23.2.21

A arte é desavalorizada, isso a gente já sabe.

Artistas são desvalorizados, e ninguém liga pra arte, isso a gente já sabe, next? Qual a novidade pra quem largou uma vida estável e aceitável socialmente para viver de arte ouvir que ninguém se importa com isso? Que não tem como ter sucesso e dinheiro sendo artista? 

Sinceramente, desse textão, eu já tô cansada. E isso não significa ser alienada ou não encarar a realidade, mas do que encarar, eu vivo. Eu vivo há 8 anos constantemente a realidade de não ter certeza do meu futuro, aquilo que as pessoas chamam de "o certo". 

Há 8 anos eu vivo sabendo que tudo que ganho financeiramente é temporário, que só posso contar com aquele dinheiro por algum tempo, respirar um pouco e voltar a correr novamente. 

Há 8 anos não sei o que é ter férias. Artista tira férias? Deveríamos, pois sou um ser humano e não uma máquina. Não romantizo essa rotina, mas tem sido a realidade.

Qualquer artista, seja qual linguagem for, vai seguir seu sonho com esse medo nas costas e esse medo pesa demais! 

Por isso, hoje, só por hoje eu tiro esse medo e deixo de molho. Porque já bebi demais dele, até me embriagar e dormir chorando fazendo do medo e da frustração travesseiro para sonhos intranquilos. 

Tenho na verdade a imensa sorte de ter mãe e pai que me apoiam, um companheiro que tá comigo em tudo. Pra minha supresa, na live de lançamento do meu livro tinha mais gente da minha família do que amigos. Parentes do interior do estado que eu não falo há bastante, vieram me parabenizar e desejar sucesso com meu livro. 

Sucesso, essa palavra que a humanidade carrega não sei desde quando. Aliás, acho interessante buscar a origem das palavras, quando que "sucesso" foi inventado? Quando surgiu esse sentimento no coração humano? O que ele significava antes que parece ter mudado na atualidade? O que ele significa pra você? 

Uma professora querida sempre cita Ralph Waldo Emerson "saber que ao menos uma vida respirou mais fácil porque você viveu. Isso é ter tido sucesso"

Semana passada eu estava bem infeliz e aprisionada nas artimanhas da ideia de sucesso digital como único lugar de uma realização financeira. 

As coisas foram se desanunviando com simplicidade, quando sentei com meu companheiro para observar o pôr-do-sol, de repente senti sem explicação o medo derretendo pelas minhas costas e só naquela hora ele me deu uma trégua. 

Tô buscando a novidade, porque saber que "arte não é valorizada" isso eu já sei. E vou sentir o gosto do medo muitas e muitas vezes ainda no caminho, mas só porque hoje vou guardar as palavras que escrevi e relê-las quantas vezes for preciso para continuar. 


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