18.7.19

Revolução Laura

É impossível pra mim desassociar a experiência de leitura desse livro da fala de Manuela D'ávila no dia do lançamento. Primeiro, comprei o livro e fiquei lendo na fila de autógrafos, que demorou tanto que li umas 40 pgs na hora, e já fiquei muito emocionada. Em seguida houve uma pausa e Manuela sentou para sua fala. Em pouco tempo ela me abriu os olhos para algumas coisas que eu não conseguia resolver em mim: minha relação com a maternidade, o feminismo e o fato de eu ser uma mulher que abortou.
Como feminista, luto pessoalmente pela descriminalização do aborto e mais do que isso pelo direito de mulheres de não serem mães sem serem colocadas numa posição de alguém que nunca vai ser completa, importante pra humanidade ou capaz de amar verdadeiramente. Essa visão da maternidade compulsória sempre me afastou das discussões sobre maternidade, pois ainda mais com o processo do aborto, me sentia muito excluída dessa ideia de sacrifício gratificante. Me senti excluída porque nunca pude falar abertamente do que aconteceu, porque sentia que eu não tinha o direito de comemorar ou estar feliz com minha decisão. Com isso, Manuela me fez perceber que eu estava agindo do mesmo modo que senti que agiram comigo, eu estava também excluindo ao me afastar desse assunto, ao me isentar, além de não falar da minha experiência eu não me permitia ouvir outras experiências, a experiência como ela mesma disse, da maioria das mulheres. Como feminista que é contra ideia da maternidade compulsória, eu confundi isso com ser contra a maternidade e com isso acho que me anulei de estar ao lado de muitas mulheres que também precisam de apoio tanto quanto eu. Foi convivendo com uma mãe solo, a @jmllqrz e observando mais a trajetória da minha mãe que comecei a abrir os olhos para esse imenso erro e o livro de Manuela veio agregar ainda mais nesse processo. Sou muito grata por esse dia, por esse livro e por existir uma mulher como @manueladavila na política brasileira. A revolução será com mães feministas ou não será. #revoluçãolaura #manueladavila #feminismo #maternidade #abortolivre

Só retomando o debate sobre o livro da @manueladavila , pois vi uma postagem na @cultrevista que já é antiga e na época eu concordava bastante, ainda concordo mas também penso em outras coisas depois da fala da Manu.

Meu comentário:

Eu pensava isso até ler o livro da Manuela D'avila, ainda acho que a maternidade merece ser desromantizada, mas no dia do lançamento a Manu disse que nem sempre é ser mãe que é horrível, mas o fato de a maternidade do jeito que é vivida pelas mulheres é que é um fardo enorme. E podemos pensar o que faz essa vivência ser tão exaustiva?
Pais ausentes, pais que não dividem as responsabilidades, abandono paterno, falta de espaços públicos e gratuitos que acolham crianças, creches acessíveis financeiramente, mais creches públicas, empresas que não contratam mães, universidades que não acolhem mães, e inúmeras coisas que nem sei como dizer, pois não passo por isso. Repetindo o que já disse, o discurso da Manu me trouxe a noção de que além de discutirmos sobre a não obrigatoriedade de sermos mães, devemos debater como tornar a maternidade melhor para aquelas que já são ou querem ser.

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