26.3.20

[Comentário] Condolências - Virginia Woolf (Conto)


Virginia Woolf, como uma grande escritora que é, é uma observadora integral da vida humana, sua obra parece se deter a ser profundamente sobre pessoas em situações mais cotidianas possíveis, imaginadas ou reias, jamais saberemos de certeza. Mas para um romancista esses dois mundos se fundem. Em Condolência, a narradora recebe a notícia que o marido de uma amiga faleceu, a partir daí começa a pensar na última vez que esteve com Hammond, o falecido, e vai imaginando mentalmente toda a vida de Celia, sua amiga, diz "Há um momento que não consigo imaginar: o momento da vida dos outros que deixamos sempre de lado, o momento do qual procede tudo que nós  sabemos deles". Todo o conto parece ser esse esforço imaginativo de colocar sua mente para visualizar a vida de alguém e refletir sobre a presença da morte. A morte é um tema recorrente na obra de Virginia, principalmente por ela ter passado por muitas perdas bastante dolorosas em toda sua vida. O final do conto é ambíguo e dá a entender que talvez ela tenha se enganado sobre tudo que estava pensando sobre a morte de Hammond. O que acho mais brilhante é a capacidade que Virginia teve de transformar a dor de um luto em narrativas tão belas e simbólicas.
"Meus amigos passam sombreados a cruzar o horizonte, todos eles desejando tudo de bom, ternamente se livrando de mim e saltando da borda do mundo para o navio que espera para os levar no temporal, ou à serenidade. Meu olhar não consegue acompanhá-los. Mas eles, um após outro, com beijos de despedida e risos mais doces do que antes, vão passando além de mim para zarpar para sempre, agrupam-se e, ordem à beira d'água como se essa sempre fosse enquanto vivíamos, a orientação recebida"

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