22.1.16

Um engodo assim

antes eu tinha antes na hora que você chamasse eu ia foi logo no primeiro mês dai você ia se esquivando um jeito sei lá parecia que tanto fez tanto faz dai tinha umas conversas estranhas e passa um mês sem aparecer eu não gosto disso não tenho paciência e você falou que não tinha muito a oferecer mais do que aquilo dai eu fiquei ok e fui me saindo e fui ficando pro meu lado pro meu canto dai não sei o que houve você foi se chegando mais e mas eu já tinha querido tanto e quando já tinha me recomposto toda que você vem e agora você chamou não bateu logo uma vontade de ir igual a

2019 

20.1.16

Intro - The Xx

andar sob a chuva, atravessar avenida entre os dois sentidos contrários
dois caminhos contrários
deixar a água correr no rosto
i'm not crying, it's just raining
um órgão pulsante 
meus batimentos
ver me lho
minha falta de ar
meus olhos em poços negros
não aceite, não é para você
you can't handle it
tua saudade se desfaz na ponta do teu cigarro 
mas o cheiro nas mãos fica
você aperta meus quadris sorrateiramente
eu saio da sua casa as 10 da manhã e te imploro 
os arranhões que te mostrei naquele dia é porque passei a madrugada gritando na rua pra que você fosse embora da minha pele


dez2019

Deb Schwedhelm





19.1.16

Will you take me as I am?

Eu não tenho necessidade de ser sempre esperta
I play the fool
I do

O que acho que é viver
é estar
presente
inteira
be be let me be
desfaz o nó dessas amarras, derruba todas as peças do tabuleiro
vira a mesa
entrega as cartas
quantas casas a mais você quiser

dou passos largos - andar de pequena
eu quero ir mais longe
contigo mais perto

eu entreguei o jogo
e não tenho necessidade de ser sempre esperta

Talvez eu caia no penhasco de novo
Talvez eu me afogue mais uma vez
Talvez eu fique pendurada por um corda por um mês

eu vou bater no mesmo carro novamente
é assim que faço 

somos acidentes esperando acontecer
e me curo

Porque não tem graça entrar no mar sem a expectativa de um mergulho profundo
mesmo que na realidade a gente caia e seja arrastada de volta à terra firme
e olha pro seu amigo e diz "eu vou de novo" e ele diz "vai" 
e a gente ri

pessoas mergulháveis profundamente mergulháveis
eu desejo a queda livre das emoções

porque meu coração-aquário não cabe só dentro do quarto
ele toma mais espaço







9.1.16

[Impressões] Elizabeth Bishop - O Iceberg Imaginário e Outros Poemas

"Quando você escrever meu epitáfio, não deixe de dizer que fui a pessoa mais solitária que jamais viveu"


Oh, must we dream our dreams 
and have them, too? 
And have we room 
for one more folded sunset, still quite warm?

(Questions of Travel)

Ah, por que insistimos em sonhar os nossos sonhos
e vivê-los também?
E será que ainda temos lugar 
para mais um pôr-do-sol extinto, ainda morno?


A new volcano has erupted,
the papers say, 
[...]
But my poor old island’s still   
un-rediscovered, un-renamable.
None of the books has ever got it right.
Well, I had fifty-two
miserable, small volcanoes I could climb   
with a few slithery strides—
[...]
I’d think that if they were the size   
I thought volcanoes should be, then I had   

become a giant;

(Crusoe in England)

Um vulcão novo entrou em erupção,
segundo os jornais
[...]
Mas a minha ilha, coitada
ainda não foi redescoberta nem rebatizada
Todos os livros erram quando falam nela.

Pois eu tinha cinquenta e dois
vulcõeszinhos vagabundos que eu sabia com uns poucos passos incertos - 
[...]
E eu pensava que se eles fossem do tamanho
de um vulcão convencional
eu seria um gigante;





Esta coletânea lançada pela Companhia das Letras (juntamente com o posfácio) é uma ótimo fonte para quem desejar conhecer Bishop e a tradução de Paulo Henriques Britto é bastante livre. É interessante por um lado ver essa adaptação com maior propriedade, mas por vezes sinto que é desviada a ideia original em inglês. Não tenho profundidade no tema de tradução, mas entendo que traduzir também é adaptar realidades, como Bishop escreveu vários poemas sobre o tempo em que viveu no Brasil, muitos aspectos de sua poética sobre nossa terra fazem mais sentido para nós numa tradução não literal. 

O que mais me interessou foi ver a percepção da poetisa sobre o Brasil. Elizabeth fala da cultura popular (O Ribeirinho/The Riverman), das mazelas sociais (O Ladrão da Babilônia), dos costumes, etc.

Os poemas de Elizabeth Bishop fogem um pouco do que estou acostumada a ler de poemas, em geral amo ler poesia confessional, e não me interesso muito por poemas descritivos. Porém, Bishop me deu uma nova percepção do mundo ao meu redor, principalmente com relação aos elementos naturais. Em Obras Dispersas todos os poemas escolhidos remetem a animais, fenômenos naturais e relatos da vida cotidiana. Me veio a questão: por que eu não observo mais atentamente tudo isso? Sempre me identifiquei mais com uma poesia intimista, que falasse de meus sentimentos, esse contato com Bishop me mostrou o quanto tudo é poético, até mesmo uma Ida a Padaria. 

