10.2.16

Lendo Hilda Hilst + Trechos do livro "Baladas"

VI - Pressagio

XVI - Presságio 
Balada de Alzira

IX 

Colapso hibernal 
das cousas ausentes. 
Desfila diante de mim
o teu olhar parado. 
Na minha frente 
há figuras de mortos 
tecendo roupas brancas, 
e na tua vida 
há qualquer cousa de triste 
que não foi contado.
Coragem de viver os dias 
sem falar de loucos 
quando há qualquer louco 
no infinito, 
pedindo uma lembrança 
e contei os seus dias de vida 
nos meus sonhos.
Existe um deus qualquer 
nas minhas entranhas.
Pobre loucura 
atrofiando o amor da amada. 
Teu pobre olhar 
atrofiou minha vida inteira. 

H.H.
do livro Presságio 
In: Baladas




BALADAS DE ALZIRA (1951)
(I)
Eu cantarei os humildes 
os de língua travada 
e olhos cegos 
aqueles a quem o amor feriu 
sem derrubar. 


(III)
E nada restou 
das infinitas coisas pressentidas 
das promessas em chama. 
Nada

IV  
Ah! Se ao menos em ti 
eu não me dissolvesse. 
E se ao menos contigo 
ficar pouco de mim 
lembrança de algum dia 
ou meu nome guardar 
um momento de sol...  


Se ao menos existisse 
em nós a eternidade.   

VII  
Restou um nome de bruma 
no meu eterno cansaço.  
Restou um tédio cinza 
no meu todo silêncio. 


Tanta tristeza no meu sono imenso... 


(X)
Agora o amor é inútil 
e inútil o meu consolo. 
Estamos sós.  


Entre o teu amor 
e o meu afago, 
aquele triste mundo de certezas. 

(XII)
O teu gesto de alegria 
nunca será para mim.  

O teu conflito noturno 
este sim 
pousará na minha face.   

“ Thank You for Your Love ” by Christian Schloe



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