Quando falamos de leituras do mês, geralmente consideramos livros completamente concluídos. Porém em Outubro e Novembro eu estava considerando que não tinha lido nada, pensando nesse sentido. No entanto em Outubro me dei conta que os textos que tenho lido na faculdade, no meu grupo de teatro e no grupo de estudos que faço parte são igualmente importantes. Novembro uma semana inteira voltada para um artigo que eu tinha que escrever, além de não ter tido muito tempo livre pois explodi com compromissos, ensaios, grupo de estudo, trabalho novo. Comecei a dar aula e isso também me levou um tempo extra sala, enfim, por isso esse mês foi bem arrastado em outras leituras, então vou falar das leituras de Outubro e da metade de Novembro que me trouxeram muitas reflexões.
Os Fuzis da Senhora Carrar, Bertolt Brecht: é uma peça escrita em 1937, e se passa na Espanha, no período de luta contra o ditador Francisco Franco. Thereza Carrar é uma mulher que perdeu o marido na guerra e depois disso tomou uma posição supostamente de neutralidade, porém com o desenrolar da peça percebemos que de um jeito outro de outro ela toma posições que a tiram desse lugar de neutralidade, mesmo que ela pense que está se eximindo de tomar um "partido"; é uma obra atualíssima para pensarmos essa situação: será que é possível ser neutro numa guerra? Em algum período de conflito político? Não pude deixar de refletir sobre o momento atual do Brasil. Clica no título para baixar o pdf da peça.
A Mãe, Bertolt Brecht: Esta peça foi baseada no romance homônimo de Gorki, porém traz algumas alterações na própria narrativa. Brecht pega a fábula central de Gorki, mas adapta-a para sua estética, chamada de teatro épico, que intencionava passar uma mensagem clara para o público e impulsionar uma discussão dialética. Nesta obra vemos vários elementos do teatro épico de Brecht, como canções e narração dos fatos passados, ao invés de uma estrutura totalmente dramática que só mostra o presente. A Mãe conta história de Pelagea Wlasowa, dona de casa e analfabeta, mãe de um operário que luta por causas trabalhistas e socialistas contra o tzar, por desejar defender o filho, Pelagea se envolve na panfletagem que defende a greve nas fábricas, mas aos poucos entende que esta é também a sua luta, e se envolve por completo do movimento operário participando ativamente. É uma obra pró-comunismo com questões claras quanto a isso, mas conduz essa discussão de maneira muito prática propondo reflexões sobre nossa vida cotidiana como classe trabalhadora.
Repensando Ideologia e Currículo, Michael W. Apple: li esse texto para um seminário da disciplina "Currículos e Práticas Educativas", nele o autor comenta sobre seu livro "Ideologia e Currículo" e entre muitas questões que aborda, uma das principais é que não existe escola neutra. Outro texto que me fez pensar no que estamos vivendo hoje com esse debate sobre "escola sem partido". Ele afirma que todo currículo escolar tem por trás uma ideologia e que até o momento tem sido a ideologia dominante, que conduz os estudantes para não refletirem sobre a sociedade e não desenvolverem senso crítico. Os argumentos do autor são muito melhor elaborado do que estou dizendo aqui, vale a leitura.
A Condição Humana, Hannah Arendt (apenas alguns capítulos): Bom, este não me atrevo a escrever muito, só contextualizar que li no grupo de estudos que participo na faculdade em que debatemos "dramaturgia e política", os escritor de Hannah Arendt vieram para discutirmos filosoficamente como foi desenvolvida a noção de político na sociedade. É um livro que quero ler com mais calma e me aprofundar melhor no futuro.