Tradução de: Marina Della Valle, do artigo Sylvia Plath: quatro “poemas-porrada”
OLMO
Para Ruth Fainlight
Conheço o fundo, diz ela. Conheço-o com minha raiz mestra:
É o que temes.
Não o temo: eu estive lá.
É o mar que ouves em mim,
Suas insatisfações?
Ou a voz do nada, era essa tua loucura?
O amor é uma sombra.
Como mentes e choras em seu encalço
Escuta: são seus cascos: disparou, como cavalo.
Toda a noite devo assim galopar
Até fazer de tua cabeça rocha, de teu travesseiro gramado,
Ecoando, ecoando.
Ou devo te trazer o som dos venenos?
Agora é chuva, este grande silêncio
E seu fruto: branco-metálico, como arsênico.
Sofri a atrocidade dos poentes.
Escorchada até a raiz.
Meus fios rubros queimam e eriçam, mão de arame.
Agora me desfaço em pedaços que voam como tacos.
Vento assim violento
Não tolerará nada ao redor: preciso gritar.
A lua, também, é impiedosa: ela me arrastaria
Cruelmente, já que é estéril.
Sua radiância me corrói. Ou quem sabe a peguei.
Deixo que se vá. Deixo que se vá.
Diminuída e chata, como após cirurgia radical.
Como seus pesadelos me possuem e me dotam.
Sou habitada por um grito.
Quando é noite ele se agita
Procurando, com suas garras, por algo para amar.
Tenho pavor dessa coisa escura
Que dorme em mim;
Todo o dia sinto seu retorcer emplumado, sua índole ruim.
Nuvens passam e se dispersam.
São essas as faces do amor, pálidas irremediáveis?
É por tanto que agito meu coração?
Sou incapaz de saber mais.
O que é isto, esta face
Tão criminosa em seu sufocar de galhos? –
Teus ácidos ofídicos silvam.
Petrificam a vontade. São essas falhas lentas, isoladas
Que matam, matam, matam.
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