"... Iria? Suportaria guardar no peito esse reservatório de dejetos, estanque, gelatinoso, esse caminhar nítido para a morte, o vaidoso gesto sempre suspenso em ânsia para te alcançar, Menino-Poroc? Suportaria o estar viva, recortada, um contorno incompreensível repetindo a cada dia passos, palavras, o olho sobre os livros, inúmeras verdade lançadas à palavra, e mentiras imundas exibidas como verdades, e aparências do nada, repetições estéreis, farsas, o dia do homem do meu século? e apesar dessa poeira de pó, de toda cegueira, do aborto dos dias, da não luz dentro da minha matéria, a imensa insuportável funda nostalgia de ter amado o gozo, a terra, a carne de outro, os pêlos, o sal, o barco que me conduzia, umas tardes-amora brevíssimas espirrando sucos pela cara, rosada cara da JUVENTUDE e vivez..."
(HILST, Hilda - A Obscena Senhora D, página 33-34)
Mais uma vez, Juventude, de Bergman
Resumindo esse filme em uma frase eu diria
É o frescor
e o toque de melancolia que trás o fim de uma tarde amena.