"O erotismo é um dos aspectos da vida interior do homem. Nisso nos enganamos porque ele procura constantemente fora um objeto de desejo. Mas este objeto responde à interioridade do desejo." pg. 53
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Paralelamente, eles se impuseram restrições conhecidas como interditos. Essas interdições essencialmente — e certamente — recaíram sobre a atitude para com os mortos. É provável que elas tenham tocado ao mesmo tempo — ou pela mesma época — a atividade sexual. (pg. 54)
O erotismo, eu o disse, é aos meus olhos o desequilíbrio em que o próprio ser se põe conscientemente em questão. Em certo sentido, o ser se perde objetivamente, mas nesse momento o indivíduo identifica-se com o objeto que se perde. Se for preciso, posso dizer que, no erotismo, EU me perco. (pg. 55)
Quanto a mim, eu falo da religião de dentro, como um teólogo fala da teologia. (pg. 56)
Exprimo em meu livro uma experiência sem apelar ao que quer que seja de particular, tendo essencialmente a preocupação de comunicar a experiência interior — isto é, a meus olhos, a experiência religiosa — fora das religiões definidas. (pg. 58)
As imagens eróticas, ou religiosas, suscitam essencialmente em uns os comportamentos do interdito, em ou em outros, comportamentos contrários. Os primeiros são tradicionais. Os segundos são comuns, pelo menos sob a forma de uma pretensa volta à natureza, à qual se opunha o interdito. Mas a transgressão difere da "volta à natureza": ela suspende o interdito sem suprimi-lo. Aí esconde-se o
suporte do erotismo e se encontra, ao mesmo tempo , o suporte das religiões. (pg 59/60)
jeff simpson |
Devemos inicialmente nos dizer de nossos sentimentos que eles tendem a dar uma feição pessoal a nossos pontos de vista. Mas essa dificuldade é geral; é relativamente simples, a meu ver, examinar em que minha experiência interior coincide com a dos outros, e por que meio ela me faz comunicar com eles. (pg. 60)
De duas coisas, uma: ou o interdito age, desde então a experiência não se realiza ou só se realiza casualmente, permanecendo fora do campo da consciência; ou não age: dos dois casos, este é o mais desfavorável. Com freqüência, para a ciência, o interdito não é justificado, é patológico, é feito da neurose. Ele é, então, conhecido de fora: se mesmo nós temos a sua experiência pessoal, na medida em que o imaginamos doentio, nele vemos um mecanismo exterior que penetra em nossa consciência. Esta maneira de ver não suprime a experiência, mas lhe dá um sentido menor. Assim, o interdito e a transgressão, se são descritos, o são como objetos, o são pelo historiador — ou pelo psiquiatra (ou pelo psicanalista). pg. 60
Death & The Maiden by Takato Yamamoto |