"Ela Disse - os bastidores da reportagem que impulsionou o #metoo" vai relatar todo o processo das jornalistas Jodi e Megan para publicarem uma matéria expondo décadas de assédio sexual e a compra do silêncio das vítimas por meio de acordos de confidencialidade cometidos pelo produtor de cinema Harvey Weinstein.
Ao relatar todo o processo investigativo, o livro levanta diversas questões envolvendo a violência sexual contra mulheres trazendo como plano de fundo a indústria cinematográfica de Hollywood, mas também abrindo espaço para pensarmos na total falta de segurança que ainda há para mulheres nos diversos ambientes de trabalho.
Como um fio de um novelo, a história começa por Harvey e seus acordos de silenciamento, mas desenrola um emaranhado de relatos da real situação do assédio sexual hoje. Engasgadas com a sensação de que nada mudou durante décadas de luta feminista, percebemos o complô entre criminosos sexuais e um sistema judiciário que não entende o que uma vítima de violência sexual passa, com base em leis que não nos protegem.
Também traz reflexões sobre a real eficácia do engajamento virtual e o que pode ser de fato mudado quando há um movimento como o #metoo. Faço algumas críticas ao tom jornalístico meio distanciado e por em nenhum momento usarem a palavra machismo e patriarcado como a real origem de toda essa violência.
O livro acaba deixando a desejar ao não propôr uma crítica que faça os leitores compreenderem que não se trata de um "comportamento predatório" que surge do nada, mas que é amparado pelo machismo e sem a destruição do pensamento patriarcal não estaremos livres nunca e por isso precisamos do feminismo, mas promove um debate sobre o quanto precisamos acreditar numas nas outras e da força dessa união para quebramos essas correntes de silêncio.