Virginia
Woolf, como uma grande escritora que é, é uma observadora integral da vida
humana, sua obra parece se deter a ser profundamente sobre pessoas em situações
mais cotidianas possíveis, imaginadas ou reias, jamais saberemos de certeza.
Mas para um romancista esses dois mundos se fundem. Em Condolência, a narradora recebe a notícia que o marido de uma amiga
faleceu, a partir daí começa a pensar na última vez que esteve com Hammond, o
falecido, e vai imaginando mentalmente toda a vida de Celia, sua amiga, diz
"Há um momento que não consigo imaginar:
o momento da vida dos outros que deixamos sempre de lado, o momento do qual
procede tudo que nós sabemos
deles". Todo o conto parece ser esse esforço imaginativo de colocar
sua mente para visualizar a vida de alguém e refletir sobre a presença da
morte. A morte é um tema recorrente na obra de Virginia, principalmente por ela
ter passado por muitas perdas bastante dolorosas em toda sua vida. O final do
conto é ambíguo e dá a entender que talvez ela tenha se enganado sobre tudo que
estava pensando sobre a morte de Hammond. O que acho mais brilhante é a
capacidade que Virginia teve de transformar a dor de um luto em narrativas tão
belas e simbólicas.
"Meus amigos passam sombreados a
cruzar o horizonte, todos eles desejando tudo de bom, ternamente se livrando de
mim e saltando da borda do mundo para o navio que espera para os levar no
temporal, ou à serenidade. Meu olhar não consegue acompanhá-los. Mas eles, um
após outro, com beijos de despedida e risos mais doces do que antes, vão
passando além de mim para zarpar para sempre, agrupam-se e, ordem à beira
d'água como se essa sempre fosse enquanto vivíamos, a orientação recebida"
Nenhum comentário:
Postar um comentário