"A humanidade não é uma espécie animal: é uma realidade histórica.
A sociedade humana é uma antiphisis: ela não sofre passivamente a presença da
Natureza, ela a retoma em suas mãos. Essa retomada de posse não é uma
operação interior e subjetiva; efetua-se objetivamente na práxis. Assim, a
mulher não poderia ser considerada apenas um organismo sexuado: entre os
dados biológicos, só têm importância os que assumem, na ação, um valor
concreto; a consciência que a mulher adquire de si mesma não é definida
unicamente pela sexualidade.
Ela reflete uma situação que depende da estrutura econômica da sociedade, estrutura que traduz o grau de evolução técnica a que chegou a humanidade" pg. 83
Ela reflete uma situação que depende da estrutura econômica da sociedade, estrutura que traduz o grau de evolução técnica a que chegou a humanidade" pg. 83
Na primeira página, Simone analisa que por meio das teorias do materialismo histórico podemos refletir que as condições que caracterizam a mulher não estão ligadas somente a biologia, mas atreladas a um contexto histórico. Em seguida, Simone reflete que a força física da mulher não seria suficiente para criar desigualdade com os homens, tendo em vista que:
"No tempo em que se tratava de
brandir pesadas maças, de enfrentar animais selvagens, a fraqueza física da
mulher constituía uma inferioridade flagrante; basta que o instrumento exija uma
força ligeiramente superior à de que dispõe a mulher para que ela se apresente
como radicalmente impotente. Mas pode acontecer, ao contrário, que a técnica
anule a diferença muscular que separa o homem da mulher: a abundância só cria
superioridade na perspectiva de uma necessidade; não é melhor ter demais do
que não ter bastante. Assim, o manejo de numerosas máquinas modernas não
exige mais do que uma parte dos recursos viris. Se o mínimo necessário não é
superior às capacidades da mulher, ela torna-se igual ao homem no trabalho.
Efetivamente, pode-se determinar hoje imensos desenvolvimentos de energia
simplesmente apertando um botão" pg. 84
Quanto às servidões da maternidade, elas
assumem, segundo os costumes, uma importância muito variável: são
esmagadoras se se impõem à mulher muitas procriações e se ela deve alimentar e
cuidar dos filhos sem mais ajuda; se procria livremente, se a sociedade a auxilia
durante a gravidez e se se ocupa da criança, os encargos maternais são leves e
podem ser facilmente compensados no campo do trabalho.
É de acordo com essa perspectiva que Engels retraça a história da mulher em
A origem da família. Essa história dependeria essencialmente da história das
técnicas. pg 84
Por essa pesquisa, o trabalho doméstico - desde épocas remotas destinado a mulher - não era visto como menor, mas de igual importância na vida econômica. Para Engels, a derrota do sexo feminino, começa com a propriedade privada.
Por essa pesquisa, o trabalho doméstico - desde épocas remotas destinado a mulher - não era visto como menor, mas de igual importância na vida econômica. Para Engels, a derrota do sexo feminino, começa com a propriedade privada.
"Com a descoberta do cobre, do estanho, do bronze, do ferro, com o aparecimento
da charrua, a agricultura estende seus domínios. Um trabalho intensivo é exigido
para desbravar florestas, tornar os campos produtivos. O homem recorre, então,
ao serviço de outros homens que reduz à escravidão. A propriedade privada
aparece; senhor dos escravos e da terra, o homem torna-se também proprietário
da mulher. Nisso consiste “a grande derrota histórica do sexo feminino”. Ela se
explica pelo transtorno ocorrido na divisão do trabalho em consequência da
invenção de novos instrumentos"
Assim,
" a opressão social que sofre é a consequência de uma opressão econômica"
Assim, Engels acredita que a emancipação da mulher só ocorrerá:
"quando (a mulher) puder participar em grande medida social na produção, e não for mais solicitada pelo trabalho doméstico senão numa medida insignificante. E isso só se tornou possível na grande indústria moderna, que não somente admite o trabalho da mulher em grande escala como ainda o exige formalmente...” Deste modo, o destino da mulher e o socialismo estão intimamente ligados, como se vê igualmente na vasta obra consagrada por Bebel à mulher. “A mulher e o proletário”, diz ele, “são ambos oprimidos” "
"quando (a mulher) puder participar em grande medida social na produção, e não for mais solicitada pelo trabalho doméstico senão numa medida insignificante. E isso só se tornou possível na grande indústria moderna, que não somente admite o trabalho da mulher em grande escala como ainda o exige formalmente...” Deste modo, o destino da mulher e o socialismo estão intimamente ligados, como se vê igualmente na vasta obra consagrada por Bebel à mulher. “A mulher e o proletário”, diz ele, “são ambos oprimidos” "
Engels coloca em foco a opressão da mulher por conta das relações de trabalho, no entanto, entendo eu, que este pode ter sido o início da opressão, porém fatores religiosos e a exploração sexual do corpo da mulher contribuíram para fortalecer essa opressão. E Simone o critica:
"Ele
compreendeu muito bem que a fraqueza muscular da mulher só se tornou uma
inferioridade concreta na sua relação com a ferramenta de bronze e de ferro,
mas não viu que os limites de sua capacidade de trabalho não constituíam em si
mesmos uma desvantagem concreta senão dentro de dada perspectiva. É porque
o homem é transcendência e ambição que projeta novas exigências através de
toda nova ferramenta. Quando inventou os instrumentos de bronze não se
contentou mais com explorar os jardins; quis arrotear e cultivar vastos campos;
não foi do bronze em si que jorrou essa vontade" pg. 88
"Se a relação original do homem com seus semelhantes fosse exclusivamente uma relação de amizade, não se explicaria nenhum tipo de escravização: esse fenômeno é consequência do imperialismo da consciência humana que procura realizar objetivamente sua soberania. [...]
É verdade que a divisão do trabalho por sexo e a opressão que dela resulta evocam, em certos pontos, a divisão por classes, mas não seria possível confundi-las. Não há na cisão entre as classes nenhuma base biológica." pg. 88
"suprimir a família não é necessariamente libertar a mulher: o exemplo de Esparta e o do regime nazista provam que, embora diretamente ligada ao Estado, ela pode ser oprimida pelos machos" pg. 89
Finaliza, afirmando que
"a. O valor da força muscular, do falo, da ferramenta só se poderia definir num mundo de valores: é comandado pelo projeto fundamental do existente transcendendo-se para o ser."
"Se a relação original do homem com seus semelhantes fosse exclusivamente uma relação de amizade, não se explicaria nenhum tipo de escravização: esse fenômeno é consequência do imperialismo da consciência humana que procura realizar objetivamente sua soberania. [...]
É verdade que a divisão do trabalho por sexo e a opressão que dela resulta evocam, em certos pontos, a divisão por classes, mas não seria possível confundi-las. Não há na cisão entre as classes nenhuma base biológica." pg. 88
"suprimir a família não é necessariamente libertar a mulher: o exemplo de Esparta e o do regime nazista provam que, embora diretamente ligada ao Estado, ela pode ser oprimida pelos machos" pg. 89
Finaliza, afirmando que
"a. O valor da força muscular, do falo, da ferramenta só se poderia definir num mundo de valores: é comandado pelo projeto fundamental do existente transcendendo-se para o ser."
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