O mundo de Aisha é uma História em Quadrinhos escrita e desenhada por Ugo Bertoti com base nas entrevistas jornalísticas e fotografias de Agnes Montanari. A HQ vai misturar desenhos com as fotografias originais e contar a história de quatro iemitas: Aisha, Nabiha, Sabiha e Ghada abordando a opressão e violência comum a muitas mulheres da região. Reprimidas e sem possibilidade de expressão, cada história revela como cada uma tenta perfurar de alguma forma as paredes sufocantes do machismo no Iêmen.
Se
me perguntassem se eu sabia que existia esse lugar eu diria que não, mas sei
que em todo lugar desse mundo existem mulheres sendo oprimidas, umas mais que
outras, claro. Pela voz das próprias mulheres, tomamos conhecimento de um
assunto muito difícil para nós ocidentais entendermos: o uso do véu, NIQAB.
Toda a sociedade gira em torno do controle da "honra" e dos corpos
das mulheres. Pelo menos nessas quatro histórias, o véu se mostra uma questão
de muito debate entre elas mesmas e um símbolo poderoso, ao ponto que tirar ou
não pode decidir entre a vida ou a morte de uma mulher. Logo no início é dito
"na dúvida, sugere-se às mulheres que decidam por si mesmas, naturalmente,
levando em conta as circunstâncias. O fato é que os homens estão acostumados há
séculos a vê-las cobertas. É claro, portanto, que a mulher tende a adequar seu
comportamento a essa situação. Para poder viver em paz.". Ou seja... uma
escolha ou uma condição?
Sabiha
foi comprada para ser esposa de um homem 12 anos mais velho que ela, esse é um
destino comum de meninas na região, aos 13 anos já estava grávida.
Hamedda
é uma senhora que conseguiu administrar o restaurante mais famoso do lugar,
fala dos preconceitos que encara por ser uma mulher a frente de um negócio.
A
terceira história é de Aisha, que se entrelaça com outras mulheres (Houssen
Ghada, Ouda e Fatin). Temos de novo o mesmo quadro: mulheres que vivem para o
casamento e para obedecer e agradar ao marido. O irmão de Aisha é o homem que
precisa cuidar da honra da casa e sempre briga com a irmã, pois ela está
"dando o que falar" ao não usar o NIQAB. A mãe dela aconselha a usar
"para sua tranquilidade". As amigas de Aisha já trabalham, podem
almejar profissões, estudar fora, mas ainda precisam lidar com as mesmas
questões: casamento, o véu, a honra.
No
mundo de Aisha, liberdade versus tranquilidade parece ser a grande encruzilhada
das mulheres iemitas, a hq consegue ser um documentoso valioso que mostra o
jogo entre aceitar uma tradição ou enfrentar como puder essa opressão em busca
de emancipação, correndo em alguns casos risco de vida é muito mais complicado
do que pensamos. Uma coisa é certa, a revolução das mulheres iemita não se dá
só no âmbito individual, ao unir as quatro histórias a hq coloca que esta luta
é de todas.
Olá, Nádia.
ResponderExcluirEssa HQ parece mesmo maravilhosa, tanto por proporcionar conhecer novas culturas, como pela temática ainda tão necessária nos dias atuais.
Vou procurar para ler também. <3
Até mais,
Samantha Monteiro
Degrau de Letras
Oi Samantha! Espero que goste da leitura. Beijo
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