26.12.17

Van Gogh, o suícida da sociedade (Tradução de Ferreira Gullar) - Antonin Artaud [Dezembro/leitura 35]



Nsse pequeno e poderoso livro, Artaud mergulha na obra e vida de Van Gogh em defesa contra tudo que a sociedade injuriou sobre o pintor. Artaud, também tranficado em manicômios durante a vida e tambem chamado de louco, nos presenteia com a força de sua prosa sensorial. Nos escritos de teatro, Artaud já mencionava sobre o poder da palavra e desejava um teatro que atingisse todos os sentidos da platéia, sua escrita segue esse fluxo atravessando o leitor. Van Gogh não podia ser outra coisa que pintor. Artaud não podia viver de outra coisa senão de teatro, de arte. A paixão de ambos era chamada de loucura. Sinto que a minha também. Por isso me identifico tanto com ambos (longe de chegar no que os dois produziram)

O texto de Artaud é música, é cheiro, é pele. Ao lê-lo tenho vontade de declamá-lo em praça pública, a forma, gosto, som de sua palavra, assim como a pintura de Van Gogh pulsam intensos, vivos, lúcidos, tão lúcidos como a sociedade não pôde aceitar



"esta pedra de mó punitiva que o pobre Van Gogh, o louco, carregou a vida inteira no pescoço. 
O peso de pintar sem saber porquê nem para onde" (ese peso eu sei)

" por isso Van Gogh morreu suicidado, visto que o consenso da consciência geral não pôde mais tolerá-lo"

"um dia a pintura de Van Gogh armada de febre e de boa saúde,
voltará para lançar no ar a poeira de um mundo enjaulado que seu coração já não podia suportar."

"Além disso, ninguém se suicida sozinho.
Ninguém jamais esteve sozinho ao nascer.
Ninguém tampouco esteve sozinho ao morrer"

"o olho de Van Gogh é de um grande gênio [...] este olhar capaz de desnudar a alma, de libertar o coorpo da alma, de pôr a nu o corpo do homem, fora dos subterfúgios do espírito. [...] é um olhar que penetra direto, transpassa este rosto talhado a faca com uma árvore bem podada."

"Mas Van Gogh captou o momento em que a pupila vai vazar no vazio.
onde este olhar lançado contra nós como bomba de um meteoro ganha a cor átona do vazio e do inerte que o preenche"








Nenhum comentário:

Postar um comentário

Resenha: Seja homem (JJ Bola - Editora Dublinense)

Seja Homem é um livro que busca analisar a construção da masculinidade no patriarcado, discutindo como as práticas do que seria “ser um home...