"Acho que eu devia ter ficado excitada, como a maioria das outras moças, mas não conseguia reagir. Sentia-me boba e muito vazia, como o olho de um furacão deve se sentir ao mover-se apaticamente em meio ao tumulto ao seu redor."
Imagina que você quer ler um livro há quase dois anos e nunca consegue, porque 1º: era preciso muito dinheiro para comprá-lo; 2º: você só lê livros que aluga em bibliotecas ou que pega emprestado de amigos; 3º e obviamente, se você ainda não leu, é porque as opções citadas anteriormente eram inválidas durante dois anos. Esse é o começo da minha história com Sylvia Plath.
Para dramatizar mais ainda e pra se ter noção do meu jeito, eu li uma reportagem sobre suicídio na 'Super Interessante', a Plath era citada na matéria e claro que eu fiquei louca para lê-la. Sim, eu tenho amor a primeira lida por escritoras depressivas. Por que? "Que horror." [você deve pensar]. Ora, porque eu sou uma escritora depressiva e eu quero alguém que me entenda. [Excetuando o fato de eu não ser bem uma escritora]
Então, nessa semana, exatamente no dia 20 de outubro de 2011, ao ir ao meu passeio semanal pela biblioteca da faculdade, sempre vou lá, quando não quero conversar com ninguém, ou quando quero esquecer problemas. E o que eu encontro no dia 20 de outubro? O LIVRO DA SYLVIA PLATH. Eu falei um 'mothefucker' quase que alto, e sai quase que correndo pra não perder tempo e ir logo pra casa ler .
Ok, eu ainda tenho mais de 700 páginas de 'Dom Quixote'; cem páginas de 'On The Road' e mais de 100 de 'Memórias Póstumas de Brás Cubas' pra terminar de ler. Mas, claro que isso podia esperar.
Quando comecei a ler, a noite, antes de dormir, foi a mesma sensação de 'encontrei meu lugar' quando li meu primeiro livro da Clarice Lispector, da Virginia Woolf e do Fernando Pessoa. Que são definitivamente, meus autores preferidos. Claro que tenho outros, que me deixam super empolgada, como Bukowski, Roberto Piva, Allen Ginsberg e recentemente, Henry Miller e Jack Kerouac. [ah, claro que essa lista vai crescer e claro que ela pode mudar]
Ler 'On The Road' está sendo ótimo, e eu precisaria de outra postagem pra falar disso, mas ler Sylvia Plath é conversar com uma amiga, sabe? Com alguém que sabe o que você sente, quase que exatamente. É essa a magia da literatura, duas pessoas podem ser cúmplices, mesmo com anos de diferença em que uma viveu e a outra, mesmo com séculos de diferença.