Em Todos os meus humores, Dia Nobre fez eu me reconectar com passagens internas em mim, a poesia se transforma no material utilizado por exploradores da alma.
Ao lê-la, pecorri desertos, alpes, zonas abissais e florestas. Em cada paisagem, ou em cada um de seus humores, reconheci fragmentos meus e me senti abraçada, menos sozinha e mais viva.
Às mulheres, os adjetivos desequilibrada, histérica, raivosa, frígida são constantes ao longo da História e da Literatura. E como historiadora, Dia Nobre conseguiu unir em sua poesia a memória de nossas antepessadas queimadas, julgadas, apedrejadas e levantar uma fogueira não para morrermos, mas para renascermos, com o fogo de nosso sexo.
Em Todos os meus humores não escondemos nossas camadas, ossos, pele, aqui é tudo exposto, goste ou não. E quando Dia afirma que "é anônima", ela diz que é todas nós.
Os poemas também falam muito sobre o amor, o amor a outras mulheres, envoltos em desejo e decepções com intensidade e leveza ao mesmo tempo.
No livro, ela mistura poesia e prosa poética, alguns poemas são mais breves e outros mais longos. Há na maioria deles um tom bem cotidiano e íntimo que não nega a influência de Ana Cristina Cesar e eu amo!
Ao terminar o livro senti que não escrevo, enlouqueço ou leio sozinha, porque "não me importam as pedras / as transcendo na ponta de minha caneta".