13.10.15

"a beleza fatal dos abismos / o prazer da queda livre"



-passei horas esperando você ficar online e. quando finalmente seu nome apareceu com a bolinha verde na barra lateral. eu não tive coragem-

Assim termina um dos preciosos breves trechos de Raisa, Breves, mas reverberantes, curtas frases que ficaram rodando na minha mente por horas depois da leitura rápida. Engoli esse livro como se engole um comprimido. Tinha que ser rápido, era necessário, às vezes o gosto amargava, não por ser ruim, mas por ser verdade, e depois os efeitos aliviaram as tensões do meu corpo. Catarse. É uma surpresa tão gostosa e generosa que Raisa nos dá, nesse combo de letras e traços. De desenhos não sei falar, só de sensações. Alguns são feitos sobre notícias de jornais. O cotidiano do mundo lá fora se confunde com o meu, o meu se sobressai? Rostos cansados, expressões delicadas da sensibilidade sutil que só almas sensíveis podem captar. Parece cliché, mas acho que você não viu quando eu chorei ao seu lado enquanto você ofegava... Essa resenha se mistura com tudo que me deu vontade de escrever depois de ler esse livro, então vai assim mesmo. Raisa fala de forma poética, sucinta, delicada e ao mesmo tempo direta sobre os entrelaçamentos das relações na "era virtual/real". Fala dos olhares que se cruzam em uma palestra. Fala do nervosismo estúpido de esperar os seres estarem conectados (conectados com o que? você se conectaria a mim? você está disponível? ou é só o seu status na internet?). sobre os corpos que se falam, mas no silêncio calam o que sentem. sobre despedidas, sobre encontros, sobre infância, sobre cigarros não fumados, sobre desconstruir mundos, sobre sua chegada, sobre sua partida, sobre não te amar mais, sobre já quase ter me apaixonado, sobre ter filhos, sobre não ter. sobre abismo, abismos, abismos. quem pode se jogar?




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