2.3.24

Resenha: Seja homem (JJ Bola - Editora Dublinense)

Seja Homem é um livro que busca analisar a construção da masculinidade no patriarcado, discutindo como as práticas do que seria “ser um homem” são responsáveis principalmente pela violência de gênero.


O livro tem o intuito de conscientizar sobre a criação do mito do que é “ser um homem” passando por várias questões como: homofobia, violência sexual, feminicídio, a ideia de que homem não chora e não pode demonstrar sentimentos, etc.


Busca desmascarar essa masculinidade tóxica 

mostrando alternativas para pensarmos em outras masculinidades, incentivando homens a agirem diferente e recusarem esse papel do “macho”, propondo que homens se tornem aliados das mulheres na luta por uma sociedade mais justa, igualitária e não-violenta.


Com uma linguagem pessoal e direta, é interessante que JJ Bola como um homem negro traz para a discussão as questões raciais que vivenciou, mostrando que a masculinidade beneficia e prejudica homens brancos e negros de formas diferentes. 


E por fim, eu gosto da lucidez como o autor trata esse tema que é bem complexo e espinhoso, de forma muito didática. 


Ao final sugere inclusive 10 passos para começar a tirar essa máscara da masculinidade e me deixou até com um gostinho de esperança no final, de pensar que se mais homens lessem esse livro e QUISESSEM mesmo tirar essa pele de “homem” com todas as camadas grudadas na suas peles, o mundo poderia ser melhor para nós.



Voltando...

 Caramba, faz 4 anos que não escrevo nesse blog. E eu sempre falo dele quando digo como comecei a escrever na internet. 


Enfim, deu nostalgia, será que continuo?

29.6.22

O mais inesquecíveis começos de livros que já li

Sabe quando você decide começar uma nova leitura e se depara com aquele primeiro parágrafo que lhe fisga de imediato ou até mesmo somente a primeira frase, assim como os dez minutos iniciais de um filme que não deixam seus olhos saírem da tela ou as primeiras notas de uma canção que já aquecem seu peito ou te fazem mexer os pés no ritmo da batida? Parece então que o mundo se enche de vida e você tem um novo motivo pra viver: terminar, devorar, engolir aquele livro, música, filme. ok, eu sou um pouco romanticamente exagerada com relação ao meu contato com arte. Mas pra mim é bem isso. Então selecionei alguns começos que lembro terem me marcado.





“Mrs. Dalloway disse que ela própria ia comprar as flores. O serviço de Lucy estava já determinado. As portas seriam retiradas dos gonzos; o pessoal da Rumpelmayer vinha a caminho. E que manhã, pensou Clarissa Dalloway — tão fresca, como se feita para as crianças brincarem na praia”.
Mrs. Dalloway - Virginia Woolf


“Quando certa  manhã Gregor Samsa acordou de sonhos intran­quilos, em sua cama meta­morfo­seado num inseto monstruoso."


“Todas as famílias felizes se parecem, cada família infeliz é infeliz à sua maneira."


"Os olhos no teto, a nudez dentro do quarto; róseo, azul ou violáceo, o quarto é inviolável; o quarto é individual, é um mundo, quarto catedral, onde, nos intervalos da angústia, se colhe, de um áspero caule, na palma da mão, a rosa branca do desespero, pois entre os objetos que o quarto consagra estão primeiro os objetos do corpo; eu estava deitado no assoalho do meu quarto, numa velha pensão interiorana, quando meu irmão chegou para me levar de volta; minha mão, pouco antes dinâmica e em dura disciplina, percorria vagarosa a pele molhada do meu corpo."


Lavoura Arcaiaca (Raduan Nassar)


"Hoje, a mãe morreu. Ou talvez ontem, não sei bem. Re­cebi um tele­grama do asilo: 'Sua mãe fa­le­cida: En­terro amanhã. Sen­tidos pê­sames'. Isto não quer dizer nada. Talvez tenha sido ontem.
O Estrangeiro - Albert Camus



"Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor"
Memórias Póstumas de Braz Cubas

2016

Eu estou com tanto medo de entrar no mar

mensagem-bomba

às vezes penso como queria de novo me sentir como na primeira noite em que dormir na sua casa... foi tudo tão... bonito

2016
Desde dezembro o correio nunca me fez tão feliz, recebi presente de amigo secreto, recebi livros de aniversários, recebi cartinha e desenhos, recebi um livro viajante e agora um livro autografado do Thiago Mattos <3

bresson

Qual é o gênero de Bresson? Ele não tem nenhum. Bresson é Bresson. Ele é, em si mesmo, um gênero. Anotnioni, Fellini, Bergman, Kurosawa, Dovjenko, Virgo, Mozoguchi, Buñuel - não são iguais senão a si próprios. O próprio conceito de gênero tem a frieza de um túmulo. Quanto a Chaplin - trata-se de comédia? Não: ele é Chaplin, pura simplesmente, um fenômeno único e irrepetível. [...] Sabemos que a coisa toda é inventada e exagerada, mas, no seu desempenho, a hipérbole torna-se profundamente natural e provável, e, portanto, convincente - além de engraçadíssima. Ele não representa. Ele vive situações idiotas, ele é parte orgânica delas.

Nada poderia ser mais nocivo que o nivelamento por baixo que caracteriza o cinema comercial ou as produções padronizadas da televisão: eles corrompem o público de forma imperdoável, negando-lhe a experiência verdadeira da arte

O artista não pode expressar o ideal ético de seu tempo, a menos que toque todas as suas feridas abertas, a menos que sofra e viva essas feridas na própria carne. [...] Afinal, quase se poderia dizer que a arte é religiosa, no sentido de ser inspirada pelo compromisso com um objetivo mais elevado.


Resenha: Seja homem (JJ Bola - Editora Dublinense)

Seja Homem é um livro que busca analisar a construção da masculinidade no patriarcado, discutindo como as práticas do que seria “ser um home...