia por meses a fio:
deve-se arbitrar sobre a vida e a morte
numa mesa redonda ou quadrada.

Enquanto isso matavam-se os homens,
morriam os animais,
ardiam as casas,
ficavam ermos os campos,
como em épocas passadas
e menos políticas.

Harry Ally


A Vida na Hora

A vida na hora.
Cena sem ensaio.
Corpo sem medida.
Cabeça sem reflexão.

Não sei o papel que desempenho.
Só sei que é meu, impermutável.

De que se trata a peça
devo adivinhar já em cena.

Despreparada para a honra de viver,
mal posso manter o ritmo que a peça impõe.
Improviso embora me repugne a improvisação.
Tropeço a cada passo no desconhecimento das coisas.
Meu jeito de ser cheira a província.
Meus instintos são amadorismo.
O pavor do palco, me explicando,
é tanto mais humilhante.
As circunstâncias atenuantes me parecem cruéis.

Não dá para retirar as palavras e os reflexos,
inacabada a contagem das estrelas,
o caráter como o casaco às pressas abotoado-eis os efeitos deploráveis desta urgência.

Se eu pudesse ao menos praticar uma quarta-feira
antes ou ao menos repetir uma quinta-feira outra vez!
Mas já se avizinha a sexta com um roteiro que não conheço.

Isto é justo-pergunto
(com a voz rouca
porque nem sequer me foi dado pigarrear
nos bastidores).

É ilusório pensar que esta é só uma prova rápida
feita em acomodações provisórias. Não.
De pé em meio à cena vejo como é sólida.
Me impressiona a precisão de cada acessório.
O palco giratório já opera há muito tempo.
Acenderam-se até as mais longínquas nebulosas.
Ah, não tenho dúvida de que é uma estreia.
E o que quer que eu faça,
vai se transformar para sempre naquilo que fiz

Jack Davison


ENTRE MUITOS

Sou quem sou.
Inconcebível acaso
como todos os acasos
Fossem outros
os meus antepassados
e de outro ninho
eu voaria
ou de sob outro tronco
coberta de escamas eu rastejaria.
No guarda-roupa da natureza
há trajes de sobra.
O traje da aranha, da gaivota, do rato do campo.
Cada um cai como uma luva
e é usado sem reclamar
até se gastar.
Eu também não tive escolha
mas não me queixo.
Poderia ter sido alguém
muito menos individual.
Alguém do formigueiro, do cardume, zunindo no enxame,
uma fatia de paisagem fustigada pelo vento.
Alguém muito menos feliz,
criado para uso da pele,
para a mesa da festa,
algo que nada debaixo da lente.
Uma árvore presa à terra
da qual se aproxima o fogo.
Uma palha esmagada
pela marcha de inconcebíveis eventos.
Um sujeito com uma negra sina
que para os outros se ilumina.
E se eu despertasse nas pessoas o medo,
ou só aversão,
ou só pena?
Se eu não tivesse nascido
na tribo adequada
e diante de mim se fechassem os caminhos?
A sorte até agora
me tem sido favorável.
Poderia não me ser dada
a lembrança dos bons momentos.
Poderia me ser tirada
a propensão para comparações.
Poderia ser eu mesma – mas sem o espanto,
e isso significaria
alguém totalmente diferente.

Gottfried Helnwein


OCASO DO SÉCULO

Era para ter sido melhor que os outros o nosso século XX.
Agora já não tem mais jeito,
os anos estão contados,
os passos vacilantes,
a respiração curta.

Coisas demais aconteceram,
que não eram para acontecer,
e o que era para ter sido
não foi.

Era para se chegar à primavera
e à felicidade, entre outras coisas.

Era para o medo deixar os vales e as montanhas.
Era  para a verdade atingir o objetivo
mais depressa que a mentira.

Era para já não mais ocorrerem
algumas desgraças:
a guerra por exemplo,
e a fome e assim por diante.

Era para ter sido levada sério
a fraqueza dos indefesos,
a confiança e similares.

Quem quis se alegrar com o mundo
depara com uma tarefa
de execução impossível.

A burrice não é cômica.
A sabedoria não é alegre.
A esperança
já não é aquela bela jovem
et cetera, infelizmente.

Era para Deus finalmente crer no homem
bom e forte
mas bom e forte
são ainda duas pessoas.

Como viver - me perguntou alguém numa carta,
a quem eu pretendia fazer
a mesma pergunta.

De novo e como sempre,
como se vê acima,
não há perguntas mais urgentes
do que as perguntas ingênuas

Nicholas O’Leary

3.2.16

Seleção de Poemas de Wislawa Szymborska (Parte I)

O livro de poemas da polonesa Wislawa Szymborska - 1923 - 2012 (pronuncia-se Vissuáva Chembórska), foi minha segunda escolha para o desafio #lendoumlivropordia e minha escolha para a categoria uma ganhadora do Prêmio Nobel no desafio #lendomaismulheres2016


Estou intensamente encantada com sua poética, a forma como ela parece saber encaixar cada palavra para o sentimento certo.

