é silêncio no domingo à noite
juntamos os restos que não jantamos
do que não nos coube no estômago
para guardar na geladeira e almoçar no dia seguinte
juntamos todas as incompletudes semanais
no cansaço que pousa em cada vértebra
de minha coluna torta.
é domingo à noite e faz silêncio
prefiro deixar a casa limpa agora
imagino que acordarei amanhã
como se a casa fosse
um palco
pronto para que eu dance novamente os mesmos passos
ou invente novas coreografias domésticas
ir à cozinha às 7:00 e passar o café
me alongar na sala
depois me encaminhar para a mesa no escritório,
ou talvez antes arrumar a cama.
ou quem sabe hoje mudar aquele móvel de lugar.
é domingo à noite e faz silêncio
a palavra mais simples foi dita
na quietude do inesperado: desculpa
- desculpa também.
prefiro deixar a casa limpa
agora que chorei mágoas secretas enterradas
no quartinho dos fundos do apartamento,
aquele em que guardamos coisas que não vamos usar
desnecessárias, gigantes demais para ficarem à vista
mas apenas
continuam lá.
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