15.1.20

Eu sei por que o pássaro canta na gaiola - Maya Angelou



Este livro foi bem comentado, creio, pelo relançamento da TAG, mas minha edição é de 1996, quando a autora ainda era viva. Encontrei por acaso, numa visita a um sebo já depois do lançamento da TAG, clube do qual eu não tinha acesso. Eu gosto de falar como os livros chegam a mim, porque acredito na magia desse encontro. Quando o vi escondido numa estante sobre Teatro e Cinema, eu acreditei que não foi por acaso
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Demorei uns dois meses nessa leitura e de início eu achei que tava meio empacada, já havia lido o Mamãe & eu & Mamãe e tinha fluído mais. A dificuldade se deu porque em um capítulo só Maya entrelaça vários assuntos e memórias diferentes o que às vezes era difícil de acompanhar. Algo que depois fiquei pensando que tem tudo a ver, pois acredito que quando alguém resolve compartilhar suas memórias e deixá-las escritas na eternidade, então tudo se coletiviza, tudo vira memória. E Maya consegue aproximar o leitor com muita poesia. A importância do legado de Maya se dá por não deixar ser apagada a trajetória de uma menina Negra que representa os sonhos, lutas e sofrimentos de muitas outras meninas negras, ao ponto de se tornar leitura obrigatória nas escolas estadunidenses, e tendo sido banido em 1997 sob protestos de pais, por relatar o estupro que Maya sofreu aos 8 anos pelo padrasto. O acontecimento é contato pela visão de Maya quando criança, mostrando toda a confusão e terror que algo assim causou na vida dela, trazendo uma realidade crua e rompendo com tabus sobre o assunto. .
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Leitora voraz desde criança, depois do ocorrido, encontra nas palavras seu refúgio, e aos poucos vai se libertando dos traumas e enfrentando as amarras racistas de um país extremamente segregado. O título faz referência a um poema chamado Sympathy, sobre pássaros que cantam a liberdade "por trás de grades de raiva"
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A vida de Maya e sua relação com seu irmão, sua avó paterna e a mãe é imensamente inspiradora, "Still Rise" é seu poema mais famoso, é sobre isso que se trata esse livro, sobre ainda se levantar.

"Era horrível ser negra e não ter nenhum controle sobre a minha vida. Era brutal ser jovem e já treinada a ficar sentada em silêncio, sem a menor possibilidade de defesa"

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