Com o tempo fui percebendo que parecia mais complicado explicar o que eu queria fazer da vida. Depois dos 20, ficou mais emaranhado o nó de pensamentos sobre "quem eu quero ser" e todas essas perguntas que nos colocam como se fossem simples, mas não são.
.
.
E muitas pessoas não tem sequer a oportunidade ou privilégio de poder ter tempo de se perguntar o que sonham em fazer da vida. Para muitos parece distante a relação entre trabalho e felicidade, trabalho é o que provém o sustento da sobrevivência. Eu não sei nem direito sobre o que estou falando porque de fato até hoje não precisei trabalhar para sobreviver. Trabalhei e trabalho para sustentar parte da minha vida, alguns desejos, alguns sonhos como ter certas coisas, viajar, ajudar minimamente em casa, comprar presentes, ter lazer.
.
.
Mas desde os 15 o pensamento me ronda, de ter que decidir o que eu quero fazer da vida e nunca parecia simples. Quando eu fui conseguindo entender o que que era surgiu outro medo: isso não é pra mim, eu não vou ser capaz de fazer o que quero fazer. Quando consegui enxergar a forma dos meus sonhos eles pareciam inalcançáveis. Ser artista? Publicar um livro? Fazer um filme? Dirigir uma peça? Ter uma carreira acadêmica? Ser professora universitária? Fazer intercâmbio? Eu quero tudo isso da vida, mas quando coloco no papel parece que sonho alto demais. Não consigo nem pensar na emoção que seria um dia ter um filme passando no cinema em que eu esteja participando ou realizando. Apenas parece impossível ainda. Ou ver um livro meu nas livrarias. Ou ver meu nome na lista de aprovada de um concurso para professores universitários. Ou ter coragem de dirigir meu próprio espetáculo depois de tantas tentativas ruins que tive no teatro.
.
.
É ainda estranho dizer que queria tantas coisas num mundo que fala de "foco" e "nicho", parece que to perdida, mas não me sinto, eu só tenho muitos sonhos e estão todos relacionados a viver a vida com dignidade falando de e fazendo arte, levando arte para a vida das pessoas, esse é meu sonho. E eu sei disso com cada parte do meu corpo. E as vezes nem sei que aguento a certeza intensa disso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário