Agora eu não quero mais
entregar tudo que sou o que eu tenho é para ser falado, gritado, à beira-mar
vocês não podem me escutar, talvez o mar talvez eu vire uma sereia encantada
intocada
Sereia sendo não quero
cantar todo o meu canto assim ao mar em vão na proa de um barco naufragado sem
cuidado
Sereia sendo não tem
mais sentido não quero mais jogar meu encanto em redes frágeis você não vai
suportar me desfaço desfaleço em toneladas de peixinhos loucos para voltar ao
mar aberto e você não tem força para segurar
Debato-me enlouqueço e
sei que o mundo não permite que eu exploda o mundo não
suporta
Meu ser parece que de
tempos em tempos se permitido atravessa o corpo em fogo de artifício no céu que
brilha mas ninguém o toca porque queima
Eu não quero mais
apresentar esse espetáculo a céu aberto que depois você volta para seu
confortável lar e faz uma lista de pedidos que não me inclui
E eu fico por horas
explodindo e brilhando por dentro mas sua ciência não entende o fenômeno e eu
caio estrela só para seu pedido estúpido
Meu coração não bombeia
só meu sangue meu sangue não contém só glóbulos brancos vermelhos plasma
plaquetas hemácias atravessando minha pele não é só pele que habito não são só
ossos que me sustentam
Eu me expando e nesses
três meses não sei mais quais os limites que me emparedam nasci de novo ainda
com resquícios de uma educação sentimental insólida quebradiça
quase despedaçada
Nasci de novo e quero
nascer mais todo o dia Hoje quem nasce? O que nasce? O que vem que não conheço?
Me expando e há tantas
partes de mim para tatear no escuro até talvez encontrar a maçã
Me expando e não me
espanto talvez se soubesse agora o que ou quem eu sou...
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