3.9.17

Gran Cabaret Demenzial - Verônica Stigger [Junho/2017/Leitura 18]



Finalmente uma ~~resenha~~ de Gran Cabaret Demenzial (vou abreviar como GCD), da Veronica Sitgger. Provocante, perturbador, esquisito, de "péssimo gosto", "pior leitura da vida", etc, essas são algumas palavras e frases que vejo relacionadas ao GCD, e acho que pode ser tudo isso mesmo. 
Com certeza agradar não deve ter sido um dos objetivos de Stigger com esse livro, então não espere ter seu senso do  sublime e belo amaciado, porque não é aqui o lugar, mas Veronica Stigger com seu estilo non sense ao extremo causa um rebuliço na literatura do bom senso e do bem.
São 19 narrativas de formas diversas, umas são contos, há uma peça, alguns são só frases. Pra mim a autora segue algo que acredito muito sobre como devemos encarar a literatura hoje: novos conteúdos pedem novas formas. 
Não, você não vai conseguir fazer uma síntese lógica de nenhuma parte do livro. É que uma mulher se despedaça inteira com o namorado. Uma mulher é engolida pela escada rolante enquanto o marido acena para ela. Morte banais, mundo banal. 
Um casal que mora no estomago de um amigo. Uma minhoca do quintal que domina uma casa inteira. Uma família racista e hipócrita num casamento. 
As histórias de Veronica alcançam um nível de imaginação que eu nunca antes tinha visto. Os leitores desse livro parecem se dividir entre acharem genial ou idiota, pra mim ele junta as duas coisas, faz o idiota ser "genial". 
Veronica não busca temas grandiosos da literatura, nem profundas questões existenciais da humanidade, você pode pensar que os contos de GCD são muito rídiculos, mas talvez você nunca tenha pensado no ridículo como algo importante.
Trazer o ridículo é uma arte, a palhaçaria está ai, ou vocês acham que ser palhaço é só tentar fazer os outros rirem?
Faço teatro e tenho alguns amigos palhaços no meu curso, na minha cidade tem um grupo de palhaçaria maravilhoso chamado "Grupo as 10 Graças" e sei que eles ralam para caralho. Um dos espetáculos do grupo se chama "Mais uma grande besteira". Fazendo essa associação relacionei Gran Cabaret a um circo com uma trupe de palhaços que invadem os banheiros e quintais, 
Assim, esteja disposto a se olhar ridiculamente também. 
É isso, é isso que Veronica faz, ela traz um espelho, coloca no seu cu e fala, OLHA QUE RIDICULO. E você responde "é verdade" e vocês duas riem, dai ela diz "agora deixa eu te contar uma história sobre isso". De repente vocês duas estão na calda de um dragão que é metade rinoceronte ou qualquer outra mistura bizarra e voadora que possa levar sua imaginação para longe, ou para muito baixo, talvez na lama, no esgoto, ou no vaso sanitário.
Cheiro, ou na verdade odor. 
GCD é um livro que fede, mas não fedemos todos nós? 
Vai dizer que você nunca enfiou o dedo no cu e cheirou? Literatura também pode ser isso. 


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