25.9.18

[Teatro] O TEATRO ÉPICO DE BRECHT - Reinaldo Bossmann



Quem foi Brecht?





Bertolt Eugen Friedrich Brecht, poeta, prosador, dramaturgo c teatrólogo alemão, nascido a 10 de fevereiro de 1898 em Augsburg, faleceu a 14 de agosto de 1956 em Berlim.

Com 16 anos de idade começou a escrever as primeiras poesias e contos, que se publicaram em jornais. Depois tornou-se crítico teatral, dramaturgo do teatro  em Munique, e, em 1924, dramaturgo do "Teatro Alemão" em Berlim, sob a direção de Max Reinhardt. 

 A agressão é para ele finalidade em si, fazendo dela um método, não querendo o drama em si, mas a forma artística adequada em favor da demonstração convincente para fins de seu niilismo. Assim, para Brecht teatro e palco não significam diversão teatral. Em conseqüência disso, a construção de suas peças não é uniforme, mas representa somente sequências de imagens, muitas vezes sem ação, intercaladas com "songs", música a jazz, projeções de slides, vozes de alto-falantes. provindas de faixas e cartazes que demonstram a situação do homem e da vida, na sua miséria, dependência a poderosos, na sua maldade e perversidade. Cartazes como "O homem c ordinário", "O mundo é pobre, o homem é mau" c "Comer primeiro, depois a moral" mostram a concepção niilista de Brecht. O emprego desses recursos e da técnica no palco, Brecht não os inventou, mas copiou e aperfeiçoou, graças ao teatro político de Erwin Piscador.


 A obra dramática de arte para ele não é mais o prazer de sentimentos, mas a instrução, não o permanecer em passividade, mas o despertar da atividade, o caminho livre a decisões. Com isso, transforma o palco em sala de aula, onde se deve demonstrar a maneira marxista, e escreve para o teatro épico peças didáticas 


A teoria do teatro épico de Brecht pode ser denominada teoria do teatro de parábola, consiste na apresentação de um acontecimento por meio de imagens dramáticas. Nessa teoria, a ação não tem mais o desenvolvimento da tensão, com o ponto culminante de um conflito, até à catástrofe, mas a montagem de situações à maneira épica, com intercalações diversas, com a finalidade de fazer comentários a favor da ação. Assim, o teatro é uma simples função a serviço da instrução política e da ativação do proletariado.


A forma drámatlca do teatro: 
É ação. 
Envolve o espectador na ação. 
Consome-lhe a atividade. 
Possibilita-lhe sentimentos. 
Proporciona-lhe acontecimentos. 
O espectador é submerso em alguma coisa. 
Trabalha-se com sugestões. 
Os sentimentos são conservados como naturais. 
O espectador está no interior da ação, participa. 
O homem é suposto conhecido. 
O homem é imutável. Interesse apaixonado pelo desfecho. 
Uma cena é causa ou efeito da outra. 
Desenvolvimento linear (orgânico).
Evolução continua.
O mundo como é. 
O homem como dado fixo. 
O pensamento determina o ser. 
Sentimento.


A forma épica do teatro: 
É narração. 
Faz dele um observador. 
Desperta-lhe a atividade. 
Exige-lhe decisões.
Proporciona-lhe conhecimentos. 
O espectador está diante de alguma coisa. 
Trabalha-se com argumentos
Os sentimentos são elevados até a tomada de consciência. 
O espectador está de frente, analisa. 
O homem é objeto de investigação. 
O homem se transforma e pode transformar. 
Interesse apaixonado pelo desenvolvimento. 
Cada cena existe por si. 
Desenvolvimento retilíneo (montagem). 
Saltos. 
O mundo como será. 
O homem como processo. 
O ser social determina o pensamento.


Nos ensaios para as apresentações. Brecht propõe três constelações auxiliares que podem servir para um distanciamento das falas e das ações de seus personagens: 

a transposição do texto a ser falado para a terceira pessoa do singular; 
a transposição para o tempo passado; 
a dicção do texto de instruções c comentários. 


Esse efeito de distanciamento (Verfremdungs-Effekt) tem sua origem na arte da representação chinesa, e baseia na neutralização absoluta dos meios c expressões tradicionais.O recurso do distanciamento tem como objetivo impedir a existência de "campos hipnóticos" entre o palco e auditório. O autor só deve despertar a reação do espectador, não deve provocar sentimentos dele, evitando, assim, a completa identificação com o personagem que representa. Com isso. Brecht combate a tradição aristotélica e a concepção de Schiller sobre o teatro como instituição moral.

A música para Brecht: Na ópera dramática está colocada ao serviço, realça, impõe e ilustra o texto, descreve uma situação psicológica, enquanto a música da ópera comunica, comenta e pressupõe o texto, e, finalmente, toma uma posição e indica um comportamento



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