Gostaria muito de agradecer aos meus apoiadores na plataforma Apoia.se. Nesse momento pessoal de mudança e incerteza, tem sido muito importante contar com essa força para que eu continue (da forma que eu posso, com o tempo e recursos que eu tenho) meu trabalho na internet. Pra quem não sabe eu sai de casa, mas não tenho emprego rsrs - bem louca né? Ou na verdade tenho... mas não ganho nada ainda com isso. Foi pensando na falta de trabalho que eu entendi que tenho um trabalho e foi precisando de dinheiro que eu resolvi pedir apoio financeiro para meu trabalho: esse aqui, que você acompanha pelo Instagram, Youtube, Podcast, Newsletter e - talvez ainda- blog.
Ainda é esquisito falar em trabalho na internet, quando eu não conseguia saber bem se isso era trabalho, pois a palavra remetia, pra mim, a compromisso fixo, metas, rotina e tinha que ter algum pagamento em dinheiro envolvido, além de algum serviço de valor que eu oferecesse.
Mas assim como é complicado explicar para minha família que eu trabalho como artista há 6 anos (mas não consigo me manter sozinha e passo meses sem receber nada por isso, já que não envolve um salário fixo), parece também complicado assumir que o que faço na internet é trabalho, mesmo sem nunca ter ganho nada financeiramente.
E ai eu fui pensar: o que eu faço na internet? Bem, depois de um tempo, as postagens esporádicas que eu fazia comentando livros se tornaram parte do meu cotidiano. Fui procurando também conhecer outras plataformas de comunicação, e eu gosto de fazer tudo: podcast, newsletter, youtube, blog, instagram.
O que mais complica é realmente o tempo para fazer tudo isso (pois sempre tive que conciliar com o que me sustentou durante esses 4 anos - bolsa na faculdade e um estágio), mas adoro experimentar as possibilidades de comunicação com os outros por meio dessas mídias, acho que talvez seja isso que me anime em tudo que tô construindo por aqui.
Num trabalho formal é muito fácil aceitar que eu preciso ser pagar para.. apresentar um espetáculo, dar aulas, escrever um poema, mediar uma exposição (alguns trabalhos que fiz durante esses anos como artista/educadora).
Mas ainda parecia distante entender que eu poderia também ser paga para: falar de livros, recomendar um filme, dar dicas culturais, produzir um podcast, escrever newsletters, tirar fotos legais, promover debates reflexivos, escrever textos que te ajudem a pensar melhor sobre algo, etc etc etc... coisas que eu faço porque gosto de comentar sobre isso, faço porque é divertido falar disso. Mas que passou a envolver, de uns anos pra cá, planejamento, tempo e dedicação para chegar até você como chega hoje.
Pois bem, esse tem sido meu trabalho. Mas provavelmente se eu não estivesse realmente precisando, ainda não pediria esse apoio agora.
Sei muito bem que muita gente me apoia e torce por mim, mas não pode me ajudar financeiramente, nem de longe eu pensaria em fazer disso uma cobrança.
O pedido por apoio não é uma cobrança, é um pedido de ajuda. E é muito difícil pedir ajudar, principalmente financeira.
A virada de chave foi entender que por mais que seja de forma amadora, eu faço um trabalho na internet. Que por mais que seja algo que eu gosto, eu estou trabalhando, me empenhando, pensando conteúdo e dedicando bastante tempo para entregar algo que acredito fazer sentido pra mim e ofereço uma ponte para quem acha que faz sentido na sua vida também.
Foi com muito medo que eu me abri para o apoio financeiro, mas hoje eu parei para pensar na força que ter decidido fazer isso tem me dado, nesse momento tão vúlnerável, em que estou finalizando ciclos e començando uma vida nova.
Amanhã é segunda e eu começo uma nova semana na minha casa nova. E quero muito agradecer quem de forma financeira ou não tem me dado uma palavra de apoio, comentando aqui ou mandando direct ou apoiando na plataforma, eu não sei nada sobre meu futuro, mas posso ficar mais feliz sabendo que seja lá o que for que eu esteja fazendo tá fazendo também um pouco de sentido pra quem tá do outro lado da tela.