15.10.12

História do Olho, Georges Bataille



Livro escrito em 1928, fruto de uma espécie de "descarrêgo" psicológico de devassidões de Georges Bataille. Incentivado por seu psicanalista, Bataille começou a escrever 'A história do Olho' na intenção de expurgar os demônios e também os anjos de seu espírito devasso, nos proporcionando um passeio erótico sem igual, inimaginável, literalmente INCRÍVEL e o mais importante (o que eu espero que seja): libertador. Libertino e Libertador, aqui, os dois adjetivos se confundem, andam juntos, entrelaçam-se sem vergonha. Vergonha é na verdade uma palavra inexistente nessa journey. Acontece que Bataille não tinha vergonha de não ter vergonha, a libertinagem é liberada e acontece de forma muito natural e eu fico a pensar se não deveria ser realmente assim.  Pode ocorrer de acharmos que é extremismo em certos momentos da aventura de Simone e seu companheiro sem nome. Mas tudo acontece em nome do pau, da boceta, de santo prazer e nada mais. É um caso delicado, meu caro, mas é isso que uma obra de arte deve "servir" para: fazer pensar, discutir, mudar; mesmo depois de décadas. E certeza que A História do Olho vai ainda dar muito o que pensar mesmo depois de milênios. E pra quem acha que o livro é uma ou é de "putaria" e é só isso que você vai encontrar, engano seu caro Wilson. 


Trechos:

"Para os outros, o universo parece honesto. Parece honesto para as pessoas de bem porque elas têm os olhos castrados. É por isso que temem a obscenidade. [...] Em geral apreciam os "prazeres da carne", na condição de que sejam insossos. 
Mas, desde então, não havia dúvidas: eu não gostava daquilo que se chama "os prazeres da carne", justamente por serem insossos. Gostava de tudo o que era tido por "sujo". Não ficava satisfeito, muito pelo contrário, com devassidão habitual, porque ela só contamina a devassidão e, afinal de contas, deixa intacta uma essência elevada e perfeitamente pura. A devassidão que eu conheço não suja apenas o meu corpo e os meus pensamentos, mas tudo o que em sua presença e, sobretudo, o universo estrelado..."
(Os olhos abertos da morta)

"Cortei a corda, ela estava bem morta. Nós a colocamos em cima do tapete. Simone me viu de pau duro e me bateu uma punheta; deitamos no chão e eu a fodi ao lado do cadáver. Simone era virgem e aquilo nos machucou, mas estávamos contentes justamente por nos machucar" (Os olhos abertos da morta)

"[...] Simone realmente se masturbava, colada contra as grades, o corpo tenso, as coxas afastadas, os dedos remexendo os pentelhos. Consegui tocá-la, minha mão alcançou o buraco entre as nádegas. Nesse momento, ouvi-a claramente pronunciar:
- Padre, ainda não disse o pior.
Seguiu-se um silêncio.
- O pior, padre, é que esto me masturbando enquanto falo com o senhor.
Mais alguns segundo, agora de cochichos. Finalmente, quase em voz alta:
- Se não acredita posso lhe mostrar.
E Simone de levantou, abrindo-se diante do olho da guarita, masturbando-se, em êxtase, com a mão segura e rápida.
- E então, padreco - berrou Simone golpeando violentamente o armário - ,o que é que você está fazendo no seu barraco? Batendo punheta também? [...]"


E vai aqui o link pra baixar outro livro do Bataille (que eu ainda vou ler): O Erotismo

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