RECITAL DA AUTORA

Não ser boxeador é literalmente não existir
Não ser boxeador, ser poeta
estar condenado a duras florbelas
por falta de musculatura mostrar ao mundo

//

DISCURSO NA SESSÃO DE ACHADOS E PERDIDOS

Perdi algumas deusas no caminho do sul ao norte,
e também muitos deuses no caminho do oriente ao ocidente.
Extinguiram-se para sempre umas estrelas, abra-se o céu.
Uma ilha, depois outra mergulhou no mar.
Nem sei direito onde deixei minhas garras,
quem veste meu traje de pelo, quem habita minha casca.
Morreram meus irmãos quando rastejei para a terra,
e somente certo ossinho celebra em mim este aniversário.
Eu saía da minha pele, desbaratava vértebras e pernas,
perdia a cabeça muitas e muitas vezes.
Faz muito que fechei meu terceiro olho para isso tudo.
Lavei as barbatanas, encolhi os galhos.
Dividiu-se, desapareceu, aos quatro ventos se espalhou.
Surpreende-me quão pouco de mim ficou:
Uma pessoa singular, na espécie humana de passagem,
que ainda ontem perdeu somente a sombrinha no trem


NONA LIMMEN # VALLEY EYEWEAR



ELOGIO DOS SONHOS

Nos sonhos
eu pinto como Vermeer van Delft.
Falo grego fluente
e não só com os vivos.
Dirijo um carro
que me obedece.
Tenho talento,
escrevo grandes poemas.
Escuto vozes
não menos que os mais veneráveis santos.
Vocês se espantariam
com minha performance ao piano.
Flutuo no ar como se deve
isto é, sozinha.
Ao cair do telhado
desço de manso na relva.
Respiro sem problema
debaixo d'água.
Não reclamo:
consegui descobrir a Atlântida.
Fico feliz de sempre poder acordar
pouco antes de morrer.
Assim que começa a guerra
me viro do melhor lado.
Sou, mas não tenho que ser
filha da minha época.
Faz alguns anos
vi dois sóis.
E anteontem um pinguim.
Com toda a clareza.

Wislawa Szymborska


SOB UMA ESTRELA PEQUENINA

Me desculpe o acaso por chamá-lo necessidade.
Me desculpe a necessidade se ainda me engano.
Que a felicidade não se ofenda por tomá-la como minha.
Que os mortos me perdoem por luzirem fracamente na memória.
Me desculpe o tempo pelo tanto de mundo ignorado por segundo.
Me desculpe o amor antigo por sentir o novo como primeiro.
Me perdoem, guerras distantes, por trazer flores para casa.
Me perdoem, feridas abertas, por espetar o dedo.
Me desculpem os que clamam das profundezas pelo disco de minuetos.
Me desculpe a gente nas estações pelo sono das cinco da manhã.
Sinto muito, esperança açulada, se às vezes me rio.
Sinto muito, desertos, se não lhes levo uma colher de água.
E você, falcão, há anos o mesmo, na mesma gaiola,
fitando sem movimento sempre o mesmo ponto,
me absolva, mesmo se você for um pássaro empalhado.
Me desculpe a árvore cortada pelas quatro pernas da mesa.
Me desculpem as grandes perguntas pelas respostas pequenas.
Verdade, não me dê excessiva atenção.
Seriedade, me mostre magnanimidade.
Ature, segredo do ser, se eu puxo os fios de suas vestes.
Não me acuse, alma, por tê-la raramente.
Me desculpe tudo, por não poder estar em toda parte.
Me desculpem todos, por não saber ser cada um e cada uma.
Sei que, enquanto viver, nada me justifica
já que barro o caminho para mim mesma.
Não me julgue má, fala, por tomar emprestado palavras patéticas
e depois me esforçar para fazê-las parecer leves.





UM GRANDE NÚMERO
[...]
Non omnis moriar – uma aflição prematura.
Mas será que vivo por inteiro e será que isso basta?
Nunca bastou e muito menos agora.
Escolho excluindo porque não há outro jeito,
mas o que rejeito é mais numeroso,
mais denso, mais insistente do que nunca.
À custa de incontáveis perdas – um poeminha, um suspiro.

Ao chamado ruidoso respondo com um sussurro.

O quanto silencio, isso não direi.
Um rato ao pé da montanha materna.
A vida dura o tempo de umas marcas de garra na areia.
Meus sonhos – nem eles são como deveriam, habitados.
Neles há mais solidão do que multidões e alarido.
Às vezes parece por momentos alguém há muito falecido.
Move a maçaneta uma mão solitária.
Expande-se em anexos de ecos a casa vazia.
Corro da soleira até o vale
silencioso, como de ninguém, já anacrônico.