Tive um choque com o posfácio, pois não sabia nada de sua vida pessoal, que foi bastante sofrida. Algo que também me surpreendeu, pois meu contato com poetas como Pessoa e Plath me acostumaram a pensar que os poetas sempre entregam tudo de suas vidas na sua arte e com Elizabeth isso não é tão claro. Ela poderia ter dito mais abertamente (isso não é uma sugestão) o impacto que foi ver sua mãe internada num hospício, enquanto ela ainda era criança. Ou ter se sentido sem um lar a vida inteira até finalmente encontrar lar e amor em Lota de Macedo Soares e esta se suicidar em seus braços anos depois, ou sobre os seus conhecidos problemas de alcoolismo. No entanto existe uma certa melancolia bem disfarçada, por exemplo em Crusoé Na Inglaterra. Já em um de seus mais conhecidos poemas Uma Arte, hão há disfarce, está tudo exposto, vivo e lúcido.

The art of losing isn’t hard to master;

so many things seem filled with the intent

to be lost that their loss is no disaster.


Lose something every day. Accept the fluster

of lost door keys, the hour badly spent.

The art of losing isn’t hard to master.[...]


I lost my mother’s watch. And look! my last, or

next-to-last, of three loved houses went.

The art of losing isn’t hard to master.[...]


—Even losing you (the joking voice, a gesture

I love) I shan’t have lied. It’s evident

the art of losing’s not too hard to master

though it may look like (Write it!) like disaster.


A arte de perder não é nenhum mistério
tantas coisas contém em si o acidente
de perdê-las, que perder não é nada sério.

Perca um pouco a cada dia. Aceite austero,
a chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
[...]
Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero
lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.
[...]
Mesmo perder você ( a voz, o ar etéreo, que eu amo)
não muda nada. Pois é evidente
que a arte de perder não chega a ser um mistério
por muito que pareça (escreve) muito sério.



8.1.16

Não se pode ser triste em janeiro ou fevereiro

hoje ninguém verá teu coração
folia nos pés
suor saliva 
&
seu
soluço
sibilando em serpentinas
o seu antigo romance passou por você o seu antigo romance
passou por você o seu antigo
romance passou
o seu
antigo romance
passou
passarão outros mais quantos mais tantos mais 
desenhe um gráfico enquanto eles rodam no chão riscando sua dor
fervor na pele
quanto tempo dura o seu interesse?
cinco anos
11 meses
4 dias - depois precisou sair pra pensar um pouco
6 meses
4 meses
1 fim de semana
1 domingo
uma música de carnaval


Helplessness por Silvia Travieso G. 
: 
I put my trust in you and now I’m left hanging on this limbo where I’m alone … Second part of “Wordless emotions”


Desafio Leia Mais Mulheres 2016



Esses são alguns dos escolhidos para o #‎DesafioLendoMaisMulheres2016‬
outros estão só em pdf
as categorias desses são: 

01 - um livro de poesia: O Iceberg Imginário e outros poemas - Elizabeth Bishop (lido)

02 - um livro de literatura infantil: A África meu pequeno Chaka - Marie Sellier

03 - um livro não-ficção (biografia, ensaio ou reportagem): O sol e o peixe - Virginia Woolf

09 - uma autora negra: Vozes Literárias de Escritoras Negras - Ana rita santiago

10 - uma autora contemporânea: é claro que você sabe do que estou falando - miranda july

11 - uma autora conterrânea: Andira - Raquel de Queiroz 


7.1.16

Saldo de Leituras e Filmes de Janeiro

Começando pelos filmes, esse ano inciei um projeto que consiste em assistir pelo menos um filme por semana dirigido por uma mulher. Junto a isso eu tenho um outro cronograma para ver filmes para me ajudar a conhecer o cinema de vários países e estilos diferentes. E esses foram os filmes do mês

Semana 1
Europeu do séc. xx: Beijos de Emergência - França - Philippe Garrel - 1989
Old hollywood, mudo, expressionismo: Merrily we go to hell - Dorothy Arzner - 1932 - EUA
Semana 2
Europeu do séc. XXI: Amour Fou - Alemanha - Jessica Hausner - 2014
Indepedente: Inherent Vice - Paul Thomas Anderson - 2014 - USA
Semana 3
Asiático/oriente médio: Cinco Graças (Mustang), Deniz Gamze Ergüven, 2015, Turquia
Latino americano (brasil incluso): ?
Semana 4
Africano:
Animação: Persepólis, Marjane Satrapi, 2007

Dos livros, li 1 do #DesafioLendoMaisMulheres2016 na categoria "Um livro de poesia",  que foi O Iceberg Imginario e outros poemas, estadunidense Elizabeth Bishop.

Eu criei a meta de ler um livro teórico por mês que foi "A indústria Cultura"

E um livro da minha estante que não li

5.1.16

Happy New Year

eu estou tão cansada de ficar triste e mal por essas coisas, tão cansada, eu só quero me sentir bem, de verdade, eu só quero que pare de aparecer essas pessoas que me querem por dois dias e depois abusam. eu passei 2015 todo me sentindo um copo descartável. eu estou tão cheia de feridas.

Justyna Kopania ~ “Vanishing”, 2015

Resenha: Seja homem (JJ Bola - Editora Dublinense)

Seja Homem é um livro que busca analisar a construção da masculinidade no patriarcado, discutindo como as práticas do que seria “ser um home...