Todos os nós é o segundo livro da escritora baiana Maria Luiza Maia. O título, de início, me chamou atenção pela abertura de dualidade em que remete a nós (angústias) internos, as "falas entupidas" como diz Ana Crisitina Cesar, ou "nós" como uma multidão contida em si. E sem chegar a nenhuma conclusão, sinto ambos.
Li a poesia de Maria Luiza como uma conversa infinita no espelho, como se eu ficasse tentando entender o que é meu corpo no mundo.
Aliás, essa investigação do corpo é um tema transversal durante o passeio nessa leitura.
Ao longo do livro há uma sequência de poemas intitulados "Para Clara", que não são seguidos um do outro, em que Maria constrói a imagem marcante de um corpo que tenta se costurar.
Achei essa sequência o ponto alto do livro, principalmente por serem saltados, e me deu a sensação de atravessar vários sentimentos, mas sempre voltar para me perguntar como me costurar quando rasgada. Ao que Maria avisa: "não espere que alguém os emende".
Os poemas, assim, vasculham a estrutura desse corpo rompido, espatifado e também dialogam com o próprio fazer poético com ironia como quando conclui que "os poetas são mentirosos" e rebate possíveis críticas sobre escrever um poema que não tem rimas e palavras difíceis.
Todos nós é uma leitura que me faz enfrentar meus buracos, minha solidão, com poemas que ficam no ar durante um tempo "para que a pele se acostume com os pontos".
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