Finalmente uma ~~resenha~~ de Gran Cabaret
Demenzial (vou abreviar como GCD), da Veronica Sitgger. Provocante, perturbador,
esquisito, de "péssimo gosto", "pior leitura da vida",
etc, essas são algumas palavras e frases que vejo relacionadas ao GCD, e acho
que pode ser tudo isso mesmo.
Com certeza
agradar não deve ter sido um dos objetivos de Stigger com esse livro, então não
espere ter seu senso do sublime e belo amaciado, porque não é aqui o
lugar, mas Veronica Stigger com seu estilo non sense ao extremo
causa um rebuliço na literatura do bom senso e do bem.
São 19 narrativas
de formas diversas, umas são contos, há uma peça, alguns são só
frases. Pra mim a autora segue algo que acredito muito sobre como devemos
encarar a literatura hoje: novos conteúdos pedem novas formas.
Não, você não vai
conseguir fazer uma síntese lógica de nenhuma parte do livro. É que uma mulher
se despedaça inteira com o namorado. Uma mulher é engolida pela escada
rolante enquanto o marido acena para ela. Morte banais, mundo banal.
Um casal que mora
no estomago de um amigo. Uma minhoca do quintal que domina uma casa inteira.
Uma família racista e hipócrita num casamento.
As histórias de
Veronica alcançam um nível de imaginação que eu nunca antes tinha visto. Os
leitores desse livro parecem se dividir entre acharem genial ou idiota, pra
mim ele junta as duas coisas, faz o idiota ser "genial".
Veronica não busca
temas grandiosos da literatura, nem profundas questões existenciais da
humanidade, você pode pensar que os contos de GCD são muito rídiculos, mas
talvez você nunca tenha pensado no ridículo como algo importante.
Trazer o ridículo
é uma arte, a palhaçaria está ai, ou vocês acham que ser palhaço é só tentar
fazer os outros rirem?
Faço teatro e
tenho alguns amigos palhaços no meu curso, na minha cidade tem um grupo de
palhaçaria maravilhoso chamado "Grupo as 10 Graças" e sei que eles ralam para caralho. Um dos
espetáculos do grupo se chama "Mais uma grande besteira". Fazendo essa
associação relacionei Gran Cabaret a um circo com uma trupe de palhaços
que invadem os banheiros e quintais,
Assim, esteja
disposto a se olhar ridiculamente também.
É isso, é isso que
Veronica faz, ela traz um espelho, coloca no seu cu e fala, OLHA QUE
RIDICULO. E você responde "é verdade" e vocês duas riem, dai ela
diz "agora deixa eu te contar uma história sobre isso". De
repente vocês duas estão na calda de um dragão que é metade rinoceronte ou
qualquer outra mistura bizarra e voadora que possa levar sua imaginação
para longe, ou para muito baixo, talvez na lama, no esgoto, ou no vaso
sanitário.
Cheiro, ou na
verdade odor.
GCD é um livro que
fede, mas não fedemos todos nós?
Vai dizer que você
nunca enfiou o dedo no cu e cheirou? Literatura também pode ser isso.
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