Excertos
(poemas)
onze horas
Hoje eu comprei um bloco novo.
Pensei: a você o bloco, a você meu oco.
Ao lápis a mão e os pensamentos em coro
Me sugeriram rimas e sons mortos
Para, coisa. Se oculta, rosto.
Cessa estes ecos porcos,
Esta imundicie coxa, este braço torto
Reabre o tapume verde do poço,
Salta dentro, ao negrume tosco
E se nada resta afoga-se no lodo
Para que sobre o resto do nada, o sono.
........................ (Sussurro.) Euvocê.
quartetos
[...]
Nasci para a vida
de morte vivi
Mas tudo se acaba
Silêncio. Morri.
sem título
[...]
Hoje sou eu que
estou te livrando
da verdade
nada, esta espuma
por afrontamento do destino
insisto na maldade de escrever
mas não sei se a deusa sobe à superfície
ou apenas me castiga com seus uivos.
Da amurada deste barco
quero tanto os seios da sereia.
(prosa)
[...] Pensando em você não é bem o termo. Você na minha pele, me ocorrendo sem querer, lembrança de perfume.
[...] Digamos que um dia você percebesse que o seu único grande amor era uma falácia, um arrepio sem razão. Digamos que você percebesse que 40% de álcool apenas te garatiam a emoção concentrada como sopa Kinorr, arriscando o telefonema internacional [...] que manda que eu me cale, ou diga pouco, ou pelo menos respeite o silêncio.
[...] Porque eu faço viagens movidas a ódio. Mas resumidamente em busca de bliss.
meia noite, 16 de julho
não volto às letras, que doem como uma catástrofe. Não escrevo mais. Não milito mais. Estou no meio da cena, entre quem adoro e quem me adora. Daqui do meio sinto cara afoguetada, mão gelada, ardor dentro do gogó. [...] Não suporto perfurmes. Vasculho com o nariz o terno dele. Ar de Mia Farrow, translúcida. O horror dos perfumes, dos ciúmes e do sapato que era gêmea perfeita do ciúme negro brilhando no gogó. [...] Tão triste quando extermina, doce, insone, meu amor.
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