De onde vem em mim ainda este espaço –

não sei.


andreas ludwig


AMOR À PRIMEIRA VISTA


Ambos estão certos

de que uma paixão súbita os uniu.

É bela essa certeza,

mas é ainda mais bela a incerteza.

Acham que por não terem se encontrado antes

nunca havia se passado nada entre eles.
Mas e as ruas, escadas, corredores
nos quais há muito talvez se tenham cruzado?

Queria lhes perguntar,

se não se lembram -
numa porta giratória talvez
algum dia face a face?
um “desculpe” em meio à multidão?
uma voz que diz “é engano” ao telefone?
- mas conheço a resposta.
Não, não se lembram.

Muito os espantaria saber

que já faz tempo
o acaso brincava com eles.

Ainda não de todo preparado

para se transformar no seu destino
juntava-os e os separava
barrava-lhes o caminho
e abafando o riso
sumia de cena.

Houve marcas, sinais,
que importa se ilegíveis.
Quem sabe três anos atrás
ou terça-feira passada
uma certa folhinha voou
de um ombro ao outro?
Algo foi perdido e recolhido.
Quem sabe se não foi uma bola
nos arbustos da infância?

Houve maçanetas e campainhas
onde a seu tempo
um toque se sobrepunha ao outro.
As malas lado a lado no bagageiro.
Quem sabe numa noite o mesmo sonho
que logo ao despertar se esvaneceu.

Porque afinal cada começo

é só continuação
e o livro dos eventos
está sempre aberto no meio.







1.2.16

Mês da Leitura Mágica

Essa iniciativa consiste em ler um livro por dia e foi inspirado no livro "O Ano da Leitura Mágica", esse ano foi iniciado pela http://cheirando-livros.com.br/ LiteraTammy


Resolvi separar nessas categorias para me organizar melhor

PDF
* 1. Desenhos - Sylvia Plath POESIA
* 2. Poemas - Wislawa Szymborska POESIA
* 3. Sejamos Todos Feministas - Chimamanda Ngoze Adichie
* 4. Tambores pra N'Zinga - Nina Rizzi
* 5. Entre Rinhas de Cachorros e Porcos Abatidos – Ana Paula Maia

BIBLIOTECAS

* 6. Preciosa - Sapphire
* 7. Baladas - Hilda Hilst 
* 8. Entrevistas (Processos) 
* 9. A Mulher Desiludida - Simone de Beauvoir
* 10. Cadernos negros : volume 30: contos afro-brasileiros
* 11. QUESTAO DE PELE: CONTOS SOBRE PRECONCEITO RACIAL - Luiz Ruffato

TENHO
* 12. Pequenas virtudes - Natalia Ginzburg
* 13. Jazz - Toni Morrison
* 14. A lista - Jennifer Tremblay PEÇA
* 15. A Casa de Carlyle e Outros Esboços - Virginia Woolf

RELER
* 16. Ariel - Sylbia Plath POESIA
* 17. Mrs. Dalloway 
* 18. Água Viva - Clarice Lispector

ENCALHADOS

* 19. Histórias de cronópios e de famas - Julio Cortázar
* 20. A Queda - Albert Camus 
* 21. O Anticristo - Friedrich Nietzsche
* 22. Os Subterrâneos - Jack Kerouac
* 23. As Três Irmãs - Anton Tchekhov
* 24. Ode Sobre a Melancolia e Outros Poemas - John Keats  POESIA
* 25. Primeira Poesia - Jorge Luis Borges POESIA
* 26. Casa Devastada - Thiago Mattos
* 27. David Bowie - biografia

EMPRESTADOS
* 28 - Profissões de Mulheres e outro artigos feministas - virginia woolf
* 29 - A vida Provada das Árvores - Alejandro Zimbra

O primeiro da lista foi esse, o livro contém algumas cartas de um período mais feliz da Sylvia, recém casada e bem apaixonada (tanto que dá raiva, porque o Ted foi um escroto)

foto da página da Biblioteca Azul

“Da minha caminhada de ontem eu trouxe comigo um cardo-roxo e um ramo de dentes-de-leão, e desenhei-os com grande e amoroso detalhe; também fiz um desenho bastante ruim de um bule e de umas castanhas, mas irei melhorar com a prática; desenhar me dá uma sensação de paz tão grande; mais que a oração, os passeios, qualquer coisa. Consigo fechar-me totalmente na linha, perder-me nela...” (Desenhos- página 16)


meu desenho favorito e próxima tatuagem

Resenha: Seja homem (JJ Bola - Editora Dublinense)

Seja Homem é um livro que busca analisar a construção da masculinidade no patriarcado, discutindo como as práticas do que seria “ser um